Atacar a imprensa é tentar encobrir a incompetência
Nunca houve uma proximidade tão grande entre jornalistas e o PT como na década de 90. Era a ressaca da derrota de Lula para Fernando Collor em 1990, mas a primeira metade da década foi intensa e movimentada, graças ao corrupto mundo collorido, que resultou em impeachment.
Todo o primeiro escalão do PT nacional, assim como o da CUT, mantinha ótimas relações com jornalistas da grande imprensa, por mais que os noticiários os irritassem.
Eram frequentes os encontros para conversas reservadas e a transferência de informações e material sobre as inúmeras falcatruas e corrupções dos governos Collor e FHC. Lula era uma das fontes mais regulares.
No ABCD a época foi também interessante. Funcionários públicos e vereadores petistas prestaram inestimáveis serviços à comunidade ao passar informações sobre as irregularidades nas péssimas administrações de Walter Demarchi (São Bernardo) e Newton Brandão (Santo André), ambos do PTB.
Naquele tempo interessante e movimentado, a imprensa, grande ou pequena, servia. Era considerado um “mecanismo” importante de denúncias. Naquele tempo, a liberdade de imprensa era boa e merecia ser defendida. Afinal, era o PSDB no governo federal e no governo de São Paulo.
Por isso tudo é que fica muito fácil entender a choradeira da esquerdalha – esquerda burra, sem argumentos e totalmente atrasadas – com a avalanche de denúncias contra o governo federal e que infelizmente irá resvalar na futura presidente Dilma Rousseff (PT).
Quando a denúncia é contra o PSDB, então é liberdade de imprensa, fazendo parte do jogo da democracia; quando é contra o PT, é calúnia, perseguição e campanha difamatória.
Ser governo não é fácil, mas esperava-se que um partido tão importante e necessário como o PT aprendesse com o tempo. Não só não aprendeu como não fez questão de aprender a lidar com certos assuntos incômodos, como os mensalões da vida.
Mais decepcionante ainda é ver um presidente da República que cansou de usar e abusar da imprensa quando lhe foi conveniente fazer proselitismo ao atacar de forma bisonha e ridícula a imprensa.
É um discurso tosco, abjeto, paranoico e estúpido, pois não funciona. Nunca funcionou. A paranoia de perseguição da imprensa é bom para insuflar plateias de acólitos indigentes intelectuais, que não têm discernimento nem senso crítico, e que infelizmente são maioria entre os militantes atuais do PT.
A gritaria contra a imprensa é mais uma tentativa vergonhosa de esconder os graves problemas éticos e de corrupção que acometem o Palácio do Planalto e o governo Lula.
Na falta de argumentos para explicar a delinquência estatal na Casa Civil e na Receita Federal, culpa-se o inimigo de sempre e que sempre está à mão. Mas repito, isso não funciona.
Por mais que a população-eleitorado seja bombardeada com informações diversas sobre tudo, fica claro em qualquer ambiente que uma imprensa, qualquer imprensa, boa ou ruim, tem de ser livre.
Exagerar a importância da imprensa no desempenho de candidatos em qualquer eleição não é só inútil e burro, mas revela completa desonestidade intelectual – ou desespero diante da falta de perspectivas éticas.
É desagradável que o presidente Lula se preste a este papel apenas para adular uma massa acrítica de militantes abobados, no limite da indigência mental.
É um debate desnecessário e com resultados previsíveis. Insistir nessa bobagem corrói a credibilidade e escancara a falta de conteúdo. Atentar contra a liberdade de imprensa e opinião é atentar contra a democracia.
Liberdade incomoda, e parece que o PT gosta de ser confrontado com essa verdade da pior forma possível. Atacar a liberdade de imprensa é uma irresponsabilidade, e demonstra a incapacidade para administrar qualquer coisa
Espaço coordenado pelo jornalista paulistano Marcelo Moreira para trocas de idéias, de preferência estapafúrdias, e preferencialmente sobre música, esportes, política e economia, com muita pretensão e indignação.
sexta-feira, setembro 24, 2010
domingo, setembro 19, 2010
Cada vez menos gente ouve o grito
O tempo não ajudou, é verdade, mas o Grito dos Excluídos, manifestação social que acontece em várias capitais no dia 7 de setembro, teve provavelmente o seu menor impacto neste ano desde que foi criado.
