segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Quem vai salvar os empregos?


Um mês de 2009 e a crise econômica promete não dar tréguas aos prefeitos que assumiram em janeiro. Se por um lado o ABCD teve a menor taxa de desemprego de sua história em dezembro, segundo a Fundação Seade, o horizonte está com nuvens pesadas para uma tempestade que promete ser longa.

Enquanto o governo federal arregaça as mangas e luta para dar incentivos ao consumo e a uma produção industrial em franca desaceleração, o governo do Estado ainda se mostra tímido. O governador José Serra (PSDB) anuncia um pacote de obras de recuperação de estradas que já estava programado - copmo se isso fosse suficiente para compensar a perda progressiva de postos de trabalho na indústria.

Uma questão que surge neste momento: o que os municípios podem fazer para amenizar os estragos da crise e segurar empregos industriais? Por mais que se tente imaginar soluções milagrosas, o fato é que os novos prefeitos terão de conviver com um período de turbulências que vai se refletir rapidamente na arrecadação de impostos.

Alguns economistas radicais neoliberais - sim, eles existem - sugerem até que os municípios retomema política de alívio fiscal, numa postura tão irresponsável quanto esdrúxula. Abrir mão de receitas fixas neste momento é alimentar uma planta carnívora, que nada dá em troca.

Os exemplos macroeconômicos são claros: o governo federal diminuiu o valor compulsório recolhido pelo Banco Central nos bancos e estes ignoraram os apelos de baixar os juros, mesmo em tempos de taxa Seelic - a taxa básisca da economia - em queda.

É o spread bancário (taxa de risco que é cobrada em cada operação de empréstimo), dizem os sabujos da Febraban, a associação dos bancos. O oportunismo nojento é claro: ao afirmar que ainda é alto o risco de calote no Brasil, os banqueiros jogam no lixo todos os avanços monetários e fiscais que o país conseguiu desde a década passada, e mais ainda a partir do governo Lula, em 2003.

Já as indústriais receberam dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e redução de alíquotas de impostos - necessárias, de qualquer forma, com ou sem crise.

Mesmo assim, não tiveram vergonha de acelerar as demissões em todos os ramos. E ainda reclamam de quem sugere condicionar a concessão de crédito e incentivos fiscais à manutenção do nível de emprego.

A lamentar apenas a falta de medidas drásticas e duras do governo federal para conter esse movimento destruidor de empregos mesmo recebendo benefícios. Já o governo estadual simplesmente ignora a questão.

Diante de um quadro desolador e cínico, como sugerir aos municípios que abram mão de receitas futuras para "ajudar" empresas em dificuldades, se estas mesmas se recusam a se comprometer em manter o nível de emprego?

Apesar da dificuldade de encontrar soluções viáveis, ainda assim está faltando debate na região. Onde estão as associações comerciais e os Ciesps (Centros da Indústria do Estado de São Paulo)? E os vereadores, será conitnuam mais preocupados com seus quintais? Será que vão se preocupar somente com as miudezas das intrigas e briguinhas por cargos em comissões ou para mostrar poderzinho em votações de regimento interno?

Mais uma vez será a imprensa a estimular e criar um debate de alto nível sobre o futuro do emprego no ABCD. E quando digo imprensa me refiro aos veículos comprometidos com a região, como o ABCD Maior, desde o primeiro dia de sua existência. Já outros, com décadas de existência, ignoram deliberadamente o assunto - comportamento histórico, diga-se de passagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário