Pedaladas imprudentes
O sábado 7 de novembro parecia um feriado na Grande São Paulo. O calor era desértico e desumano e havia poucos seres humanos nas ruas dispostos a enfrentar a temperatura infernal.
Um destes poucos seres era um ciclista de camiseta regata azul e bermuda branca, pedalando um modelo antigo, detonado e descascado, exalando imprudência e arrogância.
Ignorou solenemente o semáforo fechado na rua Catequese, em Santo André: avançou em plena contramão como que desdenhando do movimentado cruzamento com a rua das Figueiras.
O primeiro automóvel que descia a Figueiras, na faixa da direita, conseguiu frear e desviar. O segundo, que estava na faixa central, não teve tempo. Colidiu com a bicicleta e atirou seu condutor a quase 30 metros de distância. Desacordado, tinha as duas pernas fraturadas e sangue por todo o rosto.
O condutor do automóvel estava em pânico, um rapaz de 30 anos vestido com camisa social e calça preta impecável. Ia a um culto em uma igreja evangélica nas redondezas.
Logo ele foi consolado por pelo menos cinco pessoas, enquanto um carro de resgate dos Bombeiros lavava o ciclista ferido ao Hospital Municipal. As cinco pessoas se prontificaram em eventualmente a testemunhar a favor do motorista, fornecendo nome, telefone de contato e endereço.
Esse motorista teve sorte de ao menos encontrar gente honesta e com discernimento, que claramente entendeu a responsabilidade do ciclista no acidente. Quase nunca isso acontece. Quase sempre a praga do politicamente correto prevalece e os condutores de automóveis são acusados, satanizados e quando não linchados - sejam culpados ou não.
O fato é que, se o Brasil ignora a necessidade de incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte alternativo e a necessidade de construção de ciclovias, também é verdade que os ciclistas desrespeitam deliberadamente as leis de trânsito e se julgam no direito de se arriscar perigosamente no pesado trânsito das grandes regiões metropolitanas.
Ciclistas pedalam sem constrangimento e sem vergonha pelas calçadas, andam na contramão, ignoram semáforos e faixas de pedestres.
Como bicicletas são veículos que não possuem registros nem placas de identificação, seus condutores cometem todo tipo de abuso e de delito e ficam impunes.
Exigem respeito e querem que seus direitos sejam respeitados. Mas se ofendem quando são cobrados quando desrespeitam as leis de trânsito e a boa educação da vida em sociedade. Continuarão a ser massacrados no trânsito pesado. Não tentei e não tentarei mas, por mais que tentasse, não conseguiria ter penas deles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário