Eu tinha prometido não tocar no assunto, por considerar perda de tempo, mas a indignação que tomou conta dos redatores do site Whiplash me comoveu e faço minhas as palavras deles a respeito do preconceito demonstrado pela TV Globo sobre a morte de Dimebag Darrell, do Damageplan. Aliás, preconceito semelhante ao que acomete a péssima editoria de Cultura da Veja, que emprega o péssimo repórter Sérgio Martins. O texto abaixo foi reproduzido do Whiplash:
"Como era de se esperar, a morte de Dimebag Darrell se tornou a bola da vez da imprensa sensacionalista. Entre tantas outras emissoras e veículos a rede Globo se destacou com uma cobertura sensacionalista e preconceituosa da morte do ex-guitarrista do Pantera.
Na reportagem levada adiante no Jornal Nacional pelo correspondente Willian Wack, Dimebag (a esta hora não mais uma vítima) foi mostrado como um usuário de drogas (devido ao apelido, que traduzido, significa "trouxa de maconha") pregador do ódio e violência. Houveram ainda insinuações de que acidentes do tipo em shows de heavy metal se tornam mais comuns a cada dia.
Logo a seguir, o comentarista Arnaldo Jabor apresentou um editorial intitulado "Não Sobrou Nada" (título disponível no site da Globo) igualmente equivocado e preconceituoso. Leia na íntegra:
"O rock começou como canto à alegria e à liberdade, música de esperança numa era de utopias e flores. Aos poucos, a ilusão foi passando. Em 68, a esperança jovem foi sendo detida pela reação da caretice mundial. Os ídolos começaram a morrer: Janis Joplin, Jimmy Hendrix sumiram juntos.
Na década de 70, o que era novo e belo se transforma nos embalos de sábado à noite e começa o tempo da brilhantina. Junto com a caretice dos Beegees, o que era liberdade cai na violência. Em Altamont, no show dos Stones, a morte aparece. Charles Manson é o hippie assassino e o heavy metal o punk vão glorificar o barulho e o ódio.
Com a pressão do mercado mais sólida e invencível, a falsa violência comercial, sem meta, nem ideologia, fica mais louca e ridícula. Os shows de rock viram missas negras que lembram comícios fascistas. É musica péssima, sem rumo e sem ideal. A revolta se dissolve e só fica o ódio e o ritual vazio. Hoje, chegamos a isso, a essas mortes gratuitas. A cultura e a arte foram embora e só ficou a porrada."
O que seria óbvio para tantos fugiu à percepção de Jabor e da Globo: se fosse alguma faceta da música em questão o que levasse um fã demente a assassinar o seu ídolo, John Lennon, assassinado em um outro 8 de dezembro, ainda estaria vivo. Como era de se esperar, uma massa gigantesca de emails foi enviada à Rede Globo por fãs indignados com a cobertura da emissora sobre a morte de Darrell. Um funcionário da emissora respondeu a uma das mensagens, dando detalhes possíveis sobre a reportagem e a relação do heavy metal dentro da emissora. Seu nome não será revelado.
"Antes de mais nada devo confessar que não acompanhei a cobertura, assim não tenho condições para comentar. Agora, uma coisa é a matéria jornalística, outra é a opinião livre do Jabor. E, mesmo nesse caso, aposto que se ele pisou na bola foi por absoluta falta de conhecimento. Há algum tempo eu tive que dar umas "aulas" por aqui para explicar que "hip-hop" não era apologia do tráfico. Vou comentar com a moçada, mas esse episódio serve para mostrar que as pessoas aqui agem e eventualmente erram com independência, ou preconceito pessoal, uma vez que ninguém pode imaginar que existe uma recomendação editorial contra heavy-metal... Grato pelo toque. Abraço."
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