Nos telejornais das principais emissoras, houve notas sem imagem que não ultrapassaram cinco segundos. Quando teve imagem, não teme mais do que dez segundos. Pareceu claramente, em alguns dos noticiários, que eram trechos incluídos apenas para cobrir “buracos”.
Nos jornais, o espaço foi menor do que o de anos anteriores – fiz a comparação rápida das edições dos últimos três anos de Estadão, Folha de S. Paulo, Jornal da Tarde e Diário de S. Paulo.
Nada surpreendente que isso aconteça, por mais paradoxal que seja, já que os movimentos sociais ganharam impulso nos oito anos de governo do PT-Lula.
Um importante líder sindical cutista da capital e filiado ao PT resumiu bem a perda de relevância do Grito dos Excluídos desde o ano passado: “O povo está mais feliz com a melhora econômica dos últimos cinco anos e, com isso, as prioridades mudaram, outros problemas passaram a ser observados”.
Outra observação cirúrgica do sindicalista: a agenda equivocada e ultrapassada que muitos dos movimentos e entidades que integram o Grito dos Excluídos ainda defendem.
A questão não é o mérito ou a importância das propostas, mas a conveniência e a oportunidade de ficar repetindo os mesmos bordões em um mundo em constante transformação e com o partido do governo, que é de esquerda e que caminha para esmagar a oposição tucana em nível nacional, completamente inserido e adaptado a um mundo economicamente globalizando e produzindo cada vez mais riqueza.
Em um momento em que até a ditadura comunista chinesa abraça totalmente o mercado e aposta na produtividade e na geração de riqueza para resgatar 500 milhões de pessoas da pobreza e colocá-las na classe média, soa absurdamente esquisito ainda bradar nas ruas slogans enterrados que pelo tempo e pela história, e que não causam a mínima comoção no público-eleitor em geral.
Na verdade, esse público-eleitor não anda mais interessado nesta plataforma, quando não a ignora ou a despreza.
Enquanto insistem na batida exigência de reforma agrária e na expropriação e limitação de tamanho de propriedades rurais, essas entidades deveriam mais é se aproximar do povo que vive nas cidades, e que representam 80% dos brasileiros e 90% dos eleitores.
O Grito dos Excluídos não pode mais ignorar uma agenda social urbana, onde a favelização aumenta nos grandes centros, a despeito do sucesso da economia do período lulista e da melhora de vida no geral para os brasileiros.
A infraestrutura das cidades grandes é insuficiente na atualidade e negligenciada na maior parte das metrópoles do país, como em São Paulo, administrada por um incompetente, de um partido que nunca esteve comprometido com a população.
A segurança pública é outra área completamente ausente dos brados e slogans no Grito dos Excluídos. É o item que logo vai chegar no topo das preocupações do brasileiro – hoje a liderança é do medo do desemprego, seguida pelo medo da violência.
Portanto, insistir em temas ultrapassados – como a reforma agrária, por exemplo – é se distanciar cada vez mais da realidade nacional e do cotidiano do público-eleitor. Até porque esta questão está praticamente resolvida, principalmente pelos esforços realizados pelo governo federal na gestão de Lula.
O governo petista ultrapassou com sobras os números da era FHC na questão fundiária. Desde 2003, nunca se desapropriou tanto e distribuiu tanta terra no Brasil. Quem recebe terra deixa de ser sem-terra.
Portanto, está faltando sem-terra para continuar justificando a existência dos MSTs da vida, que há muito tempo recrutam mendigos e desempregados nas cidades para continuar existindo e reivindicando. A questão, portanto, se torna meramente político-ideológica.
A população percebeu isso e se desinteressou. A economia vai bem e a pobreza diminuiu no governo Lula, o que justifica o eventual massacre eleitoral que a candidata do PT, Dilma Rousseff, está impondo à oposição.
De forma paradoxal, o sucesso de um governo de esquerda e que tem uma atuação social destacada vai obrigar, mesmo que na marra, movimentos sociais a buscarem novas ideias, novos discursos, novos públicos e novos horizontes. Lula vencem mais essa.
O tempo não ajudou, é verdade, mas o Grito dos Excluídos, manifestação social que acontece em várias capitais no dia 7 de setembro, teve provavelmente o seu menor impacto neste ano desde que foi criado.
Nos telejornais das principais emissoras, houve notas sem imagem que não ultrapassaram cinco segundos. Quando teve imagem, não teme mais do que dez segundos. Pareceu claramente, em alguns dos noticiários, que eram trechos incluídos apenas para cobrir “buracos”.
Nos jornais, o espaço foi menor do que o de anos anteriores – fiz a comparação rápida das edições dos últimos três anos de Estadão, Folha de S. Paulo, Jornal da Tarde e Diário de S. Paulo.
Nada surpreendente que isso aconteça, por mais paradoxal que seja, já que os movimentos sociais ganharam impulso nos oito anos de governo do PT-Lula.
Um importante líder sindical cutista da capital e filiado ao PT resumiu bem a perda de relevância do Grito dos Excluídos desde o ano passado: “O povo está mais feliz com a melhora econômica dos últimos cinco anos e, com isso, as prioridades mudaram, outros problemas passaram a ser observados”.
Outra observação cirúrgica do sindicalista: a agenda equivocada e ultrapassada que muitos dos movimentos e entidades que integram o Grito dos Excluídos ainda defendem.
A questão não é o mérito ou a importância das propostas, mas a conveniência e a oportunidade de ficar repetindo os mesmos bordões em um mundo em constante transformação e com o partido do governo, que é de esquerda e que caminha para esmagar a oposição tucana em nível nacional, completamente inserido e adaptado a um mundo economicamente globalizando e produzindo cada vez mais riqueza.
Em um momento em que até a ditadura comunista chinesa abraça totalmente o mercado e aposta na produtividade e na geração de riqueza para resgatar 500 milhões de pessoas da pobreza e colocá-las na classe média, soa absurdamente esquisito ainda bradar nas ruas slogans enterrados que pelo tempo e pela história, e que não causam a mínima comoção no público-eleitor em geral.
Na verdade, esse público-eleitor não anda mais interessado nesta plataforma, quando não a ignora ou a despreza.
Enquanto insistem na batida exigência de reforma agrária e na expropriação e limitação de tamanho de propriedades rurais, essas entidades deveriam mais é se aproximar do povo que vive nas cidades, e que representam 80% dos brasileiros e 90% dos eleitores.
O Grito dos Excluídos não pode mais ignorar uma agenda social urbana, onde a favelização aumenta nos grandes centros, a despeito do sucesso da economia do período lulista e da melhora de vida no geral para os brasileiros.
A infraestrutura das cidades grandes é insuficiente na atualidade e negligenciada na maior parte das metrópoles do país, como em São Paulo, administrada por um incompetente, de um partido que nunca esteve comprometido com a população.
A segurança pública é outra área completamente ausente dos brados e slogans no Grito dos Excluídos. É o item que logo vai chegar no topo das preocupações do brasileiro – hoje a liderança é do medo do desemprego, seguida pelo medo da violência.
Portanto, insistir em temas ultrapassados – como a reforma agrária, por exemplo – é se distanciar cada vez mais da realidade nacional e do cotidiano do público-eleitor. Até porque esta questão está praticamente resolvida, principalmente pelos esforços realizados pelo governo federal na gestão de Lula.
O governo petista ultrapassou com sobras os números da era FHC na questão fundiária. Desde 2003, nunca se desapropriou tanto e distribuiu tanta terra no Brasil. Quem recebe terra deixa de ser sem-terra.
Portanto, está faltando sem-terra para continuar justificando a existência dos MSTs da vida, que há muito tempo recrutam mendigos e desempregados nas cidades para continuar existindo e reivindicando. A questão, portanto, se torna meramente político-ideológica.
A população percebeu isso e se desinteressou. A economia vai bem e a pobreza diminuiu no governo Lula, o que justifica o eventual massacre eleitoral que a candidata do PT, Dilma Rousseff, está impondo à oposição.
De forma paradoxal, o sucesso de um governo de esquerda e que tem uma atuação social destacada vai obrigar, mesmo que na marra, movimentos sociais a buscarem novas ideias, novos discursos, novos públicos e novos horizontes. Lula vencem mais essa.