O direito de protestar - e de apanhar
Virou moda na atualidade, não só no Brasil, mas em várias partes do mundo, protestar com violência contra qualquer coisa, relevante ou não. Até mesmo que protesta exigindo paz se manifesta violentamente - e apanha devidamente e merecidamente.
Dia desses um bando de baderneiros decidiu protestar contra o aumento de ônibus previsto na cidade de São Paulo.
Não só não querem o aumento como querem mais: catracas liberadas para estudantes - não sabe se a estultície seria apenas para estudantes carentes ou para todo qualquer aluno de qualquer coisa.
Até então, naquele comecinho de tarde no centro de São Paulo, a manifestação era pacífica. A passagem subiu de R$ 2,30 para R$ 2,70, como estava previsto e como ocorre com frequência em quase todos os lugares do mundo.
Mas, como sempre em manfestações deste tipo, há sempre meia dúzia de vagabundos e marginais que querem confusão, querem agredir, depredar e vandalizar.
Uma parte dos manisfestantes decidiu pular as catracas do terminal do Parque Dom Pedro e embarcar sem pagar e quebrar alguns ônibus. Foram devidamente rechaçados e repelidos peloa polícia, que mais uma vez bateu pouco nos vândalos.
Será que é impossível para quem organiza a baderna ao menos isolar os dejetos humanos que querem apenas confusão e comprometer a causa - seja ela justa ou não? Será que é tão difícil se manifestar de forma pacífica?
Esse tipo de coisa só vai acabar quando manifestantes morrerem ou forem presos e processados criminalmente.
Coincidentemente, chega às locadoras o filme "Batalha de Seattle (Battle in Seattle)", de 2007, de Stuart Townsend.
Apesar da dramatização de alguns personagens atrapalhar um pouco o foco, o filme é relativamente fiel ao relatar o caos e confusão que cercou a 3ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio ocorrida em 1999 em Seattle, nos Estados Unidos.
O argumento central é acompanhar os preparativos para os protestos anti-globalização, anti-capitalismo e anti-qualquer coisa preparados por um grupo de ambientalistas e ecologistas radicais, que não conseguiram ter a dimensão do evento, mesmo com a chega sistemática à cidade de toda sorte de vagabundos, vândalos e criminosos que se aproveitaram da situação de caos não prevista pelas autoridades.
O resultado é o já tradicional confronto entre policiais e manifestantes - estes que sempre apanham muito, mas nunca o suficiente.
De forma torta, o filme mostra como objetivos nobres e até elogiáveis vão para lata de lixo por conta de organização ruim, ideologização exacerbada, radicalismo burro e total falta de inteligência, além do oportunismo de grupelhos radicais de qualquer espécie e sua predileção pelo tumulto.
A obra, em muitos aspectos, coincide com um interessante relato que encontrei na internet sobre os dez anos dos protestos de Seattle, "Dez Anos da Batalha de Seattle: Lições Sobre os Perdedores no Comércio internacional", de Gustavo Resende Mendonça, publicado no site Mundorama. Alguns trechos:
Dezenas de milhares de manifestantes anti-globalização se reuniram na cidade norte-americana para protestar contra o capitalismo irresponsável e selvagem promovido pela OMC.
As estimativas mais conservadoras indicam que mais quarenta mil protestantes tomaram as ruas de Seattle, escala sem precedente em um protesto voltado contra uma negociação comercial técnica.
À medida que as manifestações avançaram, pequenos grupos anarquistas recorreram à violência (FRIEDEN, 2008: 484). No terceiro dia dos protestos, lojas foram saqueadas e o distrito policial de Seattle foi sitiado por cerca de mil agressores (BERNSTEIN, 2009: 301).
A guarda nacional norte-americana foi acionada, enquanto os policiais de Seattle usavam balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. A situação foi controlada apenas no dia primeiro de dezembro, quando a Conferência finalmente foi iniciada.
As negociações, no entanto, foram um fracasso e a Conferência foi rapidamente encerrada. A nova rodada de negociações multilaterais seria lançada apenas na convenientemente remota Doha (Catar) em 2001.
Os eventos ocorridos no Conferência Ministerial no final de novembro de 1999 rapidamente ganhariam a alcunha de “a batalha de Seattle” (BERNSTEIN, 2009: 301).
A maior parte dos manifestantes era composta por ambientalistas radicais, sindicalistas protecionistas, advogados dos direitos humanos e ultra-conservadores isolacionistas norte-americanos (GILPIN, 2001: 229).
Os manifestantes acusavam a OMC de violar a soberania norte-americana, de ser pouco democrática e representar os interesses das corporações globais, de promover o desrespeito aos direitos trabalhistas básicos e de incentivar práticas comerciais ambientalmente irresponsáveis. S
egundo um dos líderes dos protestos, a OMC enxerga as leis nacionais de proteção do meio ambiente, dos direitos trabalhistas, da democracia, da soberania e dos pequenos negócios como “impedimentos para o livre-comércio” e “obriga os países a aceitar suas regras para não enfrentar pesadas sanções” (FRIEDEN, 2008: 485).
Por outro lado, o presidente da AFL-CIO, poderosa federação de sindicatos norte-americanos, declarou que “a economia global achatou o padrão de vida dos trabalhadores e enriqueceu ainda mais os ricos” e acrescentou que “(…) enquanto a OMC não tratar dessas questões (relativas aos padrões trabalhistas) não podemos permitir que nosso país participe de novas negociações comerciais”(FRIEDEN, 2008: ).
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