quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Uma nova ordem mundial?


Está circulando na internet um interessante vídeo de futurologia sobre como a comunicação global evoluirá nos próximos 20 anos. Está no YouTube, no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=5SJup6CGiO4. A tese central de Prometeus, o nome do vídeo, é a convergência total de mídias e meios de comunicação, com o surgimento do "prosumor", uma espécie de consumidor que também é produtor de conteúdo.

Cabecismos à parte, a tese é interessante, embora sua base teórica ainda seja frágil. E é claro que tem um viés esquerdista, e dos mais retrógrados - eis o paradoxo. Apresenta os meios de comunicação atual como vilões da humanidade e fadasos ao desaparecimento, como jornais, revistas e emissoras de TV vinculadas a grandes grupos de negócios.

O pior de tudo, entretanto, é a ênfase na "liberdade total" de escolha de conteúdo, informação e expressão, como se nós hoje fôssemos completamente impedidos de acessarmos o que queremos - ao menos no Ocidente democrático.

O paradoxo é que o vídeo termina com a previsão de que existirão poucos grupos realmente globais e mundiais produtores de conteúdo total, hegemônicos - Google comprará a Microsoft, Amazon comprará o Yahoo e a BBC será a grande empresa europeia - ou seja, o mundo da informação caminha para o monopólio...

Essa "liberdade total" de expressão pregada pelo autor do vídeo e da tese coroa o trabalho com a estapafúrdia tese de que "direitos autorais" são ilegais, ou seja, prega abertamente o crime de fraude intelectual. Defende os atuais pirateadores de programas de computador, os baixadores de arquivos musicais e literários e afirma que no futuro os direitos autorais é que serão considerados um crime.

A apologia criminosa contra o copyright é um perigo, pois tgraz a gênese do suposto socialismo total nas ideias, com o equivocado conceito de que o conhecimento tem de ser livre para todos e disseminado sem restrições.

Ora, mas esse é um dos pressupostos do conceito de direito autoral no mundo democrático. Entretanto, como em qualquer sociedade civilizada e avançada, o copyright é uma regulação e uma garantia de que o conteúdo será disciplinado e distribuído de acordo com certas regras, respeitando o trabalho do autor.

A quebra total de patentes e direitos autorais éum câncer que é defendido por gente de bem e por vagabundos preguiçosos que nada mais são do que sanguessugas que se aproveitam do trabalho alheio de quem realmente trabalha e pensa.

Aliás, os sanguessugas são a maioria, é o mesmo tip0o de gente nojenta que xeroca livros na biblioteca e copia ilegalmente arquivos, programas e músicas. Alegam que não têm dinheiro para comprar "livros caros", mas sempre têm dinheiro para gastar na balada do fim de semana,para viajar à praia e eventualmente comprar drogas. Mas gastar com livros, para quê? Está fácil ali, de graça... É esse tipo de preguiçoso que compõe a maioria dos que defendem a quebra das patentes e direitos autorais.

É bom lembrar que o sistema de patentes e direitos autorais é o que a produção intelectual/cultural/empresarial do mundo. Assim como a democracia é um sistema político muito ruim, mas que ainda é o melhor que já foi inventado, o capitalismo é um péssimo sistema econômico, mas é de longe o melhor que existe.

E, ao contrário do que pregam seus detratores, possui mecanismos para coibir abusos em qualquer setor. A questão é vontade política para coibir os abusos. Não foi por outro motivo que o Brasil conseguiu quebrar as patentes dos remédios contra a Aids, numa homérica briga contra os laboratórios internacionais. Foi o típico caso de abuso dentro do capitalismo. Laboratórios infames querendo lucrar alto com os doentes de Terceiro Mundo.

Não quero eliminar o direito de os laboratórios de serem remunerados por suas inovações e criações - afinal, esse lucro precisa ser reinvestido para que novas técnicas novos remédios, novos produtos e novos inventos surjam. E o Brasil não se recusou a pagar pelas patentes, apenas queria um preço justo e honesto pelos remédios contra a Aids.

Os laboratórios internacionais pagaram para ver e perderam. A posição brasileira foi elogiada em todo o mundo e ajudou a disseminar o programa nacional de atendimento às vítimas em todo mundo.

Quebrar indiscriminadamente patentes e direitos autorais não interessam à sociedade, mas somente aos teóricos do caos e do consumo fácil e sem custo algum. Para eles, o trabalho intelectual é de segunda classe. É extremamente perigoso que esse conceito se torne hegemônico no futuro.

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