"Nos Estados Unidos as coisas se resolvem rapidamente. Basta um rifle e os baderneiros somem. Aqui no Brasil a Justiça é a favor do crime, da bagunça e da oposição."
As frases acima poderiam muito bem terem sido escritas em redes sociais de artistas descomprometidos com a sociedade e sedentos por medidas fascistas, como certo vocalista de banda engraçadinha dos anos anos 80 ou artista solo da mesma época com inclinações selvagens no nome. Isso não surpreenderia.
No entanto, foi proferida - e curtida por muita, mas muita gente - por um cidadão irascível, mas que não tinha mostrado inclinações para o extremismo. É um bom baixista e um guitarrista de bons recursos, de certo prestígio no meio roqueiro paulista, completamente equivocado em relação a tudo na vida.
Assim como em outros momentos em que identifiquei certas nojeiras em fóruns, chats, comentários em posts e mesmo textos nas redes sociais, não escancaro o(s) nome(s) do(s) imbecil(cis) para não dar palanque a essa gente nojenta. Uso essas "pesquisas", digamos assim, para refletir que tipo de rock nacional temos na segunda década do século XXI e como pensam esses supostos roqueiros.
É claro que, em caso de crime, como racismo, o autor seria denunciado às autoridades, mas ainda não tive o (des)prazer de me defrontar com algum caso nível.
A questão é que, quanto mais o governo nefasto de Jair Bolsonaro se esfarela na incompetência e nas abundantes denúncias de corrupção, autoritarismo e destruição de direitos e do meio ambiente, mais gente começa a sair do armário para defender o fascismo nos meios cultural e musical.
Não dá para saber se está aumentando o número de seguidores do bolsonarismo asqueroso (redundância) e ou se cresce, na verdade, q quantidade de gente que resolveu sair do armário, seja po desespero ou indigência intelectual, para se revelar apoiador de primeira hora.
O tal baixista/guitarrista não só surpreende por aderir publicamente ao extremismo de direita como por demonstrar apoio a causas indefensáveis.
Percebo, depois de muito tempo, que tal cidadão é evangélico, e de uma denominação das mais pútridas, nefastas, fisiológicas e criminosas que existem por aí - é o tipo de seita que queima o filme das agremiações sérias e respeitáveis desses espectro religioso.
FOTO: REPRODUÇÃO/YOUTUBE |
Isso mesmo, o lixo humano postou links de notícias e fotos do garoto Kyle Rittenhouse, que portava um fuzil o local de uma manifestação contra o ataque de policiais brancos a um homem negro desarmado na cidade de Kenosha, no Estado de Wisconsin.
A polícia, depois de não detê-lo no dia do crime e "aconselhá-lo" a ir para casa, finalmente o prendeu no dia seguinte à manifestação e o indiciou pelo assassinato de dois manifestantes, com fartura de provas e testemunhas contra ele, que é um fanático apoiador do presidente Donald Trump.
Foram pelo menos três posts em redes sociais elogiando o assassino, tomando-o como um exemplo contra "baderneiros e arruaceiros" que querem gerar confusão e "atrapalhar governos). Por si só isso seria aterrador, mas assusta mesmo é a quantidade de curtidas em apoio a essa nojeira.
Há outros posts em que defende a liberação de armas para a população, políticos corruptos e criminosos ligados a Bolsonaro, grupos extremistas que disseminam fake news e ameaças generalizadas a "inimigos" porcarias generalizadas contra o Judiciário.
O post que obteve mais curtidas, em um texto claudicante recheado de erros de português, é um que desanca os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) por conta dos inquéritos contra fake news, contra as prisões dos apoiadores extremistas de Bolsonaro e contra a proibição de ações violentas da Polícia Militar do Rio de Janeiro nas comunidades enquanto durar a pandemia.
Numa rápida olhada no "público" que curtiu tais barbaridades, a imensa maioria tem alguma relação com o rock, seja por ser fã, profissional da área ou ligado, de alguma forma, a eventos/bares/casas de shows.
Ou seja, não é mera a impressão de que existe, nas grandes cidades do país, um contingente expressivo de roqueiros asquerosos que apoiam o fascismo e as medidas desse governo autoritário e inacreditável de Jair Bolsonaro.
é evidente que não temos, ainda, como dimensionar o tamanho do descalabro que é observar a existência de roqueiro fascista. Estão saindo das cavernas agora ou sempre foram desse jeito e nunca tínhamos percebido?
Como é possível existir roqueiro antidemocrático, do tipo que apoia a violência policial contra a população pobre, negra e, última análise, contra os próprios roqueiros?
Então essa gente apoia, em tese, governos e políticos que os detestam, que sempre que possível jogarão o aparato repressivo para cima do rock?
Essa gente apoia políticos e governos que desprezam a democracia e a liberdade de expressão, ou seja, o direito de os roqueiros de se expressarem e de curtir em paz a sua música e seus shows?
Que tipo de música esse tipo de roqueiro admite? Aquela anódina, inodora e incolor, que só fala de carros, mulheres, cerveja, putaria, duendes e unicórnios?
E no metal? Só valem as letras de destruição e devastação no exterior ou em outros planetas? Ou apenas músicas sobre o "Senhor dos Anéis"?
O que será que tem a dizer o roqueiro imbecil que gosta de Pink Floyd sobre o conteúdo de letras dos álbuns "Animals" (uma fábula baseada no livro "A Revolução dos Bichos", de George Orwell e "The Wall" (um forte libelo contra o fascismo e o autoritarismo)?
Esqueçam a nojenta falácia de que "devemos respeitar as escolhas políticas dos outros". Mais do que eufemismo, isso é uma frase que embute um tremendo mau-caratismo de quem se diz isento e que, na verdade, é um omisso que esbarra nas raias da indecência.
Não dá para respeitar quem defende a violência contra minorias e segmentos da sociedade; quem defende o fascismo; quem defende políticas predatórias do meio ambiente; quem defende a supressão de direitos humanos, civis e trabalhistas; quem defende autoritarismo; quem defende governo incompetente inundado de denúncias de corrupção; que persegue adversários e opositores, ameaçando-os e intimidando-os com milícias físicas e virtuais.
Poucas pessoas imaginavam que teríamos tanto trabalho para resistir e combater o fascismo do nosso tempo, e que teríamos de começar, infelizmente, dentro do nosso meio roqueiro/musical.
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