Espaço coordenado pelo jornalista paulistano Marcelo Moreira para trocas de idéias, de preferência estapafúrdias, e preferencialmente sobre música, esportes, política e economia, com muita pretensão e indignação.
terça-feira, novembro 01, 2011
Agressor de Monalisa Perrone é “muito politizado” e sustentado pela mamãe
Flavio Morgenstern
O portal iG entrevistou o futuro do Brasil – o rapaz que invadiu o link da Globo transmitido ao vivo e agrediu pelas costas, praticamente com uma chave de jiu-jitsu, a repórter Monalisa Perrone, que passava informações justamente sobre o estado de saúde do ex-presidente Lula. O futuro do Brasil tem a cara que segue:
Eu sou você amanhã.
O meninão é militante do movimento Acampa Sampa. Sabe-se que o país chegou ao fundo do poço quando ninguém faz nada contra ONGs com nomes que rimam. 26 anos de Ministério da Cultura e ninguém pra pensar nas criancinhas. Diz o meliante, identificado como Thiago de Carvalho Cunha, que o movimento não tem nada a ver com seu ato, que foi pessoal:
“Na verdade, foi uma ação independente e individual. Um amigo meu, que tem um canal no Youtube, me avisou que a Globo estaria lá. Escolhi a Globo de propósito porque tinha a Rede TV!, o SBT e a Record. Escolhi a Globo porque teria mais visibilidade. A Globo nasceu na época da ditadura e manipula as pessoas. Quero provar para as pessoas que todo mundo tem voz.”
A Globo nasceu na época da ditadura, entenderam? O Chico Buarque também. O núcleo que viraria o PT também é dessas épocas. Aliás, até os Beatles são da época da ditadura. Quero saber se o futuro do país agrediria todos pelas costas. E se quer provar que todos têm voz, por que a sua se resume a algo próximo de um “Ya!” de karetè. Ademais, para conhecer tão bem a programação da Globo, indaga-se seriamente se o que o gênio faz nas horas NÃO-vagas.
Ele afirma que sua intenção era apenas divulgar o curta-metragem que está escrevendo, “Merda no Ventilador”. “Só queria divulgar o filme, não queria falar nada demais”, afirma.
Eu também estou só tentando divulgar um filme que estou escrevendo. Chama-se “O Que Aconteceria Se O Exterminador do Futuro Fosse Mandado ao Passado e Matasse Seu Próprio Avô Antes de Engravidar Sua Avó”. Ainda não terminei de escrever, e o estúdio do James Cameron ainda não aprovou de todo o roteiro, mas quero divulgá-lo também. Posso invadir o programa do PCO (que não nasceu na época da ditadura e nem manipula ninguém) e, numa chave de braço pelas costas em alguma repórter, divulgá-lo, nada demais?
Sobre a possibilidade de Monalisa registrar um boletim de ocorrência, Thiago não demonstrou arrependimento. “Eu não tenho medo, eu não quero dinheiro. Eu quero mesmo que ela faça o boletim de ocorrência e que venha a Polícia Federal agora me pegar”.
Existia uma excelente comunidade no orkut chamada “Sonho liderar turba enfurecida”. De fato, é o sonho de toda a esquerda. Mas por que isso me lembra a FFLCH, em que armam uma porradaria pra PM, só para ela ser obrigada a pedir reforços, e depois reclamarem que houve “repressão” por parte da polícia? Se afirmamos isso, somos considerados conspiracionistas. Mas quando um intelectual de alto gabarito como o Thiago de Carvalho Cunha afirma que quer mesmo é que a Polícia Federal o torne um “perseguido político”, ninguém lembra de que já afirmamos que esse é o modus operandi desse tipo de militonto. Ainda resta dúvida?
Ele ainda afirmou que não agrediu a jornalista, mas se disse agredido. O militante contou que os seguranças fizeram um cordão de isolamento e começaram a agredir os rapazes. Quando eles conseguiram se livrar, apareceram em frente à TV. “Se a Globo quiser me processar, temos uma equipe de 40 advogados apoiando o movimento”, afirmou Thiago. Apesar de citar os advogados do movimento para sua defesa pessoal, ele ressalta mais uma vez que sua atitude foi em causa própria.
Ignorando as contradições com os advogados, isso só completa o modus operandi do que rola na pancadaria dos maconheiros da USP. Você vê que fizeram um cordão de isolamento para filmar algo (nada mais natural, se é que fizeram mesmo). Vai lá e tenta furá-lo. Quando tentam te impedir, diz que você é que “foi agredido”. É como impedir PM de levar pra delegacia pra autuar 3 maconheiros (ou seja, para impedir que os policiais os fichem, liguem pra mamãe e pro papai pra avisar que o menino gênio da família que passou na USP estava era fumando bagulho com os amiguinhos no carrão que deram de presente pra ele e depois liberem os 3 como se nada tivesse ocorrido) e, depois que a PM chama reforços para conseguir levar os 3 para a delegacia, dizer que “foram agredidos”. Por que o futuro Emir Sader não vai pra delegacia prestar B.O. se está se dizendo vítima de agressão? O que o impediria?
Nem mesmo o iG, um portal rigorosamente governista (e envolvido em umas muitas e boas maracutaias), teve falta de vergonha na cara pra dar uma de Record tentando agredir a Globo:
Não foi bem o que testemunhou a reportagem do iG, presente no local para cobrir o primeiro dia do tratamento do ex-presidente Lula. O repórter afirma que o que ele viu foi uma agressão covarde de dois homens contra uma mulher, e pelas costas. Segundo relato, o amigo dele (de Thiago) deu uma joelhada nas costas da repórter numa atitude violenta, sem que ninguém os tivesse cercado, ameaçado ou encostado um dedo neles. Eles agrediram a Monalisa e saíram correndo.
Ou seja: aquela imagem que vemos, de dois grandalhões aparecendo correndo de longe (depois de passar por um “cordão de isolamento”?) e derrubando uma repórter pelas costas são… dois grandalhões aparecendo correndo de longe e derrubando uma repórter pelas costas.
Cadê o movimento feminista nessas horas? Quando afirmei que feminismo é apenas uma vertente radicalíssima do marxismo, e não “defesa das mulheres”, reclamaram. Pois até agora as feministas padrão da blogosfera não se pronunciaram a favor da mulher agredida com uma joelhada nas costas. Lola Aronovich, uma espécie de porta-voz da ala radical do movimento radical na internet, está preocupada com fantasias de Halloween de Sex Shop. Não faz mal: quando Polanski dopou e estuprou anal e vaginalmente uma menina de 13 anos, sua grande preocupação foi defender… Polanski, ainda lembrando que só o defende porque ele é um bom cineasta (a mesma que também defende o espanca-mulheres Netinho de Paula só porque é negro e do PC do B). O Túlio Vianna, aquele fala mal do Estadão 2 tweets depois de divulgar seu texto no mesmo jornal, que dá apoio a maconheiros da USP contra a “repressão” da PM, que acha que mulher tirar foto de lingerie é machismo, mas acha que seqüestrar, estuprar até destruir o corpo e matar degolada por faca é apenas luta de classes, também ainda não defendeu a repórter agredida, afinal, se trabalha para a Globo, tem mais é que tomar porrada, mesmo.
Segue a conclusão do delinqüente:
Responsável pelo Comitê de Arte e Cultura do Movimento Acampa Sampa, Thiago, que largou a faculdade de Psicologia no primeiro ano, informou que o movimento é pacífico e politizado. “Sou muito politizado, tenho 23 anos e, no momento, sou sustentado pela minha mãe”.
“Comitê de Arte e Cultura” costuma significar “Comitê Para Pedir Dinheiro do Governo e Dar Para Vagabundo Torrar em Filmes Chamados ‘Merda no Ventilador’”. Nenhum Shakespeare, nenhum Kubrick, nenhum Heidegger, nenhum El Greco saiu de um “Comitê de Arte e Cultura”.
Mas então o rapaz tem o despautério de afirmar sem papas na língua que é “muito politizado” (o que é isso? O Maluf também não é “muito politizado”?!), e atira as fauces do incréu leitor que largou a faculdade para ser sustentado pela mamãe?! Corre o sério risco de virar muso dos blogueiros progressistas – esses odeiam “burguês”, mas só o que trabalha e é obrigado a ir de ônibus pra faculdade. Se largar o trabalho para virar guerrilheiro que dá porrada em mulheres que trabalham pra Globo, vira ídolo.
E que raio de história é essa de “acampar” ser sinal de maturidade e atividade política? Se me confirmarem a regra, vou voltar a dormir para tentar conseguir meu doutorado.
Inicio imediatamente uma campanha para que essa sumidade da Filosofia seja admitido na FFLCH mesmo sem prestar Vestibular. O país precisa de cultura.
Flavio Morgenstern é redator, tradutor e analista de mídia. Nunca viu os filmes que a Petrobras financia por aí. É seu segredo pra ter QI acima da média. No Twitter, @flaviomorgen
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