terça-feira, julho 28, 2020

Renato e Rodrigo ajudaram a deixar nossas vidas um pouco melhores

Marcelo Moreira

O rock perdeu muito de sua irreverência e alegria nesta terça-feira triste de julho. Renato e Rodrigo faziam de suas atividades algo que todos deveriam fazer quando saem para trabalhar todos os dias: o que podemos fazer para deixar a vida um pouquinho melhor?

Renato Barros ficou fascinado pelo roquenrou desde o início, lá nos anos 50, mas pirou mesmo quando os Beatles ganharam o mundo, a partir de 1964.

Nem ligou quando foi chamado de oportunista ao estourar nas rádios brasileiras com seus Blue Caps fazendo versões açucaradas e para cima de clássicos da fase inicial dos ingleses.

Renato e Seus Blue Caps se tornou sinônimo de rock nos anos 60 no Brasil, ao lado da Jovem Guarda. As músicas de sua banda traduzem alguns dos melhores momentos musicais de cunho popular já registrados por aqui.

Renato Barros (FOTO: DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOAL/FACEBOOK)
Internado há algum tempo em um hospital por alguns problema de saúde - entre eles a covid-19, embora isso ainda não esteja confirmado -, Renato Barros, aos 76 anos, não resistiu ao agravamento do estado de saúde e morreu pela manhã.

A covid-19 também não poupou o jornalista que deveria ter sido astro de rock. Rodrigo Rodrigues, apresentador do SporTV e com passagens por Bandeirantes, SBT, TV Cultura e ESPN, morreu no final da manhã após três dias lutando pela vida.

Aos 45 anos, sentiu-se mal no sábado e foi rapidamente internado. Logo se constatou a covid-19, mas o estado de saúde se agravou por conta de uma trombose cerebral, agravada pelo vírus mortal.

Apaixonado por rock, tocava guitarra, violão e cantava. Manteve até a sua morte a banda The Soundtrackers, especializada em fazer versões para clássicos de trilhas sonoras de filmes, seriados e desenhos animados.

Considerado um ótimo instrumentista, a música se tornou uma atividade paralela quando descobriu - ou foi descoberto - que tinha extraordinário poder de comunicação de uma forma simples, direta e divertida. Tinha o raro talento de deixar o entrevistado à vontade e de cutucar sem ser atrevido, invasivo ou enxerido.

Rodrigo Rodrigues (FOTO: REPRODUÇÃO/TV GLOBO)

O rock perdeu um astro rechonchudo, mas ganhou um cronista empolgado e dedicado, que escreveu livros e realizou produções e reportagens sobre todos os ramos da cultura. Meio que por acidente, caiu no esporte e ganhou o mundo como apresentador e eventual repórter.

As manifestações de amigos e fãs nas redes sociais, intensa se gigantescas, dão a dimensão de como ele era querido e respeitado. Pelo menos três jornalistas esportivos importantes revelaram o quanto ele transformava os ambientes quando chegava e espalhava sua gentileza e bom humor.

O rock perde duas figuras que fizeram nossas vidas um pouco melhores e mais gostosas de se viver. Suas mortes mostram o quanto a covi-19 é perigosa e o quanto a irresponsabilidade de presidentes, governadores e prefeitos, alem de parte expressiva da população, está causando a morte de milhares de pessoas.

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