sábado, julho 18, 2020

Notas roqueiras: Dead Daisies, Maglore, Anguere...

Dead Daisies (FOTO:DIVULGAÇÃO)

- A banda Dead Daisies, que reúne músicos australianos, ingleses e americanos, lançou o EP "The Lockdown Sessions"ava, onde os integrantes gravaram suas partes separadamente, como as lives que ocorrem atualmente. O carro-chefe é uma versão voz e violão de "30 Days In The Hole". O lançamento será pela Steamhammer / SPV e terá outras três músicas, todas acústicas: uma versão para "Fortunate Son", do Creedence Clearwater Revival (cantada pelo baterista Deen Castronovo), "Righteous Days", o primeiro single com Glenn Hughes nos vocais, e "Unspoken". A pandemia de coronavírus adiou a turnê deste ano da banda para 2021, assim como o lançamento do álbum "Holy Ground".

- "Calma" (Lucas Gonçalves/ Teago Oliveira/ Lelo Brandão), uma canção do álbum "Todas as Bandeiras" (Deck/ 2017), do Maglore, acaba de ganhar uma versão acústica e um clipe com os integrantes tocando cada um na sua casa. "Originalmente, a música aborda a calma como contrapeso da impulsividade, do desespero causado pela ansiedade, mas isso também se aplica aos conturbados dias atuais. A calma que eu enxergo nessa música não é a de se manter passivo, mas de estarmos cientes de que a paciência nos traz muito mais benesses - a longo prazo - do que agir com desespero" - comentou Teago Oliveira (violão e vocal). Lelo Brandão (violão), Lucas Gonçalves (baixo e vocal) e Felipe Dieder (bateria) registraram suas participações à distância. "Gravamos pelo celular, recolhemos o registro de áudio/vídeo das câmeras de cada um e o Lucas Gonçalves mixou e masterizou. A edição de vídeo ficou a cargo de Duane Carvalho" - conta Teago. A banda também chamou o trio de metais que os acompanha nos shows; Felipe Nader (Saxofone), Gustavo Souza (Trompete) e Douglas Antunes (Trombone). Veja o clipe em https://www.youtube.com/watch?feature=youtu.be&v=vYAQ9KQweCc&app=desktop

- A banda Anguere lança seu mais novo material, o vídeo de “Zé Pequeno”, faixa que se encontra no EP "Castigo", que foi lançado em fevereiro de 2020. A peça conta com cenas do filme brasileiro “Cidade de Deus", que conta a história de um dos maiores traficantes de uma comunidade. As filmagens individuais de cada integrante foram feitas em casa devido a pandemia de Covid-19 que estamos vivendo. O vídeo foi produzido pela Blood Pyramid. Veja o vídeo em
https://www.youtube.com/watch?v=DBTWx8ygLPs

Notas roqueiras: Navighator, Cuscobayo, SwitchBlack...


Navighator (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- O objetivo da Navighator em seu álbum de estreia, homônimo, é oferecer uma experiência imersiva completa, apresentando faixas com ricas ambientações e composições elaboradas com diversas texturas contando com arranjos orquestrais, piano, sintetizador, guitarras, baixo, bateria e percussão agregados a vocais melódicos. Com composições abordando assuntos inerentes aos sentimentos humanos em nuances diversas, o projeto adota a temática náutica, reverenciando o poder e mistérios do oceano, o que é evidente em algumas canções. "Tratamos de temas incômodos mascarados por uma cortina de metáforas. Boa parte das letras foi escrita com base em histórias reais e/ou vivências pessoais", explicou Marcos Medina.Confira o videoclipe para o single "Ghost Town" em https://youtu.be/Pmb8XGQviaM

- Depois do single de estreia, O Brasil Vai Acabar, a Cuscobayo lança "Desafogo". A nova faixa, que também estará no disco Não É Bem Assim (Natura Musical), traz uma sonoridade que mergulha entre o folk e o reggae, enquanto a letra fala sobre a arte como processo de cura. Um tema bastante relevante em tempos que muitas pessoas têm se entretido com produções artísticas para ajudar a trazer um respiro, enquanto o mundo atravessa a pandemia da Covid-19. Ouça aqui.

- A banda carioca SwitchBack traz à tona o vídeo de "Lutando Pela Vida (Ao Vivo - Pandemia Session)". Com letra composta pelo vocalista Vinny Blanc, a faixa recebeu um vídeo despojado, porém de acordo com a atual realidade de todos, sendo gravado em separado na casa dos músicos.
Segundo Vinny, a decisão de lançar algo no formato veio para mostrar àqueles que os acompanham que a banda está viva e ativa, como também um "esquenta" para o lançamento do clipe oficial da faixa "Lona", a ser lançado no próximo mês. Confira "Lutando Pela Vida (Ao Vivo - Pandemia Session)" clicando no link https://www.youtube.com/watch?v=CDkdXJ4VEfM

'Blow By Blow', a maravilhosa guinada na carreira de Jeff Beck, completa 45 anos

Marcelo Moreira



Educado, respeitoso, gentil e imprevisível. Rod Stewart se diverte com a descrição do amigo Jeff Beck, parceiro musical há quase 55 anos, desde os enfumaçados pubs da periferia de Londres. São tão amigos que as brigas sempre terminam em cerveja.

Imprevisível é a palavra que pode qualificá-lo com exatidão, além de "gênio" e "inovador" - o maior guitarrista de todos os tempos, já que Jimi Hendrix, para muitos, não era desse planeta.

Talvez a maior prova de imprevisibilidade de Beck seja o álbum "Blow By Blow", lançado há 45 anos e tido pela maioria dos fãs como o seu melhor disco.

Como pode ser o melhor disco de um dos maiores nomes do rock ser um álbum de... jazz? Pois é, o mestre das seis cordas trocou um passado roqueiro e bem lucrativo pelo arriscado mundo do jazz rock e por caminho antes só trilhados por músicos de altíssimo calibre, como John McLaughlin e Allan Holdsworth - na realidade, os dois nunca foram de fato instrumentistas de rock.

Beck não pensou duas vezes em mudar tudo em meados de 1974. Quando queria mudar mas não reunia coragem para comunicar isso aos então parceiros, ele simplesmente sumia, aproveitando a fama de retraído, recluso e reservado.

Era então a sua fase mais pesada, investindo no hard rock vigoroso no trio Beck, Bogert and Appice. Carmine Appice (bateria) e Tim Bogert (baixo e vocais) formaram a cozinha do Cactus e do Vanilla Fudge.

Ambos foram surpreendidos um ano meio antes quando Beck acabou com sua banda de rock/funk rock para propor a formação de um trio de rock pesado. Seus então ex-companheiros souberam de seus planos pela imprensa.

Seguindo a tradição, ambos também souberam de que o guitarrista inglês tinha aderido ao jazz e iniciado sua carreira solo pelas revistas britânicas. Não gostaram nem um pouco, pois estavam estúdio gravando o segundo álbum do trio.

Beck sumiu no final do primeiro semestre de 1974 e só reapareceu no ano seguinte, com "Blow By Blow" debaixo do braço e mostrando uma técnica ainda mais invejável ao lado de um time de instrumentistas maravilhosos.

Com a segunda encarnação do Jeff Beck Group ela já tinha dado os primeiros passos com a gravação da fenomenal "Definitely Maybe", de sua autoria, lançada em 1972, um tema instrumental e sua autoria que transborda sentimento, melancolia e paixão.

O rock pesado logo cansou  sua guitarra e ele começou a observar o que tinha em volta e mergulhou no jazz do baterista Billy Cobham, do guitarrista John McLaughlin e sua Mahavishnu Orchestra e também na alegria contagiante dos discos de Stevie Wonder e Carlos Santana.
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"Blow By Blow" foi uma espécie de libertação para Beck. Angustiado com o que considerou  limitação dentro da estrutura rock de canções, viu seu mundo se expandir na exploração de novas sonoridades e embarcar na composição de novas estruturas musicais.

Para a empreitada considerada por ele como monumental, foi necessário o recrutamento de George Martin, o produtor dos Beatles. Da segunda encarnação do Jeff Beck Group ele resgatou o amigo e fenomenal tecladista Max Middleton. Como participação especial, Stevie Wonder tocou clavinete. Completaram o time o baixista Phil Chen e o baterista Richard Bailey.

Das nove músicas, duas era de Wonder, a estupenda "'Cause We've Ended As Lovers", que virou um clássico da música mundial na guitarra de Beck, e "Thelonius", outra peça maravilhosa.

O brilho continua no resgate de uma preciosidade dos Beatles, "She's A Woman", tranformada em uma outra canção, mais poderosa e eloquente, assim como Joe Cocker fez com "With a Little GHelp From My Friends", também de John Lennon e Paul McCartney.

Do mesmo nível é a releitura de "Diamond and Dust", clássico do rhythm and blues composto por Bernie Holland, que exala pureza e suavidade na guitarra de Beck e nos arranjos de cordas magníficos de Martin.

O antigo lado A do LP conta com quatro composições de Beck, sendo que duas viraram clássicos instantâneos - a vigorosa e energética "You Know What I Mean" e a extraordinária e surpreendentemente pesada "Scatterbrain".

Com a inauguração de uma nova fase com um álbum desse calibre, Jeff Beck passaria os próximos seis anos neste ambiente de excelência musical, que incluiu uma sequência igualmente arrasadora, em disco com "Wired", de 1976, e uma prolífica parceria com o tecladista Jan Hammer, que mais tarde se notabilizaria como compositor de trilhas sonoras para cinema e seriados de TV.

O ponto final viria com outra obra-prima, "There and Beck", de19809, recheados de hits que até hoje são executados por ele em seus shows. Curiosamente, o guitarrista relega as músicas de "Blow By Blow" para o findo da gaveta, executando-as muito raramente após a década de 80.

"Blow By Blow" é o ponto de uma carreira repleta de pontos altos. Pouquíssimos guitarristas de rock que se aventuraram na praia do jazz rock foram bem-sucedidos, pois a base de comparação é muito alta. É um álbum necessário para estar entre os dez mais para levar a uma ilha deserta.




sexta-feira, julho 17, 2020

Napalm Death anuncia capa, lista de faixas e data de lançamento de novo álbum

Do site Roque Reverso



O Napalm Death anunciou nesta quarta-feira, 8 de julho, detalhes de seu novo álbum, que chegará aos fãs neste segundo semestre de 2020. A banda britânica de grindcore liberou a capa, a lista de faixas e confirmou a data de lançamento do disco.

“Throes of Joy in the Jaws of Defeatism” é o nome do álbum, cuja capa acompanha este texto. A arte, de Frode Sylthe, traz uma pomba branca, símbolo clássico da paz, toda ensanguentada e com o pescoço apertado por uma mão com luvas cirúrgicas.

