A voz inconfundível de Eric Burdon ao vivo
Eric Burdon sempre foi um moleque enfezado naquela Newcastle dos anos 50. Achava que era o mais forte, e não era, mas gritava bastante para seu tamanho médio e nada musculoso.
Sempre gostou de mostrar seus dotes na arquibancada imunda do estádio St. James Park, a casa dos Toons, o Newcastle, tradicional clube de futebol do norte da Inglaterra, mas que tinha ganho seu último campeonato nacional em 1927 – e até hoje está na fila 84 anos depois.
Apaixonado por blues e por soul music fez fama nos botecos e pubs esquecidos de cidades pequenas do norte da Inglaterra e da Escócia, até conhecer o tecladista Alan Price e o guitarrista e baixista Chas Chandler (futuro empresário de Jimi Hendrix). Abismados com a voz rouca e negra daquele branquelo nortista, os dois logo o convidaram para tocar no grupo estavam tentando formar e manter.
Surgia The Animals, uma espécie de Rolling Stones do norte, com fama de encrenqueiros e de blueseiros até a alma – assim como o Them, de Van Morrison, era os Stones de Belfast, Irlanda do Norte. No início era apenas mais uma boa banda de blues do interior. Foram dois anos ralando em troca de cachês irrisórios e cerveja até que decidem partir para Londres, onde tudo acontecia.
E foi lá que o sucesso veio logo após a chegada, em 1964. Muita gente ficou impressionada com aqueles seguidores dos Stones, só que mais puristas, e não demorou para que surgisse um contrato de gravação com uma gravadora média. “House of the Rising Sun”, canção tradicional da Louisiana, ganhou novos arranjos de Price e uma interpretação arrebatadora de Burdon, transformando-se em hit mundial.
A banda, no entanto, era pouco profissional e ninguém tolerava o jeito mandão e cuca fresca de Burdon. Em 1966 os Animals não existiam mais. O vocalista ainda tentou recriar o grupo entre 1967 e 1970, mais como sua banda de apoio do que uma banda em si.
Eric Burdon and The Animals, o novo nome, conseguiu hits importantes, como “Don’t Let Me be Misunderstood” e “San Francisco Nights”, mas não foi suficiente para tirar a sensação de “coisa velha” das costas de Burdon.
A carreira a partir de então foi errática, misturando trabahos solo medianos, bons trabalhos com a banda War e colaborações interessantes com o tecladista Brian Auger e o cantor brasileiro Marcelo Nova, ex-Camisa de Vênus.
Um dos bons momentos da carreira solo acaba de chegar às prateleiras brasileiras. O álbum “In Concert 1974″ (ST2 Records, R$ 25 em média) é uma gravação ao vivo feita na Inglaterra e traz canções como “Stop”, “When I Was Young” e “It’s My Life”, entre outros.
Um dos destaques fica por conta de sua versão viajante e repleta de improvisos para o clássico “The House Of The Rising Sun”. O vozeirão está lá, assim como a performance bombástica. Para quem gota de blues energético, é obrigatório.
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