A ajuda vem a cavalo
Depois das águas de março, uma boa notícia para o ABCD. Um dos programas terapêuticos mais bem-sucedidos do Estado de São Paulo, a equoterapia da ONG (organização não-governamental) Voo da Liberdade se prepara para ampliar os atendimentos a pessoas portadoras de necessidades especiais a partir de abril.
O trabalho é realizado na Pousada dos Pescadores, que fica no km 36 da Estrada Velha de Santos, em São Bernardo. São 14 atendimentos realizados às terças-feiras e aos sábados, com resultados fantásticos. O trabalho é tão bem feito que os profissionais envolvidos são obrigados a recusar pacientes por conta da falta de tempo.
A Voo de Liberdade é um sonho dois profissionais dedicados, Danielle Mialich Rodrigues e Fabiano Tiezzi. Numa parceria com a Pousada dos Pescadores, que é uma das iniciativas de turismo mais importantes da região, consegue prestar um atendimento imprescindível a pacientes e aos familiares.
De acordo com o site www.equoabc.com.br, a equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo como instrumento de trabalho, objetivando a habilitação ou reabilitação de pessoas com comprometimentos físicos, mentais ou comportamentais auxiliando em seu desenvolvimento motor, psíquico e social.
As primeiras referências que se tem do uso da Equoterapia podem ser encontradas em 458-370 a.C. no livro “Das Dietas” de Hipócrates.
A ampliação dos trabalhos da ONG depende de acertos jurídicos e de estatuto, situação que será finalizada em abril. Entretanto, como a maioria das ONGs que presta serviços de assistência superespecializada, a Voo da Liberdade tem as dificuldades normais que instituições do tipo enfrentam no Brasil.
A capacidade de atendimento está no limite, mesmo com a ampliação prevista para abril. Com patrocinadores, públicos ou privados, individuais ou empresariais, o ganho de qualidade – que já é muito alta – seria inestimável, assim como o apoio oficial da prefeitura de São Bernardo. Luiz Marinho, o prefeito que assumiu em janeiro, sempre foi atento a esse tipo de serviço.
Danielle Rodrigues, que coordena o programa ao lado de Fabiano Tiezzi, afirma que os interessados em conhecer a equoterapia na Pousada dos Pescadores podem entrar em contato por meio dos telefones 3423-8896, 7602-3862 e 9237-4406 . Esse serviço tem de ser ampliado e qualquer ajuda ou incentivo é mias do que bem-vindo.
Espaço coordenado pelo jornalista paulistano Marcelo Moreira para trocas de idéias, de preferência estapafúrdias, e preferencialmente sobre música, esportes, política e economia, com muita pretensão e indignação.
quinta-feira, março 26, 2009
O pacote principal ainda não veio
Pacotes habitacionais e financeiros têm efeitos limitados e demorados sobre mercados em crise. A burocracia costuma devorar tempo precioso na concessão do crédito e agentes econômicos, especialmente os bancos, são extremamente conservadores na análise do risco quando a sociedade é a avalista.
Não seria diferente agora, com o mundo do dinheiro farto virtual para a casa própria. E a tendência é de que o dinheiro seja cada vez mais virtual, em razão da falta de arrojo na fiscalização do mercado financeiro pelo governo – qualquer governo, em qualquer país.
A grande pergunta que fica após o pomposo anúncio do pacote da habitação feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva anteontem, quarta-feira, é a seguinte: como é que as pessoas vão poder comprar se o emprego está diminuindo? Sem emprego não se compra casa; não se compra quase nada.
Até agora não se ouviu nada a respeito de um pacotão de emprego. A arrecadação de impostos logo vai cair e o número de empresas quebradas vai explodir. De que adianta liberar dinheiro para comprar casa se o trabalhador estiver desempregado?
Enquanto o governo federal fica refém de discussões intermináveis a respeito da prorrogação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) menor para a indústria automotiva, as demissões continuam, e em ritmo acelerado.
Por mais que as empresas estejam sendo pressionadas pela Justiça, como são os casos da Embraer e de muitas outras, o fato é que essas demissões vão ocorrer. E não medidas decentes sendo estudadas a curto prazo, nem mesmo paliativas.
O grande nó da questão ainda é a carga tributária asfixiante que pesa sobre os contribuintes de todas as categorias no Brasil.
Carga de impostos alta aliada a falta de crédito crônica é uma bomba permanente no colo da sociedade – um governo muito endividado tem de pagar juros altos para conseguir rolar dívidas, fazendo com que bancos e agentes financeiros tenham mais interesse em comprar os títulos desse mesmo governo do que em emprestar ao setor produtivo.
E é quase inacreditável que não consigamos observar sequer um grande economista ou mesmo um executivo público defendendo um pacote generalizado de criação de empregos, que envolva redução de impostos e a criação de contrapartidas do setor produtivo de manutenção de empregos.
Toda a gritaria promovida pelas centrais sindicais e pelos sindicatos em outubro passado surtiu pouco ou nenhum efeito. O dinheiro público que está sendo usado para tentar debelar os efeitos da crise no Brasil está irrigando setores que ainda têm fôlego. Ações pontuais e direcionadas, mas com pouco efeito prático no contexto geral da crise.
É claro que as medidas do pacote habitacional terão efeito sobre a questão do emprego, mas não agora. E o epicentro da crise do emprego é a indústria descapitalizada. Medidas para estimular o consumo de bens duráveis ainda são tímidas, enquanto o nível de emprego continua diminuindo.
É sempre bom lembrar que o emprego industrial é um emprego de mais qualidade, de mais valor agregado, com salários maiores e mais capacidade de consumo. Logo, qualquer impacto da crise sobre a grande indústria é muito mais delicado e danoso.
Os setores de comércio e serviços não têm condições de segurar a onda da desaceleração econômica. Então, volto a perguntar: com o desemprego aumentando, vamos financiar casas para quem?
Pacotes habitacionais e financeiros têm efeitos limitados e demorados sobre mercados em crise. A burocracia costuma devorar tempo precioso na concessão do crédito e agentes econômicos, especialmente os bancos, são extremamente conservadores na análise do risco quando a sociedade é a avalista.
Não seria diferente agora, com o mundo do dinheiro farto virtual para a casa própria. E a tendência é de que o dinheiro seja cada vez mais virtual, em razão da falta de arrojo na fiscalização do mercado financeiro pelo governo – qualquer governo, em qualquer país.
A grande pergunta que fica após o pomposo anúncio do pacote da habitação feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva anteontem, quarta-feira, é a seguinte: como é que as pessoas vão poder comprar se o emprego está diminuindo? Sem emprego não se compra casa; não se compra quase nada.
Até agora não se ouviu nada a respeito de um pacotão de emprego. A arrecadação de impostos logo vai cair e o número de empresas quebradas vai explodir. De que adianta liberar dinheiro para comprar casa se o trabalhador estiver desempregado?
Enquanto o governo federal fica refém de discussões intermináveis a respeito da prorrogação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) menor para a indústria automotiva, as demissões continuam, e em ritmo acelerado.
Por mais que as empresas estejam sendo pressionadas pela Justiça, como são os casos da Embraer e de muitas outras, o fato é que essas demissões vão ocorrer. E não medidas decentes sendo estudadas a curto prazo, nem mesmo paliativas.
O grande nó da questão ainda é a carga tributária asfixiante que pesa sobre os contribuintes de todas as categorias no Brasil.
Carga de impostos alta aliada a falta de crédito crônica é uma bomba permanente no colo da sociedade – um governo muito endividado tem de pagar juros altos para conseguir rolar dívidas, fazendo com que bancos e agentes financeiros tenham mais interesse em comprar os títulos desse mesmo governo do que em emprestar ao setor produtivo.
E é quase inacreditável que não consigamos observar sequer um grande economista ou mesmo um executivo público defendendo um pacote generalizado de criação de empregos, que envolva redução de impostos e a criação de contrapartidas do setor produtivo de manutenção de empregos.
Toda a gritaria promovida pelas centrais sindicais e pelos sindicatos em outubro passado surtiu pouco ou nenhum efeito. O dinheiro público que está sendo usado para tentar debelar os efeitos da crise no Brasil está irrigando setores que ainda têm fôlego. Ações pontuais e direcionadas, mas com pouco efeito prático no contexto geral da crise.
É claro que as medidas do pacote habitacional terão efeito sobre a questão do emprego, mas não agora. E o epicentro da crise do emprego é a indústria descapitalizada. Medidas para estimular o consumo de bens duráveis ainda são tímidas, enquanto o nível de emprego continua diminuindo.
É sempre bom lembrar que o emprego industrial é um emprego de mais qualidade, de mais valor agregado, com salários maiores e mais capacidade de consumo. Logo, qualquer impacto da crise sobre a grande indústria é muito mais delicado e danoso.
Os setores de comércio e serviços não têm condições de segurar a onda da desaceleração econômica. Então, volto a perguntar: com o desemprego aumentando, vamos financiar casas para quem?
