Angra x axé: a polêmica em cima do nada
A imprensa pouco afeita a assuntos relativos a rock e heavy metal fez um carnaval na última quarta-feira com a informação de que Kiko Loureiro um dos guitarristas da banda Angra, acusou uma banda baiana de axé, o Parangolé, de plágio. Muita espuma e pouco conteúdo.
Na verdade não houve acusação alguma, tanto que nada vai acontecer, como o próprio Loureiro afirmou ao Jornal da Globo, daquele mesmo dia, em entrevista corrida em um saguão de aeroporto.
“É uma coisa chata, nem é por nada, nem vamos levar isso para a frente. Mas não custava nada ter dado uma ligada, dado uma satisfação, ou até mesmo pedido autorização. Encararíamos numa boa e, de certa forma, seria até uma cortesia de nossa parte”, afirmou o guitarrista.
Então, cadê a acusação? Não existiu. Loureiro apenas fez um desabafo, revelou uma chateação, mais nada. Ação judicial? Até agora não se falou do assunto. Até onde o Combate Rock pôde se aprofundar, Loureiro e a banda Angra devem deixar o assunto de lado, pelo menos até o momento.
A atual formação do Angra: Loureiro é o último da esq. para a dir.
Entretanto, Kiko Loureiro foi menos polido em suas mensagens na rede social Twitter, reproduzidas pelo portal G1: “Temos que nos conformar com a nova era do creative commons e tals. Eu concordo, mas só não queria que começasse pelo Parangolé… Os caras querem zoar geral… Que vergonha! ‘Tomba ae Tomba’. Absurdo! Cara de pau! Que feio os parangolés roubando músicas dos outros.”
Na mesma reportagem do Jornal da Globo, da última quarta-feira, André Merenda, diretor musical da banda Parangolé, confirmou que realmente houve uma “inspiração” dos compositores do grupo, que estavam compondo em um estúdio quando escutaram um outro músico, no mesmo estabelecimento, executando partes da música “Nova Era”, que está no CD “Rebirth”, do Angra. Portanto, os músicos do Parangolé usaram sim um trecho da música metal na faixa “Azevixe”, lançada pelos baianos em 2007.
Seja como for, é um caso chato de apropriação de contepudo musical sem a menor preocupação de pedir autorização ou ao menos de dar crédito aos verdadeiros autores – não que seja o caso, pois provavelmente o Angra dispensaria ter seu nome associado a tamanha porcaria musical/cultural.
Mas é importante que a questão seja discutida e venha à tona para que a questão dos direitos autorais, do plágio e da prirataria voltem a ser discutidas de forma série e ampla.
Sobre a questão em si, não é de se surpreender que gente de segmentos musicais mais populares não se preocupem com esse tipo de circunstâncias e recorram a expedientes desagradáveis sem ao menos corar de vergonha. A pouca ou nenhuma qualidade de seus trabalhos falam por si.
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