Perdemos mais uma vez
Sintomas de crises financeiras e econômicas costumam aparecer primeiro em relação aos níveis de emprego. A queda dos postos de trabalho está mais do que documentada em qualquer índice que se consulte desde novembro do ano passado em todo o país, em quase todos os setores.
Passados seis meses da eclosão da crise, nota-se a parte de agora um crescimento do número de mendigos e pedintes nas cidades da Grande São Paulo. Não é mera coincidência. Afinal, há tempos não se viam as degradantes e chocantes cenas de pessoas dormindo ao relento, sob o Minhocão, na avenida Amaral Gurgel, no centro de São Paulo.
As políticas de assistência social das prefeituras sempre foram pífias na região metropolitana de São Paulo, mesmo naquelas identificadas com a chamada “responsabilidade social”, notadamente administradas por partidos de esquerda.
O bom momento da economia vivido pelo Brasil a partir de 2004 ajudou a diminuir o caos social nas metrópoles, assim como o incremento de programas como o Bolsa-Família. O número de miseráveis nas ruas diminuiu, até porque aumentou também a demanda por serviços temporários informais.
A realidade mudou e os mendigos reapareceram. Mais do que ultrajante, a existência desse nível de miséria representa a maior derrota que uma sociedade pode registrar. Mostra a incapacidade da mesma sociedade de amparar qualquer necessidade dos mais pobres e mostra a incompetência da administração pública como um todo não questão da redução da atividade econômica e da assistência social.
Não que isso seja novidade na prefeitura de São Paulo. A assistência social é possivelmente uma das últimas preocupações da administração José Serra-Gilberto Kassab, iniciada em 2004. Como também não tinha espaço na administração William Dib, em São Bernardo.
É inconcebível que uma administração pública não tenha meios de amparar mendigos e lhes oferecer algo mais do que abrigos no inverno. Não é possível que cidades com arrecadações das maiores do Brasil, como São Paulo, Osasco, São Bernardo, Santo André, Guarulhos e Barueri sejam incapazes de formular políticas públicas de inclusão e assistência a pessoas que não só são mendigos, mas possivelmente portadores de doenças mentais, entre outras.
A Páscoa foi triste em São Paulo e em algumas regiões de Guarulhos e ABCD por conta do aumento do número de mendigos nas ruas. Isso significa que perdemos de novo.
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