A verdade sobre a internet
A revista Veja desta semana, 25 de março, traz uma interessante reportagem sobre o livro O Culto do Amador, de Andrew Keen. Ele conseguiu fazer o melhor resumo que é a internet hoje:
Terra arrasada
A internet está destruindo a cultura, diz Andrew Keen, autor de O Culto do Amador – livro que acusa a rede de pecados graves
Anonimato
É fácil assumir identidades falsas na rede. Pedófilos, fraudadores de cartão de crédito e propagandistas políticos podem esconder suas verdadeiras (e más) intenções
Ignorância
Em um meio em que todos podem escrever – e até contribuir com verbetes para enciclopédias como a Wikipedia –, o conhecimento dos especialistas tem menos valor que os equívocos da massa
Pirataria
A noção de direito autoral foi posta em xeque pelo download de músicas, filmes e livros na rede, causando prejuízos a empresas e artistas
Impunidade
Na imprensa tradicional, os jornalistas podem responder judicialmente pelo que escrevem. A internet, ao contrário, é anônima e irresponsável – um território livre para caluniadores
A revista Veja desta semana, 25 de março, traz uma interessante reportagem sobre o livro O Culto do Amador, de Andrew Keen. Ele conseguiu fazer o melhor resumo que é a internet hoje:
Terra arrasada
A internet está destruindo a cultura, diz Andrew Keen, autor de O Culto do Amador – livro que acusa a rede de pecados graves
Anonimato
É fácil assumir identidades falsas na rede. Pedófilos, fraudadores de cartão de crédito e propagandistas políticos podem esconder suas verdadeiras (e más) intenções
Ignorância
Em um meio em que todos podem escrever – e até contribuir com verbetes para enciclopédias como a Wikipedia –, o conhecimento dos especialistas tem menos valor que os equívocos da massa
Pirataria
A noção de direito autoral foi posta em xeque pelo download de músicas, filmes e livros na rede, causando prejuízos a empresas e artistas
Impunidade
Na imprensa tradicional, os jornalistas podem responder judicialmente pelo que escrevem. A internet, ao contrário, é anônima e irresponsável – um território livre para caluniadores
Roqueiro Iggy Pop canta Tom Jobim em novo álbum
da Folha Online
Uma das faixas do novo álbum de Iggy Pop, "Preliminaires" (preliminares), será "How Insensitive", versão em inglês de "Insensatez", de Antônio Carlos Jobim. O CD chegará ao Brasil no dia 18 de maio pela EMI. Nesse trabalho, Iggy se afasta do punk rock e se volta para o jazz.
"É um álbum mais tranquilo com alguns harmônicos de jazz", disse Iggy em um vídeo. "Isso é porque chegou um certo momento em que simplesmente fiquei enjoado de ouvir brutamontes idiotas com suas guitarras, tocando música ruim."
Para compor esse disco, o músico se inspirou em Louis Armstrong e jazz no estilo de Jelly Roll Morton, e no romancista francês Michel Houellebecq, autor de "A Possibilidade de uma Ilha".
"Ele [o livro] fala sobre morte, sexo, o fim da raça humana e também sobre outras coisas bastante engraçadas (...). Li o livro de forma verdadeiramente prazerosa, assim que ele foi lançado, e, na minha cabeça, estava compondo as músicas que seriam a trilha sonora da minha alma ao ler aquela história", explica.
Outro título que constará no álbum é "King of the Dogs", em que conta a história de um cachorro chamado Fox, que explica "como é mais legal ser um cachorro".
A arte do novo álbum será criada pela iraniana Marjane Satrapi, autora do quadrinho "Persépolis", que também virou uma animação para os cinemas.
Satrapi conheceu Iggy em 2007, quando ela o convidou para emprestar sua voz a um dos personagens do seu filme.
da Folha Online
Uma das faixas do novo álbum de Iggy Pop, "Preliminaires" (preliminares), será "How Insensitive", versão em inglês de "Insensatez", de Antônio Carlos Jobim. O CD chegará ao Brasil no dia 18 de maio pela EMI. Nesse trabalho, Iggy se afasta do punk rock e se volta para o jazz.
"É um álbum mais tranquilo com alguns harmônicos de jazz", disse Iggy em um vídeo. "Isso é porque chegou um certo momento em que simplesmente fiquei enjoado de ouvir brutamontes idiotas com suas guitarras, tocando música ruim."
Para compor esse disco, o músico se inspirou em Louis Armstrong e jazz no estilo de Jelly Roll Morton, e no romancista francês Michel Houellebecq, autor de "A Possibilidade de uma Ilha".
"Ele [o livro] fala sobre morte, sexo, o fim da raça humana e também sobre outras coisas bastante engraçadas (...). Li o livro de forma verdadeiramente prazerosa, assim que ele foi lançado, e, na minha cabeça, estava compondo as músicas que seriam a trilha sonora da minha alma ao ler aquela história", explica.
Outro título que constará no álbum é "King of the Dogs", em que conta a história de um cachorro chamado Fox, que explica "como é mais legal ser um cachorro".
A arte do novo álbum será criada pela iraniana Marjane Satrapi, autora do quadrinho "Persépolis", que também virou uma animação para os cinemas.
Satrapi conheceu Iggy em 2007, quando ela o convidou para emprestar sua voz a um dos personagens do seu filme.