sexta-feira, maio 01, 2009

Os muros necessários


Um dos passeios mais bonitos que o morador do ABCD ou o turista podem fazer é percorrer os cerca de 30 quilômetros que separam São Bernardo e Suzano pela rodovia SP-31, a Índio Tibiriçá. Embora o governo do Estado esteja realizando obras de melhorias e de pavimentação, especialmente no acostamento em alguns trechos, a estrada ainda permanece um pouco descuidada, e deve mais abandonada com a entrada em operação do Rodoanel Mário Covas em seu trecho sul.

O passeio é gostoso porque é feito bem no meio de um trecho que é o início da Serra do Mar, com grandes braços da represa Billings sendo cortados, e com bonitas propriedades e clubes nas suas beiras.

Alguns trechos à margem da rodovia SP-31 são exemplos de preservação do meio ambiente, mas outros são exatamente o contrário. E é justamente por conta desses trechos que os administradores da região precisam ficar preocupados, aliás muito preocupados.

O ponto é que os núcleos habitacionais estão crescendo demais ao longo da estrada, e os que já se tornaram bairros e distritos estão inchando, a ponto de causar congestionamentos constantes.

O trecho do distrito de Ouro Fino Paulista, em Ribeirão Pires, é desolador. O vairro cresceu muito e desordenadamente, sem qualquer controle e à mercê de oportunistas e vigaristas de toda a espécie, que ainda incentivam a ocupação criminosa – e o pode público municipal, no mínimo, está sendo omisso há anos.

Ou seja, em tempos de debates acalorados sobre os muros erguidos nas favelas cariocas pela prefeitura do Rio de Janeiro, parece que a discussão é convenientemente ignorada pelos agentes públicos do ABCD. Não só do ABCD, mas também de Suzano e Mogi das Cruzes, para ficar apenas nas cidades mais próximas das sete cidades.

Aliás, fica em Suzano outro trecho preocupante à beira da Índio Tibiriçá, com ocupações desordenadas (quando não criminosas). Fica na Estrada do Koyama, que leva à rodovia Mogi-Bertioga ao parque de diversões Magic City.

O começo da estrada é no km 58,5, pouco depois da divisa entre Suzano e Ribeirão Pires. Essa região de divisa de municípios praticamente virou uma extensão de Ouro Fino Paulista, o bairro de Ribeirão. Do outro lado da divisa, o núcleo habitacional e comercial surge emendado e já espalha para morro adentro, na Serra do Mar.

E ninguém percebe, ninguém reclama. Os moradores do local não estão nem aí. E parece que as prefeituras também não, assim como os promotores públicos do meio ambiente.

Com essa situação totalmente favorável, é claro que o comércio informal e ilegal prolifera. E cada vez mais fica difícil organizar o caos urbano em mais um núcleo em área de manancial (área localizada nas imediações de nascentes de rios).

Avançando serra adentro, logo aparecem vereadores sedentos por votos e loucos para “legalizar” a irregularidade levando infraestrutura completa, com transporte, energia elétrica e ligações de água e esgoto.

O Ministério Público Estadual precisa se manifestar com urgência sobre a questão, antes que Ouro Fino Paulista e a Ipelândia (bairro de Suzano vizinho) se transformem na Vila São Pedro e no Montanhão, favelas que viraram bairros em São Bernardo.

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