O melhor da música em 2009
No ano em que finalmente as gravadoras resolveram enfrentar a nova era, recheada de downloads gratuitos (e ilegais) e a proliferação dos CDs e DVDs piratas, a criatividade parece ter dado novamente as caras.
Pena que isso ocorra no exterior, e não no mercado brasileiro, ainda dependente da figura cada vez mais patética de Roberto Carlos, do lixo baiano chamado axé, das porcarias denominadas música sertaneja (que de sertaneja nada tem) e principalmente dos dejetos sonoros de todo o tipo de música religiosa.
E o que dizer das novas pseudo-cantoras da MPB? Agora é moda nas rádios e nos cadernos de cultura de qualquer jornal valorizar qualquer mocinha bonitinha sem voz que canta mal, maz adora fazer pose de intelectual. É tanto lixo que não vale a pena citar nenhuma delas.
Assim sendo, sobrou apenas o blues e o rock em 2009 para tentar salvar a qualidade em um mundo que cada vez menos valoriza o bom produto artístico, em qualquer área.
O que de melhor rolou em 2009:
Gov't Mule - Filhote do Allman Brothers nascido em 1994 no sul dos Estados Unidos, lançou o melhor álbum do ano, "By a Thread", bluesda melhor qualidade misturado a rock pesado do calibre de Cream e Foghat. "Inside Ouside Woman Blues" é um blues pesado que remonta aos melhores momentos dos anos 70.
Dream Theater - O Queensryche inventou, mas o Dream Theater deu forma e aperfeiçoou o metal progressivo. "Black Clouds and Silver Lining" tem apenas seis músicas, mas que são verdadeiras aulas de técnica e melodia aliadas a um peso extraordinário. A banda de Nova York comemora 25 anos de carreira com mais versatilidade e peso. Ouça "Wither", "Rites of Passage" e "Night to Remember".
Judas Priest - Depois do incompreendido "Nostradamus", de 2008, o grupo inglês lançou "A Touch of Evil -Live", registrado ao vivo durante a turnê do CD. A diferença é que o trabalho traz 11 músicas que raramente são tocadas pela banda. Muito bem gravado e com a banda afiada, tem como destaques "Painkiller" e "A Touch of Evil".
Iron Maiden - "Flight 666" é a trilha sonora do documentário que registra a turnê de 2008-2009 e que chegou aos cinemas em meados do ano passado. Imperdível para quem gosta do bom heavy metal.
Kiss - Para quem esperava a farofa de sempre, "Sonic Boom", o primeiro trabalhocom músicas inéditas do Kiss em 11 anos surpreende por ser pesado, rápido e muito bem produzido. A veia pop permanece, mas há menos concessões. As guitarras estão mais limpas e na "cara", em sintonia com as melhores produções do rock atual. Procure a versão tripla, que contém o original, um DVD com um show e um CD extra com clássicos da banda regravados e lançados somente no Japão em 2008.
Saxon - Tudo o que banda produz é clássico e da melhor qualidade. Heavy metal tradicional em "Into the Labyrinth", mas com produção impecável e músicas mais inspiradas que as do último álbum "Inner Sanctum", de 2007. Porada do começo ao fim, com muita velocidade, técnica e melodia. "Batallions of Steel", que abre o álbum, é uma das melhores músicas da década.
Shadowland - Depois que o movimento punk pretensamente matou o rock progressivo em 1980, uma nova leva de bandas inglesas surgiu para ressuscitar o estilo, batizado de neo-progressivo e tendo como principais nomes Marillion, IQ, Pendragon, Oliver Wakeman, Pallas e Arena. O punk morreu - para nossa sorte, talvez? - mas o rock progressivo renasceu e continua vivo graçasa bandas como o Shadowland, um dos vários projetos paralelos de Clive Nolan, do Pendragon. "A Matter of Perspective" e "Edge of Night-Live" são dois lançamentos que sintetizam o que melhoro rock progressivo produziu nos anos 2000.
Chickenfoot - Superbanda que reúne dois ex-Van Halen (Sammy Hagar e Michael Anthony), o gênio da guitarra Joe Satriani e o baterista Chad Smith, do Red Hot Chili Peppers. Hard rock da melhor qualidade, direto na cara, mas com músicas bem elaboradas graças a Satriani. O álbum "Chickenfoot" foi um dos dez mais mais vendido no primeiro semestre nos Estados Unidos.
Slayer - Maestria no thrash metal, o melhor CD da banda norte-americana em dez anos. Brutalidade e peso misturados com muita técnica. "World Painted Blood" ainda mostra os letristas Kerry King e Jeff Hanneman mais inspirados e furiosos.
Shadow Gallery - Segundo nome mais importante do metal progressivo norte americano, ao lado do Fates Warning e do Symphony X. "Digital Ghosts" é o sexto CD da banda e está mais pesado que os anteriores e traz como novo vocalista, Brian Ashland - que substitui Mike Baker, que morreu de ataque cardáico em 2008. Com influências claras de Dream Theater e Queensryche, tem como destaques as músicas "Strong" e "Venom".
Them Crooked Vultures - Mais um supergrupo. O ex-Led Zeppelin John Paul Jones, no baixo, recebe a companhia de Josh Homme (guitarrista do Queens of the Stone Age) e Dave Grohl (guitarrista do bom Foo Fighters e ex-baterista do péssimo Nirvana). Surpreendentemente pesado e rápido, faz uma mistura de heavy metal, harcore e hard rock, soando no mínimo inusitado. O álbum auto-intitulado vendeu muito neste fim de ano.
Nashville Pussy - O que era para ser uma piada se tornou uma excelente banda de hard rock. O casal de guitarristas (casados fora do palco também) Blaine Cartwright e Ruyter Sys só queriam fazer covers do Motorhead e tomar muita cerveja, mas cometeram uma série de canções da melhor tradição do rock pesado: som cru, reto, com guitarras ultra-distorcidas e letras sacanas. Uma mistura de Motorhead, AC-DC e Lynyrd Skynyrd. "From Hell to Texas", o CD deste ano, é obrigatório.
Muse - O britpop é aquele mesmo movimento que de vez em quando ressurge do limbo para despejar porcarias nos rádios como Radiohead, Coldplay, Oasis, Blur, Suede, Keane, Smiths, Echo and the Bunnymen, The Cure, Depeche Mode e mais uma infinidade de porcarias. De vez em quando algo se salva. É o caso do Muse, que temnídas influências do rock progressivo e do heavy metal. "Resistance", de 2009, vale a audição.
The Clash - "Live at Shea Stadium" traz um histórico concerto do quarteto inglês em Nova York em outubro de 1982, abrindo para The Who, então em turnê de despedida. Única banda egressado movimento punk que prestou, já havia deixado o sectarismo de suas origens e abraçado novas tendências e influências. Tirando as músicas influenciadas pelo reggae (outra porcaria), o Clash tocou rápido e pesado. Registro histórico importante.
Lynyrd Skynyrd - Ora country, ora southern rock, o ícone do rock sulista norte-americano comemora 40 anos de fundação com o mais puro hard rock, beirando o heavy metal. Duelos mortais de guitarra, baixo gordo e pesado e bateria esmurrada, o grupo mostra a vitalidade que os Allman Brothers perderam nos anos 90. A música de abertura do CD "God & Guns", de 2009, é "Still Unbroken" e define o que é a obra.
Evile - "Infected Nations" é a maior novidade no heavy metal em 2009. O Evile é diretamente influenciado por Metallica, Testament e Exodus e hoje é a mais pesada e visceral banda de thrash metal da atualidade. CD obrigatório para quem gosta de som pesado.
Lamb of God - Depois de uma década de chamado "new metal" - música pseudo-pesada ruim misturada a elementos eletrônicos detestáveis - eis que a surge a redenção do heavy metal. Saem coisas horrorosas como Korn, Limp Bizkit, Linkin Park e Slipknot e entram bandas furiosas, mas tecnicamente excelentes, como as norte-americanas Cage, High on Fire, Black Tide e o mais importante, Lamb of God. O último CD, "Wrath", é uma porrada sonora, juntando o melhor do thrash metal oitentista com o peso do heavy europeu dos anos 90.
Mastodon - Melhor banda de heavy metal dos anos 2000, ao lado do Lamb of God. O último trabalho, "Crack the Skye", aprofunda a aliança entre o peso à la Black Sabbath e o metal progressivo. Também norte-americana, é que mais se aproxima do que se produz hoje na vanguarda do rock pesado europeu, especialmente o sueco.
