Marcelo Moreira
Rolling Stones em 1965 (FOTO: REPRODUÇÃO)
Um riff insidioso, uma letra ambivalente e ambígua, uma interpretação sensual e que afrontava os bons costumes. E a música-símbolo do rock por muito tempo surgiu para mostrar ao mundo que o rock era vanguarda. Demoraria um pouquinho ainda para ser considerado arte, mas a porta jpa estava arrombada.
"(I Can't Get No) Satisfaction" começou devagar a galgar as paradas e os ouvidos da molecada. Quando finalmente escalou o topo e lá ficou, praticamente mudou os rumos da música pop.
Se o padrão Beatles de música alegrinha e romântica ainda permanecia, o rock mais cadenciado e pesado, com um riff cortante e penetrante, estabelecia novas normas.
No ano anterior, "You Really Got Me", dos Kinks, já tinha aberto o caminho, mas foi com "Satisfaction" que a agressividade e o peso deram as caras e mostraram que também podiam ser populares e agradar a um público um pouco mais exigente.
Assim como Paul McCartney, dos Beatles, o guitarrista Keith Richards, dos Rolling Stones, sonhou com parte da melodia e com o riff. Acordou sobressaltado em uma madrugada e rapidamente reproduziu no violão que mantinha ao lado da cama.
Precavido, também tinha consigo um dos primeiros gravadores em fita cassete produzidos para o o consumo público, quase um protótipo. Registrou o riff algumas vezes, e de modos diferentes, e voltou a roncar.
Não foram poucas as vezes em que Richards reclamou da velocidade que a versão original adquiriu. Ele a queria mais lenta e mais suave, algo que, segundo ele, a letra de Mick Jagger pedia.
A banda e o produtor Andrew Loog-Odham logo perceberam, ue tinham uma joia nas mãos e fizeram vários experimentos. Observaram que era uma canção poderosa e que precisava de uma força para decolar. A ideia de torná-la quase uma balada de inspiração folk foi morrendo aos poucos e um dos hinos do rock começou a nascer ali.
É daquelas músicas que são reconhecidas imediatamente em qualquer ambiente e em qualquer ocasião, da mesma forma que ganhou milhões de versões dos mais variados artistas.
Uma das mais célebres foi do grupo norte-americano de pop vanguardista-eletrônico Devo, que praticamente desconstruiu a música, recolocando-a nas paradas de sucesso no fim dos anos 70.
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