domingo, outubro 04, 2009

O conhecimento jogado no lixo - parte 2


O valor que damos ao conhecimento será a referência que teremos para saber que tipo de futuro teremos. E que tipo de sociedade teremos. Sábias palavras do professor Péricles Eugênio da Silva Ramos, brilhante intelectual que deu aulas por muitos anos na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, de São Paulo.

O desprezo pela comunicação e pela informação qualificada terá impacto direto nas próximas gerações. E não é um fenômeno exclusivo do Brasil ou do Estado de São Paulo. O europeus já detectaram a gravidade do problema.

A preocupação ganhou as páginas do jornal espanhol El País, em um artigo do escritor Rafael Argullol – e que mereceu citação também na coluna de Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo, no dia 8 de setembro.

Argullol reclama que os professores universitários das melhores faculdades da Espanha estão se aposentando precocemente por conta do “desinteresse intelectual da grande maioria dos alunos e pela asfixia burocrática da vida universitária”.

Cenário parecido já pode ser observado na USP, em seu campus principal, em São Paulo. Não são poucos os professores que reclamam da progressiva falta de interesse dos alunos, nos objetivos pouco edificantes de quem apenas busca um certificado e mais nada.

Argullol foi mais além. Afirma que os professores se sentem ofendidos com o desinteresse e que os identificavam como o grupo social com menos interesse cultural na sociedade.

O que explicaria, de certa forma, que “não lessem a imprensa escrita, a menos que fosse de graça, e que não buscassem livros fora das bibliografias oficiais ou não frequentassem conferências que não rendessem créditos para a aprovação”.

A opção pela ignorância está ganhando espaço em nossa sociedade e isso parece não constranger ninguém. Está passando despercebido por nossos gestores e nossos administradores.

E não é necessário fazer um estudo aprofundado sobre o assunto. É só tentar assistir a uma aula em uma faculdade privada qualquer na Grande São Paulo ou tentar acompanhar uma entrevista de emprego em uma empresa ou agência de empregos. O nível rasteiro é assustador.

Desvalorizar o conhecimento e a informação é a melhor forma de abortar o futuro – qualquer futuro.

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