O disco terá 12 faixas e será lançado oficialmente no dia 18 de setembro via Century Media Records.

“Throes of Joy in the Jaws of Defeatism” sucederá o álbum “Apex Predator – Easy Meat”,
que foi lançado em 2015. Será o 16º disco do Napalm Death.

Segundo o vocalista do Napalm Death, Barney Greenway, o disco capta um cenário bastante atual do planeta. “A frase que grudei na minha mente quando comecei a pensar sobre a direção lírica desse álbum foi ‘o outro'”, escreveu ele no comunicado da banda sobre o novo trabalho.

E acrescentou: “Você podia reconhecer na época que havia um medo e uma paranoia crescendo rapidamente em todo mundo, desde migrantes até pessoas com a sexualidade fluida e isso estava começando a se manifestar em reações muito antagônicas que você poderia sentir que estavam à beira da violência. Nem todo mundo recorre a tais reações, é claro, mas até a mais básica falta de compreensão pode se tornar tóxica com o tempo. Eu não estou dizendo que isso é um fenômeno inteiramente novo, mas tem sido alimentado na história recente por algumas pessoas com uma mentalidade particularmente ofensiva em círculos mais políticos e, como sempre, eu acreditei que seria o antídoto natural promover a humanidade básica e a solidariedade com todos.”

Especificamente sobre a capa, Greenway afirmou que a pomba foi atacada com muita violência por uma “mão esterilizante” e parece particularmente quebrada e ensanguentada. “No entanto, através da violência, você pode ver um símbolo de igualdade no sangue no peito da pomba, o que talvez demonstre – pelo menos visualmente – que a igualdade encontra um modo no final. Um positivo em meio a muitos pontos negativos, então, como o próprio título do álbum sendo um pouco paradoxo – a celebração da humanidade, mesmo nas mandíbulas mutiladoras da negatividade”, salientou.

O álbum novo tem produção de Russ Russell e entrará em período de pré-venda no dia 24 de julho, quando será lançado o primeiro single do disco.

'Open Source', novo álbum de Kiko Loureiro, reconforta a alma

Marcelo Moreira

Uma trilha sonora para suportar a pandemia de convid-19. Para uns pode soar como uma frase reducionista. Para outros, como um elogio diante de um dos mais pavorosos momentos enfrentados pelo mundo.

É claro que o álbum instrumental "Open Source" é bem mais do que isso, mas não deixa de ser reconfortante para o autor, o guitarrista brasileiro Kiko Loureiro.

"Ando escutando e lendo comentários de que minha música está ajudando muita gente a encarar distanciamento social e que seus dias têm ficando menos penosos. É bom ouvir que meu trabalho melhora o dia a dia das pessoas", diz o músico.

Dividido entre Los Angeles, na Califórnia, e a Finlândia, terra de sua mulher, Loureiro está divulgando o seu mais recente trabalho solo depois de muitos anos, e o primeiro desde que se tornou guitarrista do Megadeth, gigante do metal mundial.

Na conversa com o Combate Rock, mostrou-se empolgado com a nova fase e orgulhoso pelos resultados obtidos dentro do estúdio. "É um um álbum mais melódico, ainda que soe pesado em alguns momentos. Talvez eu tenha freado um pouco o virtuosismo, mas a diversidade musical está lá, é uma característica minha. Gosto dessa coisa world music, de incorporar elementos distintos."

Essa característica está lá, com certeza, mas "Open Source" é um trabalho mais coeso do que os anteriores. Tem uma pegada jazzística evidente, com uma valorização enorme da melodia. Em alguns momentos, há menos notas e mais feeling, com destaque para músicas como "Overflow" e "Imminent Threat".



A veia mais pesada, com uma guitarra base mais densa e forte, com afinação baixa, aparece em "Vital Signs" e "In Motion", evidenciando o que ele mesmo chama de "influência de Los Angeles".

"Reconheço que possa haver alguma coisa de Megadeth em algum momento, mas é certo também que tenho escutado muita música diferente, instrumental, em meus períodos na Califórnia, além de estar experimentando outros tipos de guitarra, como modelos de oito cordas produzidos pela marca Ibañez", explica o guitarrista.

Recuperando as influências e de world music, o disco traz "Sertão", uma delicada composição com presença de violões e uma guitarra mais solta, digamos assim.

"Imminent Threat"é uma das principais faixas do disco e traz como convidado especial Marty Friedman, ex-guitarrista do próprio Megadeth e morando há mais de 20 anos no Japão.

Loureiro derrama elogios ao colega: "Seu trabalho com a banda foi muito importante, mas também prestei muita atenção aos seus trabalhos solos. Muitas vezes tentaram nos colocar como concorrentes e rivais, o que foge do meu pensamento como músico. Sua participação acrescentou, e muito, dentro do conjunto do novo CD."

Já em "Liquid Times" o convidado é o guitarrista Mateus Asato, um ás do instrumento que vive há alguns anos nos Estados Unidos. Sua presença relembra os tempos de Kiko como um dos mestres do virtuosismo do rock mundial. Participam do trabalho ainda a cozinha do Angra, os ex-companheiros Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria), além de Maria Ilmoniemi, mulher de Kiko, nos teclados.

"Open Source" tem um conceito que norteia o disco, "código aberto", em tradução livre, expressão que é usada para definir softwares onde a fonte original é disponibilizada de forma gratuita, podendo ser redistribuído e modificado.

Loureiro resgata o tema da universalidade e da função da música como entretenimento, mas fundamentalmente como arte, algo que é indissociável do ser humano.

"As composições fluíram de forma orgânica e acho que imprimi muita coisa de minha filosofia de vida e muito de minha alma musical. Como comentamos no começo da conversa, tem um jeitão de jazz, com mais feeling, embora seja um disco de rock bem definido. É uma obra simples, mas revigorante diante dos tempos complicados em que estamos", conclui o guitarrista brasileiro.

Parte de "Open Source" foi realizado por meio de financiamento coletivo (crowdfunding), que envolveu venda de tablaturas por US$ 50 (cerca de R$ 250), além de outras ofertas, que incluem a liberação gratuita de material em pistas de gravação separadas para que outros músicos façam suas versões em cima do instrumental.

Bem diferente das obras instrumentais que temos escutado ultimamente, "Open Source" reforça o que percebemos desde que Loureiro se tornou músico do Megadeth: fazia tempo que ele já estava em outro patamar no rock mundial e que precisava apenas reafirmar isso em um trabalho solo, o que fez de forma admirável em seu mais recente trabalho.

Escute o álbum na íntegra:

Notas roqueiras: Vitreaux, Facing Dear, Treze Black

- Entre julho e agosto de 2018, a Vitreaux entrou em estúdio e fez a gravação final do disco "Na Espera da Fila", que foi lançado em julho deste ano. As sessões aconteceram no Toca do Tatu, em São Paulo, com a produção musical de Caio Alarcon. A banda com guitarra, contrabaixo e bateria gravou tudo ao vivo. Não há elementos eletrônicos no som, que depois foi acrescido apenas das sessões de arranjos de cordas e metais. A mixagem e a masterização são de Pedro Serapicos. Diferente da referência sessentista dos dois primeiros trabalhos, o EP “Dois x Dois” (2014) e o álbum “Pra Gente Poder Passear” (2016), a Vitreaux chega em 2020 com outra sonoridade. Na Espera da Fila ressoa no rock argentino do Almendra, mas também se inspira nos sopros do grupo canadense The Band. Ambas foram bandas formadas em 1967.
- O Facing Fear anuncia o desligamento de Nathalia Souza, baixista fundadora da banda idealizada pelo guitarrista Raphael Dantas e baterista Vall Maranhão e que se completa com o vocalista Terry Painkiller e guitarrista John Killesh. A nota que foi publicada no Facebook do grupo diz assim: "Devido ao envolvimento de projetos futuros que necessitaria de sua grande disponibilidade, viemos informar o desligamento da nossa querida baixista Nathalia Souza do Facing Fear. Gostaríamos de agradecer por tudo que Nathalia fez na banda durante esses 4 anos. Foram muitas histórias, viagens e perrengues que passamos juntos, sempre unidos. Gostaríamos de esclarecer que não há absolutamente nenhum tipo de problema entre nós, o desligamento do trabalho foi extremamente amigável e a amizade segue mais intacta do que nunca. A nossa amiga Nathalia Souza será sempre de suma importância na história do Facing Fear! Muito obrigado Nathalia!!"
- A banda gaúcha Treze Black, de Caçapava do Sul, acaba de disponibilizar um vídeo para a música “Homicídio Solar”, gravada em formato “live session” durante a quarentena. O vídeo, gravado antes da obrigatoriedade do uso de máscaras, foi registrado no Caverão Labs, de propriedade do próprio guitarrista Gabriel Leão, o que também deu mais liberdade para Diandro Soares (vocal) Gabriel Leão (guitarra) Rodrigo Fursten (baixo) e Felipe Krauser (bateria). Assista ao vídeo de “Homicídio Solar”: https://www.youtube.com/watch?v=9rxHcClTNoE

Notas roqueiras: Orquestra Ouro Preto, Justabeli, Núcleo Brutal...

- A Orquestra Ouro Preto mantém os lançamentos previstos em comemoração aos 20 anos do grupo e leva para as plataformas digitais, no próximo dia 10 de julho, seu mais novo disco: "Orquestra Ouro Preto The Beatles - Vol. 2". Sob a regência do maestro Rodrigo Toffolo e arranjos de Mateus Freire, o disco propõe um diálogo entre os universos da música erudita e popular, e pretende repetir o sucesso do concerto "The Beatles", lançado em 2010, que circulou por várias cidades brasileiras e incluiu participação numa edição da Internacional Beatle Week, na Inglaterra. O segundo tributo à música do Quarteto de Liverpool traz no repertório arranjos inéditos de canções de sucesso no mundo todo como "Can't Buy Me Love", "I Want to Hold Your Hand", "Twist and Shout", "Here Comes the Sun", "The Long and Winding Road", While My Guitar Gently Weeps", dentre outras.
- A música “A Face da Morte” é uma das únicas de toda a carreira do Justabeli que foi composta, gravada e interpretada em língua portuguesa. Lançada no disco "Cause The War Never Ends...", o registro é também uma das mais rápidas e viscerais composições do grupo paulista de death/black Metal. Escute em https://www.youtube.com/watch?v=lmof4o9nct0
- O Núcleo Brutal lançou o EP "O Tempo Não Vai te Ajudar", que pode ser conferido em todas as plataformas digitais. O lançamento oficial do EP foi feito dia 15 de junho. Usuários de Spotify (link abaixo), Deezer, Apple Music, Tidal, Amazon Music e várias outras, pode conferir na íntegra as quatro músicas. Escute em https://open.spotify.com/album/1ru3BTWXkh6RN0Wx5R7GlQ?si=2ra0Yc9UQzuC8GCtW6SKxg

Notas roqueiras: Chaos Synopsys, Mitsein, Mad Chicken...

