Tolerância às vezes também é crime
"Pirataria é crime, mas é menos crime do que outros", dizem alguns; para estes, não passaria de uma “contravenção”. É isso o que concluo ao ler alguns comentários e ouvir a opinião de amigos sobre o meu artigo anterior, “Seu filme favorito por R$ 1”.
A tolerância para a quebra da lei no caso de CDs, DVDs, livros e outros objetos de cultura é preocupante, para não dizer nojenta.
Justificar e apoiar a prática de crimes por conta do alto preço cobrado pela indústria é falsear a verdade e esconder a tibieza moral e a deformação ética de caráter. Não condiz com as regras de uma sociedade civilizada e democrática.
Tolerar a pirataria é o mesmo que não ligar para os furtos em supermercados, em lojas, em qualquer lugar. É achar normal a corrupção, e acreditar que o “jeitinho” brasileiro é uma arte, que a malandragem é um recurso aceitável na vida cotidiana e que prejudicar os outros faz parte da vida.
O argumento de que o trabalhador não tem dinheiro pagar R$ 30 por um CD ou um DVD - por isso apela para o produto pirata - não cola. É um argumento rasteiro e sem-vergonha.
Por esse mesmo raciocínio, o trabalhador também não tem dinheiro para comprar um carro de valor alto, por isso é legítimo que roube ou incentive a construção de uma cópia mais barata, mas de péssima qualidade e que não paga imposto. Se o trabalhador não tem dinheiro para comprar, que não compre. Ou junte dinheiro para comprar.
O comércio ilegal de cópias de produtos culturais nos centros de São Bernardo, Santo André, São Paulo, Diadema e Mauá é mais do que inaceitável, é ultrajante.
A consequência da proliferação da pirataria para a indústria e a economia é a mesma dos efeitos da concorrência desleal dos produtos chineses de péssima qualidade: devastação de parte da indústria local e perda de milhares de empregos.
Pergunte aos calçadistas desempregados de Franca ou aos funcionários sem emprego da indústria têxtil de Americana ou Santa Bárbara o que acham dos produtos chineses...
Entre os que “defendem” a pirataria estão muitas pessoas que bradam contra a “concorrência desleal” das coisas “made in China”. Ou isso é falta total de informação ou má-fé.
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