Espaço coordenado pelo jornalista paulistano Marcelo Moreira para trocas de idéias, de preferência estapafúrdias, e preferencialmente sobre música, esportes, política e economia, com muita pretensão e indignação.
terça-feira, novembro 08, 2011
Projeto que reuniu Jimmy Page com o Yes há 30 anos pode sair do baú
Todo mundo está negando, mas não se surpreenda se nos próximos meses aparecer no mercado um CD com gravações da banda XYZ. O projeto, abortado no começo de 1982, era uma mistura de Led Zeppelin e Yes. Jimmy Page era o guitarrista, Chris Squire, o baixista e vocalista, e Alan White, o baterista.
Em entrevista à Classic Rock Magazine no ano passado, o baixista do Yes, Chris Squire, revelou que ele e o baterista Alan White quase formaram a cozinha de um grupo com Jimmy Page e Robert Plant após a morte de John Bonham. O Led Zeppelin havia acabado em dezembro de 1980 e o Yes, no começo de 1981.
“Um dia, Page me ligou, falando que não podia mais ficar parado, sem fazer nada. Então, pediu que eu e Alan fôssemos até ele, só para ver se poderíamos fazer alguma música juntos. Obviamente, ele ainda estava devastado. Passamos um tempo por lá e surgiram rumores que Plant iria se juntar a nós. Mas ele mandou recado dizendo que ainda não pensava em formar um novo grupo. Se tivesse aparecido, tenho certeza que teria acontecido”, disse Squire.
Em recente passagem do Yes pelo Brasil, um jornalista paulistano perguntou ao baixista sobre os tapes e sobras de estúdio perdidos do XYZ, cujos fragmentos circulam em gravações ruins pela internet. Squire deu uma risada sem graça e desconversou, dizendo que aquilo não passou de meras jam sessions.
Em outra entrevista, agora neste ano a uma rádio inglesa, o baixista do Yes negou qualquer tenativa de resgatar as gravações. “Jimmy (Page) precisaria dar o seu aval, e duvido que dê. Aliás, antes de mais nada, os tapes precisam ser achados.” Alguns sites musicais da Inglaterra andaram informando também que representantes de Page negaram qualquer possibilidade de lançamento dos tapes.
O fato é que as sessões na casa de Page não foram “apenas isso”. Havia realmente a intenção de criar uma banda nova, misturando o peso do Led com o virtuosismo do Yes. Desde aquelas sessões de fevereiro de 1981, o trio sabia que Robert Plant não participaria. Na verdade, o convite nunca foi levado a sério.
Page lembrou de Paul Rodgers, do Bad Company, que estava atritado com seus companheiros de grupo – sairia em 1982 para uma carreira solo e depois cantar no The Firm, com o próprio Page. O cantor nem chegou a ser consultado. Enquanto discutiam se chamavam Plant ou não, mas de forma incisiva, Squire assumiu os vocais. Não ficou bom.
O que se sabe é que as sessões na casa de Page, na Inglaterra, renderam ao menos quatro esboços de músicas, sem nomes e sem letras. Apareceram pela primeira vez em um bootleg em 1987, editado em vinil na Inglaterra com o nome de “After de Crash”. Trazia apenas as quatro músicas.
Em 1996 reapareceu em CD na Itália, trazendo como complemento sobras de estúdio das gravações de “Shake ‘n Stirred”, álbum de Robert Plant lançado em 1985.
Pelo que se ouve nestas gravações, realmente não dá para transformá-las em algo comercial, mesmo que seja apenas e tão somente para colecionadores. Existem coisas melhores, mais bem gravadas? Ninguém diz, ninguém confirma, e os próprios envolvidos parecem não levar a sério essa questão. Algums versões piratas trazem músicas com supostos nomes, como “Mind Drive”, “Can You See” e “Telephone Secrets”.
Entretanto, já se viu coisa semelhante no mercado: quando se menos espera, aparece uma nova versão de alguma coisa que muita gente imaginava não existir – como uma famosa gravação de um show do Asia em 1983 no Japão com Greg Lake substituindo John Wetton no baixo e nos vocais. No começo dos anos 2000 circulou um CD nas lojs virtuais contendo essa gravação do Asia, editada por um selo inglês, mas que nunca foi reeditada e que não contou com o apoio de nenhum interante da banda.
Enquanto o trio não se decidia o que faria, Jimmy Page tornou-se compositor de trilhas para o cinema e assinou a de “Death Wish II”, de 1982, estrelado por Charles Bronson – no Brasil teve o título de “Desejo de Matar”.
Squire e White, decepcionados com o fracasso do XYZ, realizaram jam sessions com um jovem talentoso guitarrista de estúdio, o sul-africano Trevor Rabin, que tinha gravado dois LPs de música pop em sua terra natal. Era o final do primeiro semestre de 1982 quando o baixista reencontrou o antigo amigo Tony Kaye, que fora tecladista do Yes nos três primeiros álbuns da banda, sendo demitido em 1971 para dar lugar a Rick Wakeman.
Feito o convite, Kaye participou de algumas sessões de estúdio com o trio e aceitou se tornar membro da banda, que se chamaria Cinema por um curto período, sendo que os vocais seriam divididos por Rabin e Squire.
O álbum de estreia estava quase pronto no fim de 1982 quando o ex-vocalista do Yes Jon Anderson visitou o quarteto em Los Angeles e ficou maravilhado com o material que ouviu, ainda em estado bruto.
Duas semanas após essa visita o empresário de Anderson propõe um retorno do Yes, que tinha parado em 1981, com o vocalista se integrando ao quarteto Cinema. Proposta aceita, o Yes ressurgiu com álbum “90125″, um enorme sucesso puxado pelo hit “Owner of a Lonely Heart”. Essa formação – Anderson, Squire, Rabin, Kaye e White – durou até 1994.
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