- Em meio aos últimos acontecimentos, a banda Chaos Synopsys usou a ociosidade da quarentena para criar e gravar a música “Coronavírus”. O novo som será um single, composto por Friggi Mad Beats e Jairo Vaz, que favorecidos pelo entrosamento concluíram em menos de 20 minutos. Para evitar qualquer risco externo de contágio, gravaram a música isoladamente de forma remota. A nova música foi gravada e mixada no Oversonic Studio (São José dos Campos-SP) e masterizado novamente no Absolut Master (São Paulo-SP). A produção foi assinada por Friggi Mad Beats. No momento, os guitarristas Luiz Ferrari e Diego Santos estão em quadro de observação, pois existe a suspeita de Coronavirus (covid-19). Então a missão e responsabilidade ficou com o baterista Friggi, que gravou obviamente a bateria, além das bases de guitarra e baixo. O solo foi direcionado para participação especial de Sebastian Phillips, mais conhecido com a banda americana Exhumed. Confira: https://youtu.be/X8B__e9APKY
- A banda Mitsein trocou de baixista. Sai André Oliveira, que vai se dedicar a estudos acadêmicos, e entra Alberto Barbosa. Alberto iniciou sua jornada no baixo em 1988, tendo passado por várias bandas e feito inúmeros shows em sua vasta carreira.
- A banda de stoner grunge Mad Chicken, de Arcos (Minas Gerais), lança pela Abraxas Records o segundo disco, Homemade Demo Tape, Vol. II. São 11 faixas, entre inéditas, versões alternativas de músicas de registros passados e um cover. Ouça nas principais plataformas de streaming: https://album.link/4bmvFHpBsPfmn. Homemade Demo Tape – Vol. II apresenta as novas 'Medíocre' e 'Awake', que deixam explícito a verve noventista da Mad Chicken, com muitos riffs, melodias e sujeira nos timbres, tudo em doses exatas. A banda, formada por Filipe Xavier (vocal), André Salviano (baixo), Daniel Santos (guitarra), Michel Custódio (guitarra) e Pedro Paim (bateria), também regravou oito faixas dos dois primeiros trabalhos, ‘Limestoner (2017)’ e ‘Homemade Demo Tape (2016)’. O cover de 'Silver Water', da River Act (Iguatama-MG), completa o disco. O álbum foi produzido pela Mad Chicken e gravado em home estúdio durante a pandemia, entre março e junho de 2020. A arte da capa foi produzida por Gustavo Henrique Gonçalves (Gatilho Mental).

quinta-feira, julho 16, 2020

Programa Combate Rock destaca Ennio Morricone, Rolling Stones e o Dia do Rock


O programa desta semana começa prestando tributo a um dos grande nomes da música do século passado: Ennio Morricone (foto), autor de trilhas sonoras incríveis, com uma enorme lista de grandes composições e que morreu na semana passada. Ainda falando sobre quem partiu para o além, lembramos de Cazuza, cuja morte aconteceu há 30 anos.
Também destacamos o lançamento de mais um pacote de álbuns remasterizados dos Rolling Stones e terminamos falando sobre o Dia “Mundial” do Rock, comemorado somente no Brasil e o Live Aid 1985, concerto beneficente que motivou a criação da data.
Clique no player e divirta-se!

Notas roqueiras: Edú Marron, Daniel Siebert, Conflito...

Edú Marron é um guitarrista paulistano engajado em diversas atividades sociais e de valorização dos direitos humanos, para não dizer que é um respeitado skatista. Com ao menos dois CDs de excelente qualidade, o músico está lançando o single "Dark Side of Humanity" repleto de referências que fazem parte de sua carreira. A guitarra grooveada e insana conduz as melodias de funk setentista em cima de uma cama forte e criativa de teclados. é forte o cheiro de blaxploitation, bem, característico dos anos 70 do século passado. Blaxploitation ou Blacksploitation foi um movimento cinematográfico norte-americano que surgiu no início da década de 1970. Os filmes blaxploitation eram protagonizados e realizados por atores e diretores negros e tinham como público-alvo, principalmente, os negros norte-americanos. O trabalho de Edú Marron é fortemente marcado pelo som de Jimi Hendrix, Eric Gales e Gary Clark Jr, todos guitarristas negros e fantásticos. Escute a sua nova música em https://www.youtube.com/watch?v=NsYbwx_L6CI

- Quem também está com trabalho novo é o vocalista e líder da banda Catarinense Machado de Einstein, Daniel Siebert, que acaba de disponibilizar mais uma faixa inédita. "Since 1977" é o terceiro single do EP "Sanity", que já está nas plataformas digitais. Veterano da cena de Santa Catarina, o músico toca guitarra e canta, procurando timbres modernos e diferentes dentro do rock nacional. Entre suas influências estão Ramones, Perl Jam, Sepultura, Raimundos e outros. Escute o novo single clicando aqui.

- Após o lançamento de "Crime e Castigo", em maio, a banda Conflito vem com outra novidade. O novo single, "Portas Fechadas", mostra que fluxo de materiais produzidos pela banda continua firme e sugere uma imersão ainda maior em temas e melodias mais densas. Inspirados por uma série de fenômenos cotidianos, os músicos voltam a jogar luz em aspectos sombrios das relações humanas e o impacto negativo que declarações, tomadas de decisão e a criação de expectativas podem gerar em cada um. Ainda que o cenário esteja bem posicionado ao decorrer da faixa, a banda faz questão de deixar suas abordagens líricas "em aberto", permitindo que a pessoa consiga se inserir e se identificar com a história.

Notas roqueiras: Inanimalia, Azzarok, Jukebox From Hell, Gravekeepers...

- O Inanimalia apresenta a capa do novo registro de estúdio, o aguardado “Intrínseco”, que está totalmente finalizado. A ideia inicial da banda é apresentar cada uma das músicas em fases distintas. As músicas serão trabalhadas em vídeos oficiais e lançamentos nas plataformas digitais. A primeira faixa, "Butterfly", já pode ser conferida em clipe oficial e no streaming. Assista ao clipe de "Butterfly": https://www.youtube.com/watch?v=Tmwb1p-VfbE Tracklist: 01 – I’m The Lion 02 – Eye of Isis 03 – Butterfly 04 – Umbral 05 – Homo Divinus

- Após o lançamento físico e digital do disco "Life Countdown", a banda Azzarok inicia oficialmente a distribuição das faixas do registro para seus fãs e seguidores no YouTube. O início deste processo se dá com a liberação da faixa de abertura, "Genesis", compilada com Voices From Beyond. Usuários do YouTube, já podem escutar ambas as faixas na íntegra e unificadas. Confira: https://youtu.be/NpMgxcwLH7c

- Com o processo de gravação de seu novo álbum de estúdio, intitulado “A Saga do Terceiro Irmão”, quase encerrada, o Jukebox From Hell não para e disponibilizou em seu canal oficial no YouTube para audição na íntegra, a faixa “Bonança”, presente no álbum “Eu, Deus e o Rock and Roll”. Você pode ouvir a música no seguinte link: https://youtu.be/vM2uMud2YLo

- Na próxima sexta-feira, dia 17 de julho, a partir das 21h, as bandas Azzarok, Jukebox From Hell e Gravekeepers irão participar da 2ª edição do Stay Home Festival, organizado pelo portal Metal com Batata. O festival será transmitido pelo canal oficial do Metal com Batata no Youtube (www.youtube.com/c/METALCOMBATATA), com transmissão simultânea da Radio Baixada Santista.

Rebeldia e inquietação estão no passado: o conservadorismo avança no rock

Marcelo Moreira

Reprodução da capa da edição brasileira do livro "Liberdade de Expressão: Dez Princípios para Um Mundo Interligado", de Timothy Garton Ash

O filme "Whiplash", pelo qual o ator J. K. Simmons ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante, é bem didático a respeito do mundo insano da música de alta performance e, inversamente, o pouco público que acorre aos eventos de jazz, notadamente gente mais velha, supostamente intelectualizada, mas conservadora até a medula.

O maestro e professor perverso e sádico da escola superior de jazz, o papel de Simmons, parece saído diretamente de um livro do historiador marxista Eric Hobsbawn (1917-2012), que escreveu o magnífico "A História Social do Jazz".

Em "Tempos Fraturados", uma de suas últimas obras, Hobsbawn faz uma série de análises sobre a cultura no século XX, debruçando-se mais sobre arquitetura, cinema e literatura, mas faz cáusticas observações sobre a situação do jazz e da música erudita: manifestações empacadas no passado, com público pequeno e diminuindo a cada ano e celebrando dia após dia a obra de gente em sua maioria morta ou aposentada, sem sopro de inovação e criatividade.

O maestro de "Whiplash", levando a sua orquestra jovem novaiorquina com mão de ferro, tira o sangue, literalmente, de seus alunos-músicos com a busca da perfeição em peças como "Caravan", composta por Duke Ellington, Juan Tizol e Irving Mills.

Com o desaparecimento do rock das listas atuais de "maiores sucesso", dominadas por rap e rhythm and blues moderno nos Estados Unidos e pelo sertanejo no Brasil, muita gente associou esse "futuro para o gênero ao discutir a data, 13 de julho, o Dia Internacional do Rock, só comemorado aqui no Brasil.

Pois bem, o futuro chegou e o rock se tornou um gênero musical de nicho no Brasil, assim como o blues e o próprio jazz.

Com a perda de  e o avanço da idade de parcela expressiva de seu público, o classic rock ganhou uma relevância que nunca teve, especialmente no Brasil. Logo será uma música apreciada por gente mais velha que prefere ouvir obras de gente morta há muito, muito tempo...

Com a falta de renovação de seu público, que sumiu, fica a pergunta: será que essa é a razão pelo avanço do conservadorismo político e nos costumes entre os apreciadores que ainda insistem em ouvir rock, mesmo entre o mais novos?

É uma tese instigante, embora não haja uma pesquisa séria e abrangente sobre o assunto. O número alto de bandas que surgem desde sempre, em um movimento inversamente proporcional ao surgimento de um público novo e mais jovem, escancara a contradição, em nossas terras, da falta de apelo do gênero musical atualmente.

Em algum lugar do passado

No pop rock, as referências continuam sendo artistas que estão beirando os 40 anos de carreira, como Ira!, Paralamas do Sucesso, Titãs e os finados Legião Urbana e Cazuza, entre outros.

