A maior honra na biografia de Yasser Arafat foi ter criado o moderno conceito de terrorismo. Sua morte pode não resolver nada na questão palestina, já que Israel vai continuar a massacrar os árabes com a complacência do mundo, mas certamente renderá toneladas de análises sociológicas e geopolíticas.
O terrorista para alguns é o líder revolucionário de um povo para outros. A frase é verdadeira e se aplica a Arafat, que para consumo externo foi o grande líder palestino que lutou contra o judeu invasor e opressor. Para consumo interno era um ditador fanático e implacável, politiqueiro ao extremo, manipulador e, no mínimo, complacente com a corrupção e com a corja de amigos, apaniguados e bajuladores que lhe davam suporte.
Como administrador, foi um desastre. Como diplomata, um fiasco horrendo. Como estadista, nunca passou de um terrorista. Seu legado foi ter criado as bases e a cartilha de uma modalidade sangrenta e inútil de matar. Se por um lado deu visibilidade à causa palestina, o terror de Arafat contribuiu bastante para destruir mais e mais a imagens dos árabes, atraindo a ira do Ocidente, a intolerância dos invasores israelenses e o pouco caso dos soviéticos e asiáticos. Arafat errou muito mais do que acertou, e não estará mais aqui para pagar por seus erros crassos.
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