O punk faz 25 anos: estilo musical ou movimento social? - parte 3
Assim sendo, enquanto movimento social o punk mostrou poder e vigor, no varejo as coisas começaram a ruir. E isso ficou evidente em sua principal manifestação, a música. Não saber tocar era a tônica, e gritar letras de protesto era o requisito básico. Entretanto, a fórmula era tosca, vulnerável e frágil demais. O principal ícone, os Sex Pistols, eram musicalmente péssimos e não duraram dois anos. Entretanto, foram importantes por simbolizarem a estética punk.
Outras bandas também não foram muito longe seguindo esse preceito do punk 77, como Buzzcocks, Lurkers, Varukers e outros. Bandas desse tipo ou acabaram ou ficaram relegadas a um underground bem escondido (recentemente as três citadas, mais GBH, tocaram no Brasil para pouco mais de 300 fãs no Hangar 110, templo punk do Bom Retiro, em São Paulo; as bandas já acabaram e ressuscitaram várias vezes e infelizmente continuaram relegadas à insignificância em que estão).
Resumindo, a música punk é uma música de baixa qualidade, que não resistiu muito ao tempo. Graças a bandas como Clash e The Jam é que a música punk não se tornou irrelevante totalmente. Essas bandas, por exemplo, eram formadas por músicos de verdade, e muito criativos, tanto é que conseguiram romper as amarras do punk rock evoluíram musicalmente em todos os sentidos. Masa foram poucos os conseguiram isso.
Por mais que se fale que o estabilishment e que o sistema engoliram o punk, o fato é que, musicalmente, faltou qualidade ao estilo para sobreviver com dignidade. A comparação com o heavy metal é cruel. Esse estilo praticamente foi criado do jeito que conhecemos hoje com o Judas Priest no final dos ano 70 e ganhou fôlego com a NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal) em 1980 com o surgimento de Iron Maiden, Saxon, Def Leppard e Tygers of Pan Tang.
Mesmo passando por altos e baixos e sendo vítimas de modismos que reinam na indpustria fonográfica norte-americana, o heavy metal está mais forte do que nunca, com mais consistência e prestígio do que no final dos anos 80, que foi o auge do gênero.
Já o punk tentou sobreviver com arremedos musicais, como o grunge (novamente músicos que não sabiam tocar, compondo músicas de péssima qualidade) e o poppy punk de Offspring e Green Day, sem falar em Millencolin e No Fun at All, entre outras "preciosidades".