A última banda do gênero que fez sucesso estrondoso foi Los Hermanos, e isso ocorreu há mais de 20 anos. O rock nacional até consegue revelar alguns nomes novos, mas sobrevivem um pouco mais aqueles que buscam uma sonoridade um pouco mais próxima da época de ouro, os anos 80. Quem tenta fazer algo diferente, mais indie, enfrenta a indiferença e desprezo.

O Terno, Autoramas, Boogarins, The Baggios, Far From Alaska e mais algumas outraam ss fazem algo mais avançado e diferente, tentam furar a bolha, inclusive a ideológica, mas sofrem resistências e encontram algum mercado receptivo no exterior.

No rock mais pesado, as dificuldades são ainda maiores, e isso levando-se em conta que os artistas tentam se distanciar ao máximo das querelas ideológicas. Também, aqui, o número de novos artistas é inversamente proporcional à quantidade de público, cada vez menor e menos propensa a valorizar o novo e o audacioso.

Em tempos de pandemia, o que percebemos é que fica escancarada a opção pelo clássico e pelo passado. Em época de recolhimento forçado para a maioria, foi a hora de desempoeirar o vinil de Jimi Hendrix ou aquele velho álbum de Neil Young ou de Raul Seixas. Banda nova? Nem vou acionar o meu Spotify ou Deezer. Live nas redes sociais? Dez minutinhos bastam...

E então vemos as manifestações de conservadorismo político-comportamental avançando em um meio que progressivamente perde a conexão com a parcela mais vanguardista.

Se a pandemia evidenciou a incompetência deliberada e criminosa do governo Jair Bolsonaro, por outro lado exacerba o mau humor mal direcionado de uma parcela que ainda parece disposta a tolerar as barbaridades. Mais ainda, se recusa a enxergar as mazelas que nos afligem hoje.

Alvo errado

A pandemia acirra conflitos e raiva contra o chefe, contra o fiscal que apenas faz o seu trabalho, contra o motorista de ônibus que dirige mais devagar (e com segurança), contra o caixa do banco ou do supermercado, contra a enfermeira exausta que não consegue vaga no posto de saúde ou no hospital público...

É o avanço da mediocrização dentro do rock, que começa a perceber, em seu mundinho cada vez mais estreito, o avanço de gente burra e desinformada que acha que artista, em geral, é tudo maconheiro e comunista (apesar de bradar que adora Led Zeppelin e Iron Maiden...).

Pior do que o avanço desse "terraplanismo" dentro do rock é o silêncio incômodo e asqueroso da maioria. Esta até percebe as barbaridades que são cometidas e as bobagens que são vomitadas, mas a preguiça e o desânimo drenam a energia necessária para combater a mediocridade.

Diante disso, o espírito conservador de classe média burguesa preguiçosa ressurge, com a clássica falta de vontade para o novo e o diferente e a esperada má vontade para qualquer tipo de progressismo, que escorre perigosamente para a deformação de caráter quando afeta as pautas de defesa dos direitos humanos, da democracia e das liberdades civis e de expressão.

É desalentador dizer isso, mas parte expressiva do roqueiro classe média desalentado é o cara que viu muitos de seus sonhos em outras áreas desabarem ou não se concretizarem, aqueles que se sentiram lesados e enganados - mas pelos motivos errados - com uma série de governos que prometeram muita coisa, mas que ficaram pelo caminho.

Essa gente classe média preguiçosa e fossilizada só pensa em si, por isso vota paroquialmente, no vizinho ou no parente do amigo, seja qual for o partido. É aquela gente que não se lembra em quem votou para deputado ou vereador e que se contenta, atualmente, em eleger idiotas que prometem matar bandidos aos montes e de prender indiscriminadamente corruptos - desde que sejam de outros governos...

É lamentável que roqueiros, mesmo que de classe média pouco afeitos à leitura e aos estudos e que tendam a votar em gente que ideologicamente vai se voltar contra ele próprio, ignorem os avanços sociais e econômicos que começaram lá no governo Fernando Henrique Cardoso.

Durante 16 anos,  entre 1994 e 2010 - nos governos FHC e Luiz Inácio Lula da Silva -, a democracia não só foi preservada como reforçada, com crescimento econômico consistente e crescente, ainda que com crises e solavancos no período.

A pobreza diminuiu, o mercado consumidor cresceu e a geração de empregos teve saldos positivos - a taxa de desemprego baixou para inacreditáveis 4,8% por volta de 2005 e 2006.

Bastaram a desaceleração ocorrida a partir de 2012 e desarranjos políticos a partir de 2014 para que parte dos eleitores se desencantassem, dentro de sua visão estreita, vil e individualista que caracteriza o brasileiro, para jogasse todos os avanços civilizatórios no lixo e apoiasse um golpe institucional vergonhoso contra a presidente Dilma Rousseff e sonhasse com uma estabilização diante do lamentável governo de Michel Temetr. A parcela cada vez maior der conservadores no rock apoiou esse mergulho no abismo. O resultado é o flerte com o fascismo bolsonarista.

Nicho conservador

Ao contrário do que ocorreu nos Estados e em parte da Europa, o rock demorou a penetrar na nossa sociedade, sendo visto como um estrangeirismo passageiro em um país com forte identidade cultural e manifestações próprias.

Como o jazz puro e o blues, foi abraçado por uma elite intelectual-cultural, que teve sucesso, em parte,  em estabelecer o rock como um gênero plural, diversificado, expansionista e internacionalista, ainda que fosse impossível negar um caráter anárquico, rebelde e até violento, em certos casos.

Só que, essencialmente, era um gênero de classe média. Quando a juventude brasileira aproveitou o ocaso da ditadura militar, nos anos 80, para se manifestar, a rebeldia tinha nome e cara e som: o rock inofensivo da molecada da zona sul ensolarada carioca e da vida cara e boêmia dos Jardins e Pinheiros, em São Paulo. A rebeldia só ia até a página 10, com a revolução ficando confinada aos punks das zonas norte e sul de São Paulo.

O rock encontrou campo fértil na juventude desacostumada com a liberdade da democracia e em estudantes que precisam de veículos para dar vazão aos pensamentos progressistas represados, como justiça social, redução da pobreza e da desigualdade econômica, universalização da saúde e da educação e expansão vigorosa das artes e da cultura livres de censura. O rock veio a calhar.

Trinta anos depois, esse mesmo rock deixou de dialogar com os jovens, principalmente os da periferia pobre das grandes cidades. O rap e o funk agradeceram e tomaram conta, com linguagem, sons e culturas próprias, sem regras e preconceitos. E o rock continuou confinado à classe média, que cada vez mais o abandonava, caindo de cabeça no deplorável sertanejo e suas variantes, uma pior do que outra.

iEssa mesma classe média, cansada da volatilidade econômica, com picos de euforia e muitos de depressão, decidiu procurar culpados em todas as direções, errando todos os alvos. Um destes foi a democracia, que começou a ser relativizada à medida que as coisas desandaram.

Quem diria? Parte expressiva dos roqueiros aderiu a esse pensamento raso e superficial e acreditou que um golpe parlamentar espúrio resolveria todos os problemas e transportaria imediatamente o país para o olimpo do dinheiro farto e fácil. Todos os problemas acabariam.

Na verdade, só aumentaram e pioraram, desembocando na eleição de um político amador com tendências autoritárias, que estabeleceu um governo miliciano onde faltam competência e sobram desprezo à democracia e destruição de valores civilizados.

Os roqueiros conservadores não conseguem explicar o porquê de sentirem ludibriados durante os anos de redemocratização e reconsolidação da democracia, uma época em que havia esperança de que um país um pouco melhor e mais justo pudesse ser construído.

Em tempos bolsonaros e de pandemia, não dá mais para disfarçar que o roqueiro classe média conservador é egoísta, individualista, moralista, preconceituoso, com tendências autoritárias e que menospreza a liberdade de expressão - a mesma que permite que ele brade contra quem quiser e que possa ouvir o tipo de som que quiser, mesmo que seja de artistas racistas e que esbarram no fascismo, como Pantera e Ted Nugent.

No fundo, todo o ambiente esfuziante e progressista da música brasileira depois de 1985 incomodava esse apreciador de música anódina e incolor, que adorava letrinhas falando de praia e abominava a crítica contundente de Cazuza em "Brasil" e "Ideologia".

Era o/a fã que se satisfazia com as piadas sem graça dos Mamonas Assassinas e com as expressões chulas e politicamente incorretas (até certo ponto) dos Raimundos - mas torcia o nariz para "Alagados", dos Paralamas do Sucesso, o "Até quando Esperar", da Plebe Rude, isso quando conseguia ter cérebro para entender a letra.

Para essa gente, rock era somente rock, não tinha que falar de política. Tinha de se manter inofensivo o tempo todo. Tinha de ter parado, esteticamente, lá nos anos 70, de preferência sem muito barulho - no máximo, um Led Zeppelin. Para que tanta potência no heavy metal? Para que tanta nojeira e rebeldia no punk?

Intolerância e preguiça

Os mais apressados vão dizer que o ambiente roqueiro atual é apenas um reflexo da decadência do gênero, em particular, e do que ocorre no resto da sociedade.

Esse pensamento é simplista demais e reducionista demais. Ignora questões bem complicadas, como a própria condição de conservador em um gênero musical libertário, avesso a regras, rebelde e quase sempre associado a movimentos revolucionários.

Especificamente no atual momento da política brasileira, essa contradição é fatal, já que o roqueiro conservador, de cunho evangélico e autoritário, louva um mito que tem, no seu "plano" de governo, medidas que atingem diretamente a vida cotidiana de quem aprecia rock.

É um presidente em guerra permanente contra a cultura, o conhecimento, as artes e a educação. Que despreza os artistas ("são todos comunistas") e que constantemente atenta contra a liberdade de expressão e de comportamento. Isso quer dizer que, no limite, é um governo que pode vir a ser autoritário e proibir músicas e shows de muitas bandas de rock, por exemplo.

É muita pretensão querer determinar que conservadores não podem gostar ou curtir rock. Coisas incompatíveis? Nem tanto. Não são excludentes.

No entanto, muita gente capaz e com coisas importantes a dizer consideram que o tipo de ultraconservadorismo que empesteia nossas vidas nestes tempos insanos e perigosos faz mal para a democracia e para a civilização - e muito mal para o ambiente do rock.

O ultraconservadorismo preconizado por parte relevante de nossa sociedade e encampado por apoiadores da excrescência que está encastelada na presidência, é intolerante por definição, sendo incompatível com a vida inteligente, com a democracia e com o nosso tempo. É incompatível com o rock.

Esse debate foi enriquecido nesta semana por um texto interessante publicado pelo portal UOL, antiga casa do Combate Rock. Clique aqui e leia mais sobre como o conservadorismo avançou no mundo do rock.

quarta-feira, julho 15, 2020

Notas roqueiras: Fernando Quesada, Armored Dawn, Vodu, Silver Mammoth...



