Yes e Transatlantic mantêm o progressivo em alta
Reforçando ainda mais a tese de que o rock progressivo volta a ganhar espaço dentro do cenário musical, dois lançamentos recentes merecem a atenção de quem prima pelo bom gosto. O primeiro lançamento é um dos mais importantes dentro do rock progressivo dos últimos anos: "Magnification", do Yes, que já está nas lojas do Japão e chega à Europa e Estados Unidos em dezembro.
Esse CD é histórico por um motivo muito simples: pela primeira vez em seus 33 anos de história a banda grava um álbum sem tecladista. Os teclados foram simplesmente substituídos por uma orquestra inglesa completa. O resultado é magnífico, já que havia pelo menos 15 anos (desde o fraco "Big Generator", de 1986), que a banda não compunha músicas de qualidade. Os dinossauros ingleses ressurgem em novo formato e com formação diferente, um quarteto: Jon Anderson (vocais), Chris Squire (baixo e vocais), ambos fundadores do grupo, Alan White (bateria) e Steve Howe (guitarra).
De acordo com uma recente entrevista de Jon Anderson a uma revista inglesa na semana retrasada, o grupo vinha tendo problemas com tecladistas desde 1996, quando Rick Wakeman participou de uma turnê norte-americana e gravou na Inglaterra as músicas de estúdio incluídas nos dois volumes de "Keys to Ascension" (CDs duplos gravados ao vivo nos Estados Unidos mas que continham faixas inéditas gravadas pouco depois da turnê de 1996; foram lançados em 1997 e 1998).
Wakeman estava afastado da banda desde 1991, quando gravou o álbum "Union". Após a turnê de 1996, ele decidiu abandonar as longas turnês por absoluto cansaço e falta de estímulo para tal. De acordo com o mesmo Anderson, "Rick estava de saco cheio de ficar viajanado pelo mundo. O negócio dele agora é fazer shows de vez em quando e compor trilhas para cinema".
Para gravar os teclados de "Open Your Eyes", de 1997, tinha o produtor e guitarrista Billy Sherwood fazendo os teclados. Para a turnê de divulgação do CD, que passou pelo Brasil, Sherwood atuou apenas como segundo guitarrista, deixando os teclados para o pouco carismático russo Igor Khoroshev. Efetivado como músico permanente, atuou no fraco "The Ladder", de 1999, mas já não constava da formação oficial no final de 2000.
De qualquer forma, pela primeira vez a banda grava em quarteto e sem teclados Merece ser conferido sem preconceitos.
Outra pérola progressiva é "Bridge Across the River", terceiro trabalho do Transatlantic. A banda é na verdade é um projeto envolvendo gente da pesada do rock progressivo: Neal Morse (vocais, guitarra e teclados, da banda norte-america Spock's Beard), Pete Trewavas (baixista do Marillion), Mike Portnoy (baterista do Dream Theater) e Roine Stolt (guitarrista do Flower Kings).
Recriando o melhor espírito de bandas como Emerson, Lake and Palmer, Yes e King Crimson, as composições do Transatlantic são complexas e quilométricas, mas prevalecem o bom gosto e a qualidade técnica fantástica dos integrantes. O CD foi lançado em duas versões, uma simples e outra em versão dupla, com um CD bônus trazendo ensaios, demos e covers para músicas do Pink Floyd e dos Beatles.