A normalização de um (des)governo criminoso, eclipsado e elipsado por uma pandemia devastadora, está ofuscando assuntos sérios e graves que provavelmente terão consequências igualmente devastadoras.
Uma "organização" clandestina está produzindo ações criminosas dentro do Ministério da Justiça, com as bênçãos do ministro e do presidente nefasto e lamentável que usurpa o Palácio do Planalto. Dossiê secreto com lista de inimigos, seus endereços e contas virtuais nas redes sociais?
O que mais é preciso para que esse governo fascista seja denunciado como criminoso por perpetrar atos de perseguição contra "dissidentes" e "inimigos" ideológicos?
Esse é apenas um dos dossiês que essa gente nojenta de viés autoritário está produzindo ou já produziu. São 579 de agentes de segurança e professores universitários tidos como "antifascistas" e que se manifestam publicamente como antifascistas e anti-Bolsonaro e seus seguidores/apoiadores/eleitores asquerosos.
O governo confirma a existência da lista, mas não o objetivo de sua elaboração. Diz apenas que o órgão clandestino que atua sob o guarda-chuva do ministério "coleta informações de inteligência para abastecer o governo na criação de políticas de segurança".
Não causa surpresa a revelação do UOL sobre a existência da lista. Os fascistas que apoiam Bolsonaro fizeram uma, mais ampla e geral, no Estado de São Paulo.
Embora sem foco e com informações básicas de redes sociais, foi elaborada na Assembleia Legislativa de São |Paulo patrocinada e a mando de deputados estaduais do PSL, o partido fascista e extremista de direita que abrigou Bolsonaro na campanha presidencial.
São mais de mil nomes aparentemente aleatórios, mas com ações e manifestações públicas contra o fascismo e as tendências autoritárias.
É uma lista inócua e, aparentemente, inútil, mas revela o modo de operação dessa gente inescrupulosa e criminosa. Eles realmente acreditam que vão perdurar no poder de forma indefinida e se preparam para, eventualmente, perseguir opositores e "inimigos" de todos os tipos.
A divulgação de dossiês ou de listas de inimigos do poder é uma antiga tática de intimidação política. É mais um legado malcheiroso da maneira criminosa de se fazer política nos Estados Unidos a partir dos anos 1950, com o macarthismo e depois a predominância nos bastidores do ser mais nojento do século XX, J. Edgar Hoover, que foi o diretor odo poderoso do FBI por quase 50 anos.
Desde que ficou patente que um político ridículo e inexpressivo teria a chance de ganhar a eleição de 2018, em um misto de ranço direitista e burrice generalizada de parte expressiva dos eleitores, as preocupações sobre o futuro da democracia no Brasil aumentaram.
O previsto desmantelamento de direitos civis e trabalhistas, combinados com os frequentes ataques às instituições e imprensa, indicaram de que maneira o rolo compressor fascista iria se comportar.
De forma previsível, a sociedade acovardada e comprometida com interesses escusos de uma elite criminosa e ignorante achou que poderia controlar e manipular um político burro e bronco. Achou que estaria a salvo de sua conduta predatória e destruidora. Achou que estaria fora de seu caminho de perversidades.
Bolsonaro se revela um macaco com metralhadora, mas há um pingo de método e de objetivo em meio ao mar de detritos e dejetos que se tornou o governo fascista atual. A burrice predomina, mas a verve destruidora dá o tom, e isso inclui a neutralização/destruição de inimigos.
O aparelhamento da Secretaria de Cultura do Ministério da Educação com seres medievais e incompetentes é o sintoma mais grave dessa doença autoritária.
Desde os primórdios desse (des)governo correm boatos e informações de listas e mais listas nessa área de gente que deveria ser marcada para eventual exclusão de políticas públicas ou para ser alvo de de campanhas difamatórias ou de simples perseguição.
Ninguém conseguiu por as mãos nessas supostas listas de "alvos" bolsonaristas na cultura, artes e jornalismo, mas a lista denunciada pelo UOL reforça a existência de muitas outras. Como o governo enxerga inimigos e comunistas atrás de todas as portas, é de se esperar que, em algum momento, novos dossiês "vazem".
O que será necessário fazer para que a sociedade, como um todo, enxergue que a democracia corre perigo em um governo de inspiração fascista e com nenhum apreço ao conhecimento e à educação, com as bênçãos do pior tipo de apoio religioso que existe?
Os ataques constantes patrocinados pelas milícias reais e virtuais do lixo bolonarista vão aumentar, como vimos nesta semana em frente à residência do youtuber Felipe Netto, boçalzinho elevado ao estrelato pela "súbita" percepção de que o governo Bolsonaro é lesivo e perigoso.
Quando um youtuber vazio e desprovido de conteúdo vira um "inimigo poderoso" dessa gente, dois fatos saltam aos olhos: o primeiro, é a completa indigência intelectual que domina e transborda no bolsonarismo, onde a burrice prevalece, para nossa sorte; o segundo, por outro lado, mostra até que ponto a nojeira bolsonarista pretende ir.
O ataque ao youtuber deixa claro que a burrice não é suficiente pra detê-los. As milícias virtuais, acossadas e enquadradas pela Justiça, não vão pensar duas vezes em tomar as ruas de forma violenta, ainda que, atualmente, sejam pequenas e menos ostensivas do que supúnhamos no ano passado.
Listas de inimigos a serem "investigados/intimidados" por organizações governamentais clandestinas e demonstrações de força e ataques físicos a "inimigos" do fascismo são um passo adiante nos constantes testes que o atual governo faz para medir o grau de repúdio e de resistência ao projeto autoritário. Isso e mais o constante armamento de parte da população compõe o sombrio caldo que pode emergir após o controle da pandemia de coronavírus. Ainda há tempo para destruir Bolsonaro e o bolsonarismo.
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