- Fernando Quesada (foto) fé o novo baixista do Armored Dawn. O músico substitui Heros Trench, que é produtor e guitarrista do Korzus. Com passagem pelas bandas Shaman, Noturnall e diversos projetos internacionais, Quesada assume as cordas graves da banda a partir desse mês. “Tive o prazer de participar da composição da música Ragnarok e a partir daí os nossos caminhos começaram a ficar mais próximos. Depois disso, cada vez mais começamos a entender que a gente estava num caminho muito próximo e que faria todo sentido eu assumir o baixo no momento atual da banda. Me sinto muito honrado”, explica o baixista. Ele leva consigo diversas influências após tocar em festivais e shows internacionais com músicos como Aquiles Priester, Ricardo Confessori, Michael Kiske, Russel Allen, James Labrie, Mike Orlando, dentre tantos outros.

- Após o videoclipe "Say My Name", primeiro single de "Walking With Fire", o Vodu, um dos pioneiros do heavy metal brasileiro, apresenta a pré-venda, limitada e exclusiva, do novo álbum, que será lançado pela Classic Metal Records. A pré-venda traz o novo álbum autografado e numerado, em formato digipack, além de uma camiseta de alta qualidade, com a arte de Marcelo Vasco (The Troops of Doom, Slayer, Machine Head, Kreator, Soulfly, Testament e outros). O valor, com frente incluso para todo o território brasileiro, é de R$ 100. Para adquirir "Walking With Fire" de forma antecipada na pré-venda, visite a loja no Mercado Pago em https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1584606186-pre-venda-novo-cd-vodu-walking-with-fire-camiseta-frete-_JM. André Góis (vocal), J. Luis "Xinho" Gemignani e Paulo Lanfranchi (guitarras), André "Pomba" Cagni (baixo) e Sergio Facci (bateria) retomaram as atividades trinta anos após a estreia com "The Final Conflict" (1986), relançado em CD pela Classic Metal em 2017.

- A faixa "Let's Find The Sun Together", presente no mais recente álbum do Silver Mammoth, "Western Mirror", acaba de ganhar um lyric video produzido pela Plural Brother Filmes, com direção de Rodrigo Rímoli. "Western Mirror", sucessor de "Mindlomania" (2015) e do compacto "Singles" (2017), está disponível em versão física e nas plataformas de streaming. "Renato Haboryni e eu produzimos o disco e ele veio naturalmente mais pesado, mas nem por isso deixamos de lado as características dos trabalhos anteriores. Inclusive, a intenção foi entregar um trabalho com várias vertentes. Ele tem heavy/rock, toques psicodélicos, passagens acústicas e até um hard blues em homenagem aos saudosos Muddy Waters, Robert Johnson, Chuck Berry e tantos outros", explicou o vocalista Marcelo Izzo. "A ideia para 'Let's Find The Sun Together' era compor uma canção não só para o público rocker, mas àqueles que gostam de algo mais acústico, com um refrão que fica na mente. A letra é voltada a um romance, um reencontro ou uma simples flertada, com voz e violão e percussão no início, seguindo a melodia vocal e dando um toque clássico. Penso que deu certo, pois as pessoas estão curtindo e isso é o mais bacana", acrescentou. Confira o lyric video de "Let's Find The Sun Together" em https://youtu.be/UdkgsQYyL9A

Notas roqueiras: Füria Forja Füria, Darkship, Playmoboys, Skunk Oil...

- A banda paulistana Füria Forja Füria acaba de lançar o seu primeiro single/clipe. "São Paulo Vinga!" é um rock pesadop cantado em português e com letra que exalta a cidade uitarras sujas e o baixo pulsante são os destaques da ,úsicade São Paulo sem cair no regionalismo que pode ensejar interpretações xenofóbicas ou mesmo racistas.guitarras sujas e o baixo pulsante são os destaques da música, que transita entre o stoner rock e o grunge.A formação tem Fabio Zaganin (baixo e vocais), Fabio Ribeiro (teclados), Armando Cardoso (bateria) e Gustavo Barros (guitarras). Veja o clipe de "São Pauçlo Vinga!" em https://youtu.be/DAQDWitenig

- Está no ar mais um vídeo ao vivo da banda gaúcha Darkship, gravado durante a turnê “Redemption Tour” ¸ levada a cabo ao lado da banda Noturnall e dos conceituados músicos Edu Falaschi e Mike Portnoy pelo Rio Grande do Sul e São Paulo, no segundo semestre de 2019. Joel Pagliarini (bateria e sintetizadores), Sílvia Cristina Schneider Knob (vocal), Rodrigo Schäfer (baixo), Ander Santos (violino e piano) e Julio Cesar de Azeredo (guitarra) tem disponibilizado, todos os meses, vídeos profissionais gravados durante a turnê, que posteriormente serão lançados em formato DVD. Assista ao vídeo de “I Know I'm in Danger”: https://www.youtube.com/watch?v=kGRqmZrd7bo

- Novo videoclipe da banda carioca Playmoboys acaba de ser lançado no canal do YouTube da Warner Music Brasil. O vídeo “Na Praia” traz a nova música da Playmoboys em cenas feitas em casa pelo vocalista da banda, Conrado Muylaert, e sua namorada, Amanda. Assim como a canção, o vídeo foi feito durante o período de isolamento. Veja em https://www.youtube.com/watch?v=1Hy9i_MgKlc&feature=youtu.be

- O Skunk Oil apresenta seu novo single e videoclipe, "Godlike", trazendo uma letra intrigante, que fala sobre um personagem fictício. "Trata-se de um típico 'anti-herói', obcecado pelo poder, influência e controle sobre os outros. É uma música dinâmica e intensa, com ótimos riffs de guitarra", explicou o guitarrista Dennis D'Angelo, que também dirigiu o clipe, filmado pela Chacon Media. Veja o clipe de "Godlike", editado por Rodolpho Ponzio – AMC e com pós-produção de Felipe Delgado em https://youtu.be/vuW9iL6_Dwo. Para registrar "Godlike", gravada nos estúdios The Record Company e Dimension Sound Studios, em Boston (EUA), estiveram ao lado de Dennis D'Angelo o tecladista Lucas Tadini, o vocalista Jaska Isola, o baterista Caio Moskalkoff e o baixista Fede Delfino.

Notas roqueiras: The Damnnation, Sumerian Project, João Rock...

The Damnnation, acaba de lançar o segundo single da carreira, "Apocalypse". A faixa faz parte do EP intitulado Parasite, que está passando pelo processo final de gravação e mixagem, com lançamento previsto para o começo de 2021. A banda também estreou recentemente o videoclipe "World's Curse", que pode ser conferido abaixo. The Damnnation é um power trio que começou depois que a guitarrista Renata Petrelli (Marie Dolls, ex- Sinaya) e a baterista Cynthia Tsai (Little Room, ex-Sinaya) decidiram fundar uma nova banda no início de 2019. Procurando por uma baixista, Renata convidou Camis Brandão, (Charlotte matou um cara), para unir forças e fazer um tipo de metal flexível e mais orgânico, sem se agarrar a estereótipos, colocando todas as boas influências do grupo e fazendo novas músicas, com um som único e muita personalidade. Após conquistar novos projetos, Cynthia e Camis deixam a banda, que agora conta com Aline Dutchi (baixista) e Leonora Mölka (baterista). Veja o clipe em https://www.youtube.com/watch?v=0xaXGe1K7k0 -

A 19ª edição do João Rock, festival que acontece em Ribeirão Preto (SP), foi adiada para 19 de junho de 2021 devido ao atual cenário da pandemia do novo coronavírus. O evento, considerado um dos maiores do segmento, estava marcado para setembro deste ano. "Optamos pelo adiamento por conta dos atuais desdobramentos e situação do País no enfrentamento da pandemia. Até a data que inicialmente previmos, não será possível realizar o evento sem colocar pessoas em risco de contágio e principalmente no clima de paz, união e alegria como são nossas premissas. Assim já estamos planejando fortemente o Festival de 2021 que deve ser uma grande celebração dos 20 anos de João Rock junto ao público", comenta Luit Marques, um dos organizadores do evento. Todos os ingressos vendidos para o Festival serão válidos para a nova data. No entanto, para quem preferir o reembolso, os pedidos devem ser feitos através do site joaorock.com.br até o dia 14 de outubro de 2020 e o ressarcimento dos valores (dos pedidos enviados dentro d prazo) serão efetivados no próximo ano, antes da edição 2021 do João Rock, atendendo a medida provisória Nº 948 publicada em 08/04/2020. Quem efetuou a compra nos pontos de venda físicos terá a obrigatoriedade de fazer a devolução da pulseira nos locais que serão divulgados após o fim do prazo para a solicitação do reembolso (14/10/2020). Detalhes sobre o line-up da edição de 2021 serão anunciados em breve nos canais oficiais do evento. Mais informações: www.joaorock.com.br.

- O primeiro registro do novo EP de estúdio do Sumerian Project, acaba de ser lançado em vídeo no canal oficial da banda no YouTube. Utilizando do atual momento vivido no mundo pela pandemia de covid-19, o Sumerian project criou a música "Aniquilação", que retrata um mundo pós-pandemia destruído pelo neoliberalismo, onde nossos criadores, os alienígenas, vêm do espaço profundo nos impedir de destruir por completo o planeta. Assista ao lyric vídeo de "Aniquilação": https://www.youtube.com/watch?v=_sWrDqEuGO8.

Notas roqueiras: Primavera nos Dentes, Murais, Tagore...

- Com o intuito de mergulhar no repertório da banda Secos & Molhados, Charles Gavin montou em 2017 o projeto Primavera nos Dentes, que além dele na bateria contava com Paulo Rafael (guitarra), Duda Brack (vocal), Pedro Coelho (baixo) e Felipe Ventura (violino e guitarra). A ideia era estudar, recriar arranjos, enfim, se aprofundar no universo do Secos & Molhados experimentando outros olhares. Não haviam pensado em gravar um álbum, até que receberam um convite do produtor Rafael Ramos e aí gravaram algumas canções e lançaram, pela Deck, o álbum homônimo com 11 faixas. Hoje a banda lança, nos aplicativos de música, a versão deluxe do projeto com duas faixas bônus; "Amor" (do primeiro álbum do Secos & Molhados) e "Flores Astrais" (do álbum de 1974). "A sonoridade e os arranjos se distanciaram bastante dos originais, diria que cada versão que fizemos tem a assinatura de cada um de nós. Também foi surpreendente constatar o fato de que a poesia das letras permanece extremamente atual e assertiva após décadas, deliciosamente doce e ácida, ingênua e politizada ao mesmo tempo, conectando-se com pessoas de qualquer geração e qualquer lugar" – comentou Gavin. "Primavera nos Dentes" traz uma seleção de músicas escolhidas a dedo dentre as 26 canções que integram o repertório dos discos de 1973 e 1974 do grupo Secos & Molhados.

