Esse era o clima que Cedric encontrou para defender a batalha contra os noruegueses. Ele afirmava que era impossível manter duas frentes de batalha ao mesmo tempo, já que era dada como certa a ação militar de William contra as ilhas britânicas. Sveyn tinha de ser impedido ainda antes de desembarcar.
Para Sinfeld, não importava se as informações de iminente invasão escandinava fossem verdadeiras ou falsas. O que importava naquele momento era fazer oposição, qualquer oposição, para marcar a posição de seu grupo no Conselho contra a crescente ascensão do "conselho saxão informal", liderado por Gandalf e Cedric, que estava influindo demais nos negócios do reino.
A questão política acabou com todas as reservas morais que ele pudesse ter. Sinfeld sempre esteve perto poder e gostava demais daquilo. Quando ficou sabendo das primeiras conversas de conselheiros sob sua influência a respeito de alguma possibilidade de simpatia a William explodiu em ira e fúria, falando inclusive em traição.
Com o tempo, o apetite pelo poder e o seu aguçado institinto de autopreservação falaram mais alto, e passou a adotar uma visão mais pragmática. Ele não tinha simpatia com William e pelos normandos, na verdade ele tinha é pavor deles, com uma possível mudança total de status quo em um futuro reino normando.
Entretanto, o ódio ao "conselho saxão informal" transformou sua visão política e passou a incentivar as conversas a respeito de um eventual apoio a um hipotético governo normando. Esse "incentivo" passou a ser um estímulo e acabou dando seu aval para que se elaborasse um discurso e uma proposta para ser apresentada secretamente a William.
Mas os argumentos de Cedric foram mais fortes e Haroldo, depois de três horas de reflexão depois de uma reunião extaordinária do Conselho, decidiu pela batalha contra Sveyn, o norueguês, já que confiava demais em Cedric, um erudito e letrado nobre de origem celta e anglo-saxônica. Além do mais, tremia só de pensar na hipótese de perder a Mércia para os invasores escandinavos. Isso cortaria a comunicação com os recentes aliados escotos e escoceses, ao norte, e dividiria a ilha britânica ao meio.
Haroldo decidiu liderar pessoalmente a expedição ao norte da ilha, apesar de delegar o comando das tropas a Cedric. Este espalhou informantes e soldados por toda a costa norte e conseguiu saber de antemão onde os noruegueses desembarcariam. E o local não poderia ser melhor: o estuário de Stamford Bridge.
Os invasores foram atacados e surpreendidos no meio do desembarque. A batalha durou mais de seis horas e mais da metade dos noruegueses foi morta. O restante conseguiu voltar aos barcos que não foram incendiados e fugiram. Sveyn foi dado como desaparecido, já que seu corpo não foi achado e ele não retornou à Noruega.
Aliviados, apesar das pesadas baixas, os homens de Haroldo comemoraram muito em dois dias. No entanto, ainda no primeiro dia do longo retorno ao sul, o exército foi alcançado por um mensageiro. William estava iniciando os preparativos para sua campanha militar.
Cedric gelou. Não haveria tempo suficiente para chegar a Londres e organizar uma defesa decente, que incluía o recrutamento de novos soldados. Pior, não haveria tempo de surpreender o invasor na praia, como ocorreu contra os noruegueses. A carta confidencial que Gandalf lhe enviara era apocalíptica: se não voltassem em duas semanas, o reino deixaria de existir em breve.