O Dream Theater, grande banda americana que virou sinônimo de metal progressivo, estava no auge de sucesso e de megalomania por volta de 2002, a ponto de lançar uma música de 42 minutos de duração no álbum "Six Degrees and Inner Turbulence" após o megassucesso de "Metropolis", que marcou a estreia do tecladista Jordan Rudess.
O álbum duplo de 20 anos atrás também marca o auge da luta do baterista Mike Portnoy contra o alcoolismo, um combate pesado que inspirou o baterista a compor letra e música, com alguma ajuda de parceiros, de cinco peças que foram espalhadas por vários álbuns e que poderia ser um disco independente. Poderia, se o baterista não tivesse saído em 2010.
Cada uma representa um número do Programa de 12 passos (método criado nos Estados Unidos para tratamento do alcoolismo). As canções têm a característica de recorrerem a músicas e temas líricos. Como no programa de 12 passos, a compilação possui um total de 57:16 minutos. Todos os passos da saga começam com as letras "Re".
"Six Degrees and Inner Trubulence", o álbum de 2002, abre com "The Glass Prison", a primeira música da chamada "12 Step Suite", como ficou batizada informalmente a série de cinco canções sobre a luta contra o alcoolismo, com 57 minutos de duração.
As outras canções são "This Dying Soul" (do disco "Train of Though", de 2003), "The Root of All Evil" (disco "Octavarium", de 2005), "Repentance" (do disco "Systematic Chaos", de 2007) e "Shattered Fortress" (do disco "Black Clouds ans Silver Linings", de 2009).
A opção por espalhar as músicas da "suíte" por cinco álbuns ocorreu para que o assunto não ficasse restrito a apenas um disco, por sua importância e seu impacto. Além do mais, a banda refinou o tratamento temático dado ao alcoolismo e não quis que se torna-se um tema central de um álbum conceitual.
Com o fim da sequência, no álbum de 2009, Portnoy imaginava a possibilidade de lançar um trabalho juntando as cinco músicas para ser lançado em período de férias ou hiato da banda, mas as divergências internas impediram esse projeto.
O baterista já tinha assumido diversos projetos paralelos para o biênio 2010-2011 e tentou fazer com que o Dream Theater estendesse o seu período de descanso ou, ao menos, limitasse as suas atividades para que pudesse se dedicar ao Transatlantic e a várias bandas-tributo que criou.
Segundo pessoas ligadas à banda ouvidas por vários sites americanos e ingleses, seria neste período que Portnoy tentaria propor algo ligado ao "12 Step Suite", mas o baterista perdeu a disputa em todas as suas investidas e acabou saindo do grupo.
Informalmente, circulam na internet vários arquivos com as cinco músicas reunidas no "álbum" chamado "12 Step Suite" que muita gente pensa ser um lançamento oficial. Entretanto, é algo que apenas fãs incondicionais da banda levam com alguma seriedade, fazendo eles mesmos a "junção" em arquivos digitais.
Independentemente das tretas e das divergências, "12 Step Suite" é uma sequência de alta qualidade e com conteúdo denso e importante.
Possivelmente, é o melhor tratado a respeito do alcoolismo composto dentro do rock: é um relato sem concessões, cru, direto, mas sem autopiedade e autocomiseração. O alcoolismo é tratado como doença grave, com consequências graves para o doente, para parentes e amigos. Não há glamour nem toques de romantização.
Em maio de 2014, durante uma entrevista ao "Trunk Nation", do radialista Eddie Trunk, Mike Portnoy comentou o acordo da banda norte-americana de heavy metal Queensryche com seu ex-vocalista Geoff Tate (que cedeu o nome do grupo mas exigiu os direitos sobre os álbuns "Operation Mindcrime I e II".
Segundo o baterista, quando saiu do Dream Theater não pensou na possibilidade de reivindicar para si os direitos exclusivos da sequência "12 Step Suite". "Quebraria o seu coração se a banda resolvesse tocar as canções em sequência", disse o músico - algo que a banda nunca fez e nunca demonstrou intenção em fazer.
Depois de dez anos dos entreveros, em 2020, Portnoy voltou a se relacionar com os antigos colegas, tanto que tocou em todas as músicas do mais recente disco solo do guitarrista John Petrucci.
Ao lado do guitarrista e do ex-desafeto Jordan Rudess, tecladista do Dream Theater, reativou o projeto Liquid Tension Experiment, que lançou um disco excelente em 2021 - grupo que ainda tem a participação do baixista Tony Levin (King Crimson e Peter Gabriel).
Por fim, em abril de 2022, pela primeira vez assistiu a uma apresentação do Dream Theater ao vivo, na casa de show, e a mesmo tempo recebendo o convite para visitar os músicos nos bastidores ao final da apresentação.
Foi ali que finalmente fez as pazes com o vocalista James LaBrie, considerado o seu maior desafeto na banda. Diante da pacificação geral, não se descarta que a banda possa inserir "12 Step Suite" em algum show futuro ou até mesmo lançar a sequência como bônus em algum material. Mike Mangini, o atual baterista do Dream Theater, segue firme no posto, segundo declarou John petrucci mis de uma vez ao longo dos último seis meses.
Nenhum comentário:
Postar um comentário