- Hélio Morais é figura conhecida na música portuguesa. Baterista das bandas Paus e Linda Martini, ele movimenta a cena do país há mais de 15 anos, também agenciando artistas como o quinteto Capitão Fausto, que esteve ao lado do O Terno no Rock in Rio 2019. E em 2020, Hélio se propôs um novo desafio: se lançar solo. Para tanto, convidou o guitarrista e produtor dos Boogarins, Benke Ferraz, para assinar a produção do álbum, que leva o nome do projeto, Murais, e será lançado em setembro. Nesta sexta-feira, 17 de julho, o novo single de MURAIS, a faixa Catatua, estará disponível em todas as plataformas streaming, distribuída em Portugal pela Sony Music e no resto do mundo pelo Primavera Labels, selo do Primavera Sound. Catatua será lançada com videoclipe dirigido por Ana Viotti. Assista ao teaser aqui.

- Destaque do atual rock brasileiro, Tagore aos poucos vai revelando músicas da nova safra de seu repertório. O artista pernambucano gravou um álbum inédito, com produção de Pupillo (que já produziu Edgar, Céu, Otto e diversos outros artistas) e pelo single que lançou recentemente dá para ter uma ideia do que virá em "Maya". "Drama", composta por Tagore em parceria com Fernando "Dinho" Almeida, do Boogarins, acaba de ganhar um remix feito pelo outro 'boogarin', Benke Ferraz, e um videoclipe dirigido por Gabriel Rolim. "A estética do clipe foi idealizada dentro de um contexto lo-fi, com filmagens feitas com celular durante a quarentena e editadas pelo Gabriel, mestre em criar texturas vívidas e que nesse caso dialogam perfeitamente com o vídeo" - contou Tagore. A data de lançamento do álbum "Maya" será divulgada em breve. Veja o clipe em https://www.youtube.com/watch?v=JKuQoPVpeCM

terça-feira, julho 14, 2020

Notas roqueiras: Pitty, Fernanda Takai, Ladama...

Pitty

- no mês passado, a cantora e compositora Pitty pediu, em seu canal na Twitch, que os fãs mandassem vídeos feitos em casa para uma nova versão do clipe de "Submersa". Muitos fãs enviaram e Otavio Sousa editou o vídeo, que ficou incrível. "Me emocionei real! Quantas vidas, realidades, sonhos e perspectivas no mesmo clipe. Estamos todos conectados" - comentou Pitty. Além dessa versão, batizada de "Collab Submersa", há o clipe oficial de "Submersa", criado e gravado pela própria Pitty e editado pelo diretor Otavio Sousa. A ideia surgiu a partir do mesmo conceito e material que norteou as VideoTrackz de "MATRIZ". Nesse projeto, Pitty produziu 13 vídeos divididos entre abertura, tracklist visual das faixas do álbum e encerramento com créditos. Os roteiros desses pequenos vídeos foram pensados para serem executados de forma simples e criativa, em casa, com objetos cotidianos e recursos de edição simples e populares. Pitty tem uma programação semanal na Twitch de terça a sexta com as sessões fixas "Na Minha Estante", "Di Versa" e "Sexta Sem Lei". Veja os clipes de "Collab Submersa" (https://www.youtube.com/watch?v=lo1FmxNuBp8) e "Submersa" (https://www.youtube.com/watch?v=s3a01G-xurI).

- Assim que começou a pandemia, a cantora e compositora Fernanda Takai, em parceria com o músico e produtor, também seu marido, John Ulhoa, criou e gravou um álbum no estúdio que eles têm em casa. John produziu, mixou e tocou todos os instrumentos. Direta ou indiretamente o disco acaba remetendo aos dias de hoje, a começar por seu título "Será que você vai acreditar?". A faixa de abertura, "Terra Plana", tão doce quanto triste, traz autoria de John. "Escrevi a música pensando em nossa filha, imaginando se estamos dando a ela as ferramentas que precisa para ter a coragem que a vida pede, e a sabedoria para se esquivar do obscurantismo que anda nos assolando. É sobre pais envelhecendo e desejando ter acertado na educação dos filhos, para um dia poderem se despedir em paz", contou John. Outra música inspirada pela paternidade é "Não Esqueça", de Nico Nicolaiewsky (1957/2014). Fernanda e John eram amigos do artista — que fez parte do conhecido espetáculo "Tangos & Tragédias" — e ainda hoje têm se envolvido em eventos que buscam manter viva a obra deste gaúcho que partiu cedo demais. A canção é um recado amoroso muito atual, apesar de escrita há muitos anos, nunca foi oficialmente registrada por Nico. Alguns versos parecem ter sido escritos exatamente durante os tempos de pandemia: "Não esqueça que é tudo ilusão, não esqueça de lavar as mãos". "Não Creio em Mais Nada" (Totó), sucesso na voz de Paulo Sérgio gravado em 1970, ganha uma versão criativa com uso de texturas vocais e sintetizadores. Takai traz, com competência única, frescor à balada, que aborda o desânimo e descrença pelos motivos dos mais diversos. Em "O Amor em Tempos de Cólera" (Fernanda Takai/ Virginie Boutaud) ela divide os vocais com Virginie, que foi vocalista da banda Metrô, que fez muito sucesso nos anos 80. Veja o vídeo de "terra Plana" (https://www.youtube.com/watch?v=ejfsEGAyI-w&feature=youtu.be) e "Não Esqueça" (https://www.youtube.com/watch?v=bhb9_1OzBBI&feature=youtu.be).

- O coletivo Ladama, sediado na América do Sul e nos Estados Unidos, lança um chamado urgente para mulheres em todo o mundo com seu eletrizante segundo álbum de estúdio, OYE MUJER (Six Degrees Records). Neste novo trabalho, o grupo canaliza a força da mulher diante de crises globais, destruição ambiental sem precedentes e políticas de imigração injustas. Ouça aqui. Ladama é um grupo inovador de quatro mulheres de várias partes das Américas, incluindo Mafer Bandola (voz/bandola llanera - Venezuela), Lara Klaus (voz/bateria e percussão - Brasil), Daniela Serna (voz/tambor alegre - Colômbia), e Sara Lucas (voz/guitarra - EUA). Juntas, elas usam a música como ferramenta de transformação social e empoderamento de mulheres e jovens e atuam socialmente em comunidades por meio de apresentações ao vivo, residências e oficinas para todas as idades.

Notas roqueiras: Heretic, Seventh Sign Fron Heaven, Revengin, Marenna-Meister

Heretic (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- O Heretic apresenta oficialmente a capa e tracklist de “(Dis) Covering”, registro que irá representar um singelo tributo dos músicos brasileiros à grandes artistas da música Pop internacional. Contando com 10 faixas, o registro apresenta duas participações especiais, na qual Isadora Magalhães empresta sua voz nas faixas Come Undone (Duran Duran) e 7 Seconds (Neneh Cherry & Youssou N’Dour), e a outra participação é do grande guitarrista goiano Luis Maldonalle, no solo de Everybody Wants To Rule The World (Tears For Fears). O disco está completamente produzido e finalizado, e seu lançamento oficial será feito nesta sexta-feira, 17 de julho, em todas as plataformas digitais e canal de YouTube. As músicas foram gravadas em Goiânia pelo músico Guilherme Aguiar (guitarras/instrumentações/percussões, baixos) e Erich Martins (vozes), que gravou suas partes de Lisboa (Portugal).

Confira a lista de músicas:

01 - Another Day In Paradise (Phil Collins)

02 - Never Tear Us Apart (INXS)

03 - Come Undone (Duran Duran)

04 - Cose Della Vita (Eros Ramazzotti)

05 - Holding Back The Years (Simply Red)

06 - Everybody Wants To Rule The World (Tears For Fears)

07 - 7 Seconds (Neneh Cherry & Youssou N'Dour)

08 - By My Side (INXS)

09 - No Ordinary Love (Sade)

10 - In The Air Tonight (Phil Collins)

-"The Woman and the Dragon", CD do Seventh Sign From Heaven, foi lançado oficialmente. O disco apresenta 10 faixas e pode ser conferido no Spotify, Deezer, ITunes, Google Play, Npaster, Tidal, Amazon Music, Akazoo e várias outras plataformas de streaming. Em breve, a Seventh Sign From Heaven, estará disponibilizando todas as faixas do disco para audição completa também em seu canal oficial de YouTube. Escute em https://open.spotify.com/album/6fQREwC5FiwIKReLUSJq46?si=UlveObyyRva2Riex0WL7bA

- Mesmo focando no processo de composição do sucessor de seu álbum de estreia, “Cymatics”, o Revengin disponibilizou hoje o vídeo oficial da faixa “Nine Chains of Sorrow” em seu canal oficial no YouTube. Ele pode ser conferido no seguinte link: https://youtu.be/UujxSMhyXpQ

- Marenna-Meister está prestes a lançar o álbum de estreia, "Out Of Reach", que será lançado em 28 de setembro pelo selo dinamarquês Lions Pride Music e traz 10 faixas de Hard Rock e Hair Metal dos anos 80. A banda acaba de divulgar a capa, tracklist e um sampler com 30 segundos de cada faixa para o público conferir um pouco o novo trabalho desta parceria.

- Faixas: 01 Out of Touch 02 The Price of Love 03 Gimme All You've Got 04 I Don't Wanna Lose You 05 (There's So) Many Things 06 Sleeping With The Enemy 07 It Ain't So Easy (Loving You) 08 Ride, Ride, Ride 09 Dangerous Minds 10 Feel The Hunger 11 Follow Me Up (bonus track)

Os 40 anos de 'Back in Black', que catapultou o AC/DC aos estrelato

Marcelo Moreira*

Os irmãos Malcolm e Angus Young não sabiam bem como reagir à notícia. Era uma manhã fria de 19 de fevereiro de 1980 e o vocalista da banda deles, o AC/DC, fora encontrado morto dentro de um carro em um bairro meio mórbido de Londres. Logo agora que a banda preparava o seu salto definitivo opara a conquista do mundo? Quatro anos ralando na Inglaterra para ver o sonho se esfarelar?

Angus ria de nervoso quando se preparava para ir ao departamento de polícia, enquanto o taciturno Malcolm estava mais taciturno ainda. Só que sua face de pedra escondia o seus pensamentos e já projetava o futuro: o próximo álbum prometia ser a explosão do quinteto australiano, com muitas músicas quase prontas. A próxima voz tinha de ter carisma e a pegada de Bon Scott, o cantor morto na noite fria londrina.

