Metal nacional: mais uma campanha, mas cadê o público?
O programa de TV Stay Heavy é um oásis de inteligência e bom gosto dentro das pouquíssimas opções de para quem gosta de rock no rádio e nas emissoras de televisão. Com um grande respaldo da revista Roadie Crew, faz entrevistas ao vivo com bandas nacionais e internacionais e tem dois apresentadores que entendem do assunto, Vinícius Neves e Cíntia diniz, que escrevem uma página mensal na citada revista.
Na última edição da Roadie Crew, a do mês de fevereiro de 2011, Cíntia e Neves defendem a volta de uma campanha lançada em 2006. “Eu Apoio o Metal Nacional” , iniciada pela magnífica banda Scars (por onde anda?) virou um adesivo que teve grande adesão naquela época, muita gente colou nos carros – eu inclusive -, mas a alegria durou pouco. Hoje a pasmaceira é pior do que há cinco anos.
Pois a dupla prega a volta da campanha, em apoio velado a Thiago Bianchi, vocalista do Shaman e produtor, que divulgou recentemente duas cartas abertas reclamando da falta de apoio às bandas nacionais. Critiquei o conteúdo das cartas e chamei os textos de choradeira.
A iniciativa do Stay Heavy tem o mérito de ser uma iniciativa em uma área em que pouca coisa acontece em comparação aos anos 80 e 90. Pelo menos alguém está se mexendo e procurando alternativas para melhorar a cena. A direção, no entanto, me parece equivocada, assim como Bianchi.
Culpar o público (ou a falta de) não vai levar a nada. É transferir a responsabilidade. E infelizmente o Stay Heavy ca nessa armadilha – ou parece não querer enxergar o que está acontecendo.
Por que o público prefere as bandas internacionais, qe estão vindo às pencas desde 2005 ao Brasil, aos shows de bandas nacionais? Essa é a resposta que precisa ser obtida. O que o público quer? Por que o público não assiste a um show do Shaman, mas gasta R$ 300 para ver Iron Maiden.
Ora, o Shaman toca com muita frequência no Brasil, o que não ocorre na mesma proporção do Iron Maiden. Logo, é uma questão lógica, a atração internacional é realmente um evento esperado e celebrado. Mas isso não explica totalmente a questão.
Por que o Hangar consegue um público bom com seus workshows? Por que o Holiness tem conseguido levar om público nos shows em São Paulo? Tudo bem, a vocalista Stéfanie Schirmbeck é muito bonita, mas isso nã sistenta uma banda de heavy metal se não for boa.
As bandas precisam trabalhar e melhorar. Se já trabalham muito, como por exemplo o Korzus, precisam trabalhar mais, correr mais, ralar mais. O Korzus, aliás, é exemplo desde que surgiu, há mais de 25 anos. Talvez seja a banda brasileira de metal que mais trabalhe.
E há recompensas, pois o novo álbum, “Discipline of Hate”, é maravilhoso e está repercutindo muito bem no Brasil e no exterior. O Korzus não tem o tamanho do Krisiun, infelizmente, mas tem uma trajetória digna e respeitosa.
Portanto, a cena metaleira brasileira precisa de muito mais do que adesivos de campanha para conquistar as mentes e as almas dos amantes do rock atual e reconquistar os metaleiros de sempre.
Vou apoiar a campanha “Eu Apoio o Metal Nacional”, vou arranjar o adesivo e colar no carro e abrir espaço no Combate Rock. Mas isso é só o começo. Bandas e profissionais do segmento precisam reavaliar seus trabalhos. Porém, antes de mais nada, têm de descobrir porque o público sumiu dos shows.
P.S.: O Stay Heavy é transmitido por TV aberta, por TV a cabo e pela internet. O programa teve seu início em outubro de 2003 pela webTV allTV. Em outubro de 2005 fez sua estreia em TV aberta, na Rede NGT. Desde então o programa está formando sua própria rede de transmissão na TV a cabo e em emissoras abertas em outras regiões do país, por meio de acordos com emissoras locais para retransmissão do programa. Também pode ser assistido a qualquer momento na internet pelo portal de conteúdo musical www.ShowLivre.com. Há também o canal do Stay Heavy no YouTube www.youtube.com) onde são disponibilizados os programas que vão ao ar na TV. Mais informações em www.stayheavy.com.
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