Porcupine Tree - Banda integrante da segunda onda do neo-progressivo inglês, é praticamente a resposta britânica ao Dream Theater, juntamente com o Threshold. "The Incident" abusa do experimentalismo e dos ruídos extraídos da guitarra, lembrando o Sonic Youth, só que com muito mais inteligência e qualidade. Indispensável para quem gosta de vanguardismo e surpresas sonoras.
Dr. Sin - É regravação do primeiro CD, de 1993, mas merece a menção. O trio paulistano chamou de "The Original Dr. Sin" o bom trabalho do ano passado. Com uma produção um mulhão de vezes melhor e com vocais mais maduros e experientes, o trabalho é uma pérola diante da mediocridade do mercado nacional atual. E o melhor, cantado em inglês, como tem de ser o verdadeiro rock.
Shaman -A nova formação dos paulistanos do Shaman produziu o que de melhor se fez no heavy metal feito no Brasil. "Immortal" é pesadíssimo, com guitarras estonteantes e muito bem produzidas, além de um fenomenal trabalho de bateria. O novo vocalista, Thiago Bianchi, substituiu André Matos à altura. A edição 2009 de "Immortal" traz um CD bonus, "Anime Alive", gravado no festival de mesmo nome.
André Matos - Logo após sair do Shaman, lançou o melhor CD brasileiro de heavy metal, "Time to Be Free". Em 2009, o cantor paulistano subiu a qualidade e lançou "Mentalize", bem mais pesado e mais experimental, com letras mais densas e sonoridade européia. Uma aula de música pesada bem feita.
Kavla - "Surreal" é a prova de que, de onde se menos espera, de vezem quando surge coisa ótima. Catorze anos depois do CD de estreia e de muita letargia, o sexteto paulistano lança o melhor trabalho do underground nacional em 2009. Muito pesado e com duelos de guitarras em todas as músicas, consegue dosar de forma equilibrada o metal progressivo com a veia tradicional do estilo. Ouça "Impersonal World".
3 comentários:
Mendes Jr disse...
Meu caro Marcelo, como tem trouxa neste mundo näo é mesmo? Quem é esse tal de "Baitoläo do CAvaco" deve ser "Bambi" esse infeliz... será que esse BABACA DO CAVACO que se diz "sambista" näo tem mais o que fazer do que ficar deixando sua PÉSSIMA educaçäo nos blogs que visita...bem de qualquer forma é de se questionar se esse PAGODEIRO sabe interpretar qualquer texto que seja um pouco mais complexo do que as letras "BABOZENTAS" dos pagodes de dancinha ensaiada que ele deve ouvir...MORTE PARA AS MÚSICAS DE PÉSSIMA QUALIDADE, SE É QUE SE PODE CHAMAR PAGODE DE MÚSICA...ESSE INFELIZ NÄO DEVE SABER NEM O QUE VEM SER UMA CLAVE DE SOL...QUANTO MAIS O QUE É MÚSICA....
Glauco disse...
Que vergonha Peixotão, porra?! Você precisa mesmo disso? Cliquei sem querer no link do Marcelo Moreira e vi que ele tinha um blog. Fiquei surpreso e fui ver do que se tratava e você tá fazendo aqui muito pior do que ele faz no blog do Calixto.
Poxa, puta coisa de desocupado. Acho desnecessário, você não precisa (não precisava) disso. Seus argumentos no blog do Leandro Calixto eram válidos e suficientes para contrapor o cara sem partir para esse tipo de ofensa gratuita que não leva a nada.
Seja sambista, hardcore, underground, punk, etc, cada um tem de saber conviver com críticas. Essa democracia é o que faz girar o mundo e faz também girar o blog do nobre Leandro.
Mesmo porque se dependender de comentários só de sambistas, o blogueiro certamente iria perder o emprego.
Um abraço a você Peixotão, não leve isso a mal, ok?
Glauco
10:42 PM
Nem perderei meu tempo com esses seres limitados e indigentes intelectuais. Pelos termos e pelo textinho, Valter, deu para perceber que o cara que escreveu e que foi extirpado desse ambiente é analfabeto.
E o tal de Glauco, que é um oásis de inteligência em um blog de samba do Estadão, do bom jornalista Leandro Calixto, disse tudo, nada tenho a acrescentar.
Tadinho, Peichotário...
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