E assim, em pleno luto, o AC/DC se preparou para continuar e finalmente se tornar uma banda gigantesca. E teve de ser sem o carismático Scott, substituído por outro operário batalhador da música, alguém que tinha aberto seu caminho a machadadas e que quase desistiu no meio da trilha.

No dia 25 de julho de 1980 o AC/DC lançava seu sétimo álbum de estúdio, "Back in Black", o primeiro com Brian Johnson nos vocais, o primeiro após a morte de Bon Scott.

Muito se especulou sobre cantores australianos amigos da banda, mas os irmãos chefões nunca se esqueceram das próprias palavras de Scott a respeito de Johnson, então cantor do Geordie, banda inglesa subestimada dos anos 70. "Esse cara canta bem e tem uma força inabalável."

A tragédia moldou a trajetória do AC/DC a partir de então, com a feliz escolha de um operário sedento de sangue e de estrada. A escolha não foi óbvia e nem fácil, demorou um pouco, mas alguma coisa inexplicável fez com que os irmãos Young adquirissem a convicção de Brian Johnson era o cara certo, apesar de pouco impressionados com o primeiro teste.

Quarenta anos atrás, "Back in Black" (título em homenagem a Scott) estapeava os incrédulos e espantava as nuvens pesadas que ameaçavam o futuro do quinteto australiano. É um dos dez álbuns de música pop mais vendidos de todos os tempos.

A capa do disco é uma homenagem a Bon Scott, porém a gravadora resistiu a ideia, queriam uma capa diferente, mas no fim concordaram com a banda. O disco foi lançado e de imediato alcançou o 1° lugar nas paradas australianas, inglesas e francesas e em 4° lugar nos Estados Unidos, o posto mais alto que a banda tinha alcançado nas paradas americanas até então.

O primeiro single, “You Shook Me All Night Long” chegou ao número 31 da Billboard, enquanto a faixa título chegou ao número 37, no entanto o álbum permaneceu por 131 semanas no Top 100 da Billboard.

Quando Brian Johnson foi convidado a fazer um teste no AC/DC, de cara pensou em recusar “Eu estava numa banda que tinha três músicas entre as Top 10, após três anos aquele era o nosso momento, estávamos numa gravadora cujo o lema era ‘Você faz música e nós o dinheiro!’, estava a muito na estrada, tinha perdido o crescimento de meus filhos. Mas aí fiquei curioso e pensei ‘que mal tem?’ em fazer uma experiência, aí fui cantar com os caras e Boing! estava feito.” comentou o vocalista numa entrevista em 2011.

O disco foi composto e gravado no Compass Point Studio em Nassau, Bahamas, enquanto os irmãos Young compunham as músicas, Johnson se encarregava das letras. Banda e vocalista pareciam predestinados ao sucesso.

Três das músicas se tornaram hinos eternos - a faixa-título, "Hells Bells" e "You Shook Me All Night Long", reforçando a marca registrada do novo cantor - voz potente, alta e resgada, com alguma semelhança com o modo de cantar de Bon Scott.

A vida foi generosa com Johnson e o AC/DC por 35 anos, mas a maré virou com os problemas de saúde de Malcolm Young a partir de 2012. O comandante foi acometido por uma série de flagelos, incluindo uma doença cerebral degenerativa. Gradualmente foi se afastando do grupo, que perdeu o rumo. Sua saída definitiva ocorreu em 2014 - morreu três anos depois, em consequência de vários problemas.

Johnson, o mais velho dos integrantes da banda, também sentiu o peso da idade e apresentou saúde debilitada durante a gravação de "Rock or Bust", o disco de 2015. Com problemas auditivos, ficou impossibilitado de sair em turnê. Acabou demitido por Angus Young, por telefone, sendo substituído temporariamente por Axl rose, dos Guns N'Roses.

O futuro misterioso da banda começou a ser desvendado a partir de 2018, quando o AC/DC deu pistas de que ressuscitaria para gravar outro disco, contando com os retornos de Johnson, do baixista Cliff Willimans (que tinha se aposentado em 2016) e do baterista Phil Rudd (outro que foi demitido em 2015 porque não podia sair da Nova Zelândia, onde morava, por conta de uma acusação de participação em um homicídio).

Comentários de bastidores dão conta de que Johnson voltou por conta de preparativos para comemorações de 45 anos do lançamento do primeiro álbum do grupo e de 40 anos de "Back in Black", que marcou a estreia de Johnson.

Se for isso, então Young acertou em cheio e reparou uma grande injustiça. Um dos vocalistas mais viscerais do rock, ainda em forma aos 73 anos, é parte vital do que tenha restado de credibilidade do AC/DC sem Malcolm Young. Uma rápida ouvida em "Back in Black" é suficiente para corroborar essa visão.

Bon Scott sedimentou a caminhada do quinteto, mas é difícil refutar a ideia de que Brian Johnson é a voz definitiva do AC/DC.

* Com informações do site RockNight

segunda-feira, julho 13, 2020

Rolling Stones e Deep Purple: longe do brilhantismo, mas bem perto da eficiência

Marcelo Moreira

Rolling StOnes (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O Dia Internacional do Rock não vai salvar o mundo de hoje, atolado em uma pandemia assustadora, mas certamente vai tornar muito melhor o dia de muita gente. E os Rolling Stones e o Deep Purple se encarregaram de fazer disso uma verdade.

O segundo single dos Stones deste ano, "Criss Cross", poderia vem estar estar no primeiro disco de inéditas da banda em 15 anos, ainda sem nome definido. No entanto, com bom acabamento e parecendo coisa nova, é uma música antiga, sobra de sessões de estúdio de 1973 e 1974. Será um dos três bônus inédito da versão "deluxe" do álbum "Goat's Head Soup", de 1973. O primeiro do novo álbum, "Living in the Ghost Town", é um mergulho no passado, relembrando a estética da segunda metade dos anos 70.

Apesar do tema e dos arranjos, "Criss Cross" não é uma música tão datada. As guitarras ferozes e grooveadas comandam tudo, em uma levada que poderia encaixá-la em "Some Girls", por exemplo, o interessante álbum de 1978. A faixa traz um Mick Jagger mais entusiasmado, abusando de falsetes e firulas vocais para narrar a história de uma mulher avassaladora, avançada e assustadora, além de maluquinha, como fica bem explícito no clipe que a acompanha.

Já o Deep Purple prepara para este mês o lançamento de "Whoosh", o álbum sucessor do bom "Infinite". A terceira música divulgada, "Nothing At All", segue o padrão de "Man Alive" e "Throw the Bones": guitarras menos pesadas e mais técnicas e um predomínio cada vez maior dos teclado de Don Airey."

Não deixa de ser um pouco decepcionante, já que "Now What?" e "Infinite" pareciam direcionar a banda para um caminho que recuperasse, em parte, o espírito hard dos anos 70.

"Nothing At All" é interessante, quase um boogie rock na linha de Status Quo e Foghat, mas os arranjos de guitarra de Steve Morse fazem toda a diferença, conduzindo a melodia em dedilhados de tirar o fôlego. Mas cadê o peso? E o baixo marcado e instigante?

Deep Purple (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Se não são brilhantes na comparação com alguns dos melhores momentos das duas bandas, ao menos mostram um sopro de criatividade e bom gosto em um mercado roqueiro diluído e pouco ambicioso cde artistas surgidos neste século.

Não é à toa que alguns dos destaques do século XXI no rock estão recorrendo ao rock nostálgico, como a banda sueca Blues Pills, o o blueseiro Joe Bonamasssa, que encharca seu trabalho com doses maciças de referências do rock britânico setentista e do hard rock.

Rolling Stones e Deep Purple são duas bandas cinquentenárias e, de certa forma, exalam todo esse arcabouço em suas novas canções. Sem aquela necessidade de ficar provando tudo a cada canção, podem abusar de certos experimentos e enveredar por outros caminhos.

Poderia ser melhor? Sempre pode, mas essa não é a questão. As novas músicas das duas bandas são a prova de que ainda é possível escutar coisa boa vinda do classic rock.

Com seus integrantes com mais de 75 anos de idade e outros beirando os 80, saudemos esses surtos de criatividade que resultam em músicas interessantes. Sem mau agouro, mas apenas constatando a realidade, talvez sejam os últimos trabalhos autorais das duas bandas.

Oswaldo Vecchione, do Made in Brazil, sofre AVC no interior de São Paulo

Marcelo Moreira

Made in Brazil: Oswaldo é o terceiro da esq. para a dir. (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Um erro muito comum quando se analisa a história do rock paulista é simbolizar os Mutantes como a cara do gênero na cidade - e pior, a cara do ritmo no Estado, especialmente citando como os nomes principais do berço roqueiro paulistano, o bairro da Pompéia, na zona oeste da cidade.

Quando escuta tal heresia, Oswaldo Vecchione prefere soltar uma gostosa gargalhada e passar para o tópico seguinte. Enquanto os Mutantes ainda engatinhavam e tentavam convencer Rita Lee a abraçar o rock, o Made in Brazil, dos vizinhos irmãos Oswaldo e Celso Vecchione, já quebrava tudo no bairro.

A estrondosa gargalhada de Oswaldo por enquanto dar lugar a um silêncio que significa a luta pela vida. O baixista e vocalista da fantástica banda de rock paulistana sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) na tarde deste domingo, 12 de julho, no interior de São Paulo. Está internado em um hospital da capital e seu estado é considerado delicado, segundo mensagens de seu filho, Rick, nas redes sociais.

Um dos pioneiros do rock moderno, Oswaldo é septuagenário, mas mostrava disposição de jovem nos últimos tempos. As comemorações dos 50 anos de criação da banda se estenderam e o músico fazia questão de mostrar o imenso sorriso em cada ocasião de comemoração, seja em shows, seja em exposições de fotos do grupo ou em meros encontros fortuitos em bares e padarias.

Não era dessa forma que queríamos mostrar o Dia Internacional do Rock em 2020, justamente em meio à pandemia mais letal dos últimos 100 anos. A persistência de Oswaldo e do Made in Brazil, na estrada há 53 anos, nos lembrar que, mas do que paixão e vida, rock é necessidade. Precisamos de Oswaldo para nos chacoalhar todas as vezes em que incautos e tontos vomitam que o rock morreu.

