Sua vida está valendo menos neste momento
No final da década de 70, quando começou a explodir a criminalidade nas grandes metrópoles, todos se horrorizavam com os trombadinhas na Praça da Sé e com os roubos de tênis nos bairros.
Era a época da chegada dos primeiros All-Star e Far White, vindos do Paraguai. O máximo que se ouvia em violência na época era alguém que sofria golpes de estilete quando tentava resistir.
Os roubos foram ficando mais violentos desde então e os latrocínios (roubo seguindo de morte) foram ficando bastante corriqueiros. Mas o que vemos hoje em São Paulo, no Rio de Janeiro e Salvador,por exemplo, é a banalização do crime e da morte.
Mata-se porque um estudante não tinha um único centavo quando foi abordado. Mata-se porque a professora deixou o carro morrer quando pretendia entregar o carro.
Mata-se um trabalhador porque este tentou falar algo contra o roubo de sua moto, seu meio de locomoção e ganha-pão. E o pior, não se vê indignação por conta disso. As pessoas comentam nos ônibus e bares tais fatos como se fossem a coisa mais normal do mundo.
Isso para ficar na classe média. Na periferia e nas favelas, mata-se apenas por diversão. Neste final de semana, um office-boy foi assassinado numa favela de Santo André porque supostamente teria mexido com a irmã de alguém ligado ao tráfico da região.
No mesmo lugar, uma semana antes, outro garoto, estudante e filho de uma dona de um boteco, foi espancado e esfaqueado à luz do dia porque alguém disse que ouviu falar que ele tinha xingado a namorada de alguém.
Ainda agonizando, não recebeu ajuda porque o esfaqueador avisou que quem ajudasse morreria ali mesmo. O corpo ficou no local por mais de dez horas, segundo relatos de moradores da região.
Enquanto isso, o crack avança em toda a Grande São Paulo. Sociedade doente? Decadente? Sevalgeria total? Escolha o seu adjetivo. Qualquer um será insuficiente para descrever o que vivemos atualmente.
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