segunda-feira, novembro 27, 2006

O DESTINO DO PALMEIRAS É SE TORNAR UM TORINO


Dois gigantes do futebol europeu do século passado estão penando para manter-se minimamente competitivos em relação aos concorrentes e rivais. O Atlético de Madri, que já teve Luís Pereira e Leivinha, foi por muitos anos a terceira força espanhola, mas, depois de seu nono título nacional, em 1996, entrou em crise, caiu para a segunda divisão em 2000 e só retornou à elite em 2003.

Hoje Sevilla, Valencia, Villarreal e Deportivo La Coruña o ultrapassaram em importância. Pelo menos ainda mantém resquício de um passado glorioso e tenta sair do atoleiro.

Já o italiano Torino, provavelmente o melhor time europeu entre 1945 e 1949, base da seleção italiana da época, é um caso mais dramático.

Sete vezes campeão nacional e frequentador assíduo de finais de competições européias, mergulhou em crise gigantesca no início dos anos 90, quando subiu e desceu várias vezes entre as séries A e B do Campeonato Italiano até finalmente falir em 2005, dando lugar a uma nova agremiação - deixou de ser o AC Torino para virar Torino FC. Hoje está de volta à Série A, mas logo voltará à B.

O Palmeiras é bem maior que os dois times acima. Tem a quarta maior torcida do Brasil e é considerado por muitos rankings o campeão do século XX no Brasil. O Torino é só a oitava torcida italiana e o Atlético de Madri com dificuldade situa-se entre as cinco maiores torcidas espanholas. E, no entanto, parece que os diretores palmeirenses estão muito empenhados em transformar o time no Torino, para depois seguir a passos largos em direção à situação da Lusa.

De clube modelo e com o caixa em dia, que passou mais de 30 anos sem atrasar um dia sequer os salários de funcionários e jogadores, rivalizando em termos de gestão administrativa (incluindo a parte social) com o São Paulo, passou a uma filial de clubes cariocas.

Os atrasos ainda são dias, e não escandalosos como no futebol do Rio de Janeiro, mas mostra que caminho fantático está trilhando o time verde paulistano. As dívidas se acumulam - R$ 37 milhões de déficit até setembro de 2006, segundo Dallmo Pessoa, no programa Mesa Redonda da TV Gazeta.

A campanha ridícula de 2006 era prevista, pois deveria ter acontecido já em 2004. Milagrosamente, Estevam Soares conduziu uma eqipe de segunda divisão dentro e fora de campo à Taça Libertadores. Em 2005, mesmo caos e mesma qualidade ruim de elenco e diretoria, mas Emerson Leão fez outro milagre e levou novamente o time à Libertadores. Só que os problemas continuaram e continuam.

Fala-se muito em choque de gestão, em modernização de departamento de futebol, administração profissional e outras palavras belas do jargão de gurus de marketing e auto-ajuda. Mas como implantar conceitos modernos como esses em um lugar onde conselheiro se vende por um cafezinho na sala da presidência, ou por um carguinho de diretor de bocha?

Como pedir empenho e profissionalismo em um lugar que até então pagava em dia, mas onde predominava a omissão, a vaidade e o clientelismo? É exatamente assim que funciona o departamento de futebol do Palmeiras, loteado e ocupados por incompetentes, interesseiros e oportunistas.

Como é que o omisso presidente permitiu a fritura e demissão de um técnico reconhecidamente competente como Leão? Como ele permitiu que a vaidade de um diretor desconhecido e incompetente predominasse em plena disputa da Libertadores?

E como é que o mesmo omisso permitiu que o diretor de futebol, muito mais incompetente, conseguisse xingar em público o técnico do time, que era um oásis de competência, e assim provocar sua saída, somente porque havia sido contratado pelo vaidoso diretor anterior responsável pela saída de Leão?

Diante de um quadro desolador desses, como exigir comprometimento de um elenco reconhecidamente ruim e desinteressado, com problemas internos visíveis, principalmente de caráter?

Como é que um monstro sagrado como o goleiro Marcos pode impor sua liderança se jogadores mais novos como Ilsinho e Francis simplesmente cospem na instituição, como se o Palmeiras fosse um clube qualquer? Logo Francis, que ficou exilado no Palmeiras B - de onde não deveria ter saído - falando grosso e ignorando a sabedoria de Marcos, Sérgio e Edmundo...

Esse roteiro é exatamente o mesmo que foi seguido pelo Torino nos anos 90, a julgar pelas informações publicadas pelo sério Gazzetta Dello Sport. Se o objetivo é esse, então com certeza é a única ação competente da diretoria do clube nos últimos anos. é o projeto Série B 2008 by Della Monica/Mustafá.

P.S.: Com as devidas adaptações, esse texto também pode servir para ilustrar a crise corintiana.

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