Rock nas veias

Os irmãos Vecchione eram bambinos, filhos de italianos, e renegaram os ascendentes e a tradição do bairro ao preferirem o Corinthians ao Palmeiras, e isso contribuiu para a rebeldia e a fúria dos moleques para contestarem sempre que podiam e chutar todas as canelas que viam pela frente. E parece que a banda não cansa de chutar canelas, portas, baldes e cabeças, pois está na ativa há 53 anos, um feito inimaginável em um Brasil que despreza a cultura e o entretenimento de qualidade. Cinquenta e três anos de carreira... quem consegue se ombrear a tamanha longevidade, em temos de grupo? Demônios da Garoa, Azymuth, Status Quo, Kinks, Rolling Stones, Scorpions... Made in Brazil não é a principal banda de rock do país - embora muitos a considerem dessa forma, não sem razão. Também não é a mais importante, e tampouco a melhor. Entretanto, é praticamente a única banda brasileira que pode ser considerada uma instituição cultural. Isso é muita coisa. O grupo passou por tantas formações diferentes que conquistou dois recordes no Guinness World Records – banda de rock mundial com o maior número de formações oficiais (atualmente na 203ª formação) e banda de rock mundial com o maior número de participantes (126 músicos ao longo de sua trajetória). Hoje é formada por Oswaldo “Rock” Vecchione (voz, baixo e gaita), Celso “Kim” Vecchione (guitarra e baixo), Rick “Monstrinho” Vecchione (bateria), Guilherme “Ziggy” Mendonça (guitarra e violão), Octavio “Bangla” Lopes (sax), Wanderley Issa (teclado), Ivani “Janes” Venâncio (voz) e Rubens “Rubão” Nardo (voz). "Já passamos por tanta coisa e tivemos tantas experiências que fica complicado descrever o que nos faz seguir em frente. Na verdade, explicar até que é fácil, é amor à música e ao rock. Por que duramos 50 anos? Um livro é pouco para compreender a nossa trajetória e nossa motivação", diz Oswaldo Vecchione, o líder e mentor da banda. Aos 72 anos de idade, o baixista e vocalista se diverte com a enxurrada de adjetivos e elogios que a banda recebe e com a longevidade que a banda atingiu. "Instituição? O Made in Brazil é importante, mas é uma banda de rock, e é assim que queremos ser reconhecidos. A nossa importância? Vocês é que a estabeleçam e a determinem."

Foco e longevidade Em uma entrevista à revista Roadie Crew (edição 227, de dezembro de 2017), Vecchione afirmou que não imaginava que a banda durasse 50 anos. "Até conseguir o primeiro contrato com uma gravadora e estrear em disco, em 1974, só havia dúvidas. Tive meus dois primeiros filhos, rolava uma pressão da família para cortar o cabelo, comprar terno e gravata, arrumar emprego e para com essa frescura de tocar rock. Quando passei por cima disso, o resto até que foi até fácil." O líder tem uma receita que não é complicada para descrever o que faz o Made in Brazil estar na ativa até hoje. "Não podemos perder o foco, a ideologia. Mesmo com tantas mudanças de formação, eu e meu irmão Celso mantivemos o pulso firme para deixar os caras focados no que a gente queria, que era tocar rock'n'roll e blues. Isso foi fundamental para não nos perdermos pelo caminho." Oswaldo Vecchione erra feio quando despreza as declarações de que o Made é uma instituição musical, algo que ninguém ousa questionar em relação aos septuagenário Demônios da Garoa e ao cinquentenário Zimbo Trio. Em um gênero musical alienígena neste país e que desde os anos 90 vem perdendo cada vez mais espaço, é uma alegria imensa e um orgulho saber que uma banda de rock brasileira chega aos 50 anos na ativa e fazendo boa música. Que ten ham os próximos 50 anos.

Dia Internacional do Rock: sempre há o que comemorar

Marcelo Moreira

De um lado, o veterano astro, já milionário (ou nem tanto), brada contra o "roubo" de sua arte e se nega a fazer novo trabalho autoral, preferindo a comodidade dos royalties de hits antigos, rotos e desgastados - mas ainda lucrativos.

Do outro, o moleque sonhador que junta os trocados suados ganhos em botecos aqui e ali, louco para entrar em um estúdio "meia boca", mas barato, para gravar três músicas próprias para um EP, que será divulgado gratuitamente nas rede sociais, ou distribuídos em pen drives de bar em bar ou na rua, quem sabe no metrô.

No meio dos dois mundos a anos-luz de distância um do outro está um vácuo que a modernidade e a tecnologia ainda não conseguem preencher em um tempo em que a arte e a cultura perderam o status de "bens intangíveis". Arte e cultura ficaram muito baratas e, por consequência, descartáveis e menosprezadas. Existe futuro nessas atividades? Essa é a pergunta que muitos artistas vêm fazendo há alguns anos, especialmente os músicos: se a arte ficou de graça, existe algum sentido artístico em produzi-la de forma diletante? Por incrível que pareça, os roqueiros brasileiros recorrem a um chavão invertido de John Lennon para responder e ir em frente: "O sonho não acabou e vamos em frente". Boa parte dos que ainda empunham guitarras, baixos e baterias questionam se há alguma coisa a comemorar neste 13 de julho, Dia Internacional do Rock. À crise do mercado musical se juntou uma crise brava no Brasil e uma monstruosa pandemia. Vale a pena investir dinheiro em estúdio, produção, ensaios, mídia física e distribuição para ver seu trabalho consumido de graça e sem a devida valorização? "Eu sou músico, vivo disso e tudo o que consegui veio por meio da música", disse certa vez o baterista Ivan Busic, do Dr. Sin. "As coisas estão difíceis? Na verdade, nunca foram fáceis no rock, e não sei se serão algum dia. Mas eu aposto em mim, na minha banda e na minha música. Ainda tem gente que valoriza bastante o que faço e a arte em geral. Só tenho que agradecer e seguir em frente. Adoro tudo isso." Vale a pena compor música para um público que se relaciona de modo diferente com o rock hoje em dia, tratando os trabalhos de forma descartável e sem apreço? "Fui criado ouvindo música e sonhando com os palcos, vendo meus ídolos transformarem música em paixão, em algo quase indescritível", afirma outro baterista, Amílcar Christófaro, da banda de metal Torture Squad. Para ele, o ato de criar é indissociável do artista e do ser humano. "Minha banda gravou oito CDs, quase todos lançados no exterior também. As coisas já foram melhores, mas também já foram piores. Compor músicas é a motivação maior de um músico de ver o seu trabalho apreciado de alguma maneira. Não se trata só de legado, mas de necessidade interna de produzir e de admirar o próprio trabalho." Os dois fazem parte de um time recheado de idealistas e abnegados que acreditam que a arte ainda faz diferença na vida das pessoas e que ajuda a melhorar o dia de cada um de nós - e o rock é a ponta de lança dessa atividade. Também penso dessa forma, mas admiro quem mergulha de cabeça neste sonho e ainda consegue viver dele. Fazer rock hoje é um ato de rebeldia, assim como fazer arte. De volta ao gueto e com uma áurea cada vez mais reforçada de atividade marginal, o rock chega à meia-idade em busca de novos horizontes e outras perspectivas. Em 1967 surgiu o psicodelismo como tábua de salvação; dez anos depois, veio o punk para quebrar tudo, chacoalhar e dar início a uma nova dinâmica; em 1987 foi a vez do thrash metal e da música extrema levarem o rock a romper limites e outras barreiras e disseminar o lado obscuro e sombrio da música; dez anos depois e o chamado new metal criou uma nova estética para atrair novos ouvintes e resgatar o espírito rebelde e jovem do gênero; já em 2007 o rock parecia esgotado, exaurido, clamando por um novo movimento que pudesse revitalizar e rejuvenescer o combalido sessentão. O ciclo vem se repetindo com frequência, e o rock continua aí, menos vigoroso, mas com muito fôlego, apesar de muitos continuarem a decretar a morte do gênero. Sendo assim, cabe a pergunta de sempre: quem é que vai "salvar" o rock dessa vez, se é que ele realmente precisa ser salvo?

Notas roqueiras: Armored Dawn Convida, Rádio Rock Freeday...

- O projeto “Armored Dawn Convida” precisou ser remarcado para Março de 2021 devido à pandemia da Covid-19. A turnê passará por diversas cidades brasileiras levando música de qualidade com preços acessíveis para os fãs brasileiros de rock e heavy metal. As atrações seguem as mesmas: além da banda anfitriã Armored Dawn, o encontro de peso inclui as bandas Korzus, Dr Sin, Jimmy & Rats e Medjay. Ingressos antecipados já adquiridos seguem valendo para a nova data sem necessidade de troca.

- Com o intuito de promover a divulgação de bandas brasileiras para mais pessoas que gostam do Rock e Heavy Metal, a Rádio Rock Freeday anuncia o lançamento da nova coletânea física “Rock Freeday Collection IV”. A arte do projeto foi assinada pelo designer João Duarte, responsável por capas, sites e cartazes de bandas como Angra, Dream Theater, Rhapsody, Nervosa e outras. A arte representa o atual momento que vivemos, alinhado força, impacto e representatividade das bandas que compõem a quarta edição do projeto, que sempre visa estimular, e amplificar toda divulgação dos estilos que tocam diariamente na programação da web rádio. “Em plena pandemia de corona vírus e de toda problemática do isolamento social, decidimos que a melhor forma de manter as bandas em evidência, e sobretudo, vivas no mercado da música, seria justamente divulgando seus recentes trabalhos para o público alvo”, justifica o editor da Rock Freeday, Alexandre Afonso. A coletânea Rock Freeday Collection é uma produção coletiva, aberta para vários segmentos do Rock e Metal Brasileiro. O quarto volume tem por objetivo abrir mais vias de divulgação para o trabalho das bandas, músicos, cantores e compositores que compõem de forma autoral o seu trabalho. Entre as 19 faixas do disco, estão composições de novos e veteranos artistas do cenário metal, com músicas inéditas e versões exclusivas sugeridas pelas bandas participantes do projeto. O lançamento nacional da coletânea está programado para as primeiras semanas de agosto de 2020, onde começam as distribuições para lojistas, jornalistas, produtores e influenciadores do cenário alternativo brasileiro.

Tracklist – “Rock Freeday Collection IV”:

1. Torture Squad – The Awakener

2. Sevencrows – Deep Thoughts

3. Black Swell – Fire

4. About2Crash – God

5. Killery – Exuding Hate

6. Sepulchral Voice – Evil Never Rests

7. Basttardz – Agrotrash

8. Rage in my eyes – Hole in the shell

9. Sanny Mazza – Não Vou Me Calar

10. Armored Dawn – Men Of Odin (Acústico)

11. Avaken – The Herald

12. Bella Utopia – Surreal

13. Leo Mascarenhas – Lockdown

14. Quantika – Horizon of Madness

15. Inner Call – Empty eyes

16. Black Legacy – Powerless

17. Consciência Coletiva – Consciência Coletiva

18. Ebóris – Viela

19. Caoscracia – Voltas e Revoltas