sexta-feira, abril 09, 2010

Publicações que se recusam a morrer


Qualquer estudante de jornalismo aprende no primeiro ano de faculdade que um jornal ou revista começa a morrer dez anos antes, seja por fuga de leitores, depreciação de anúncios ou simplesmente por arrogância de quem edita.

Quatro importantes publicações brasileiras morreram faz tempo, embora ainda assombrem as bancas da Grande São Paulo atualmente, sem qualidade, sem respeito por seu passado e pelos seus leitores.

A Folha Metropolitana, de Guarulhos, foi talvez a única publicação de fora da Capital a conseguir ameaçar e ombrear em prestígio os grandes jornais. Teve o seu auge nos 70 e comecinho dos anos 80, quando tinha redação grande e jornalistas talentosos.

Interesses diversos e administrações desastrosas fizeram com que a publicação da segunda cidade mais populosa do Estado naufragasse e flertasse com a irrelevância. De vez em quando dá algum sinal de vida, mas nada que dê alguma esperança de recuperação, infelizmente.

O Diário do Grande ABC fez parte, nos anos 70 e 80, de um grupo importante de jornais regionais de bom nível – chegou mesmo a fazer frente à Folha Metropolitana na Grande São Paulo.

Além dos dois jornais, tiveram bastante importância naquela época o Diário do Povo e o Correio Popular, de Campinas, o Valeparaibano, de São José dos Campos, e a Tribuna, de Santos.

Entretanto, o Diário do Grande ABC entrou em uma espiral descendente assustadora no começo dos nos 2000, misturando jornalismo ruim com brigas societárias e familiares.
À beira do colapso financeiro, acabou nas mãos de gente que não é do ramo, tanto na administração como na parte editorial.

Totalmente sem rumo, a publicação tem sido ridicularizada em redações profissionais e pelo mercado publicitário da Grande São Paulo, sinais plenos de problemas com credibilidade e qualidade.

Intelectuais da região e professores de jornalismos das faculdades do ABCD não hesitam, em qualquer palestra ou conversa informal, em dar a extrema-unção ao diário regional.

Vai pelo mesmo caminho a revista Livre Mercado, agora escrita com grafia separada. Depois de passar das mãos do jornalista e publisher Daniel Lima para a administração do empresário Walter Santos, a revista parou de repercutir.

Sua distribuição é incerta e praticamente desapareceu das bancas de jornal relevantes de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema.

Finalmente, a revista Rock Brigade, que já esteve entre as dez mais influentes do mundo no segmento de heavy metal, entre as publicações musicais. Respeitada mundialmente, entrou em colapso administrativo há três anos, devido a disputas comerciais e problemas familiares dos proprietários.

Sem periodicidade certa, passou a chegar as bancas de forma esparsa. Sua redação sofreu alterações drásticas, com profissionais reconhecidos no mercado sendo trocados por amadores e diletantes.

Sua diagramação hoje ofende quem gosta de música e gosta de ler. O descalabro é tanto que, além de uma diagramação digna de calouros de faculdade, há problemas sérios de texto – são ruins e com informações equivocadas.

Um final triste para quatro publicações que já deram muito prazer aos seus leitores. Já morrera, mas insistem em não deitar. Lamentavelmente, milagres não existem no mercado editorial impresso brasileiro.

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