sexta-feira, julho 29, 2011

Los Hermanos: entre o pedantismo e a quase irrelevência


Assim como a Legião Urbana, a banda carioca Los Hermanos sempre mereceu um tratamento diferenciado e laudatório por grande parte da imprensa especializada. Algum desavisado ou mesmo desinformado cometeu o disparate de dizer que a banda dos barbudinhos tinha o mesmo peso da Legião para os fãs dos anos 2000. E muita gente acreditou nisso.

Los Hermanos acabou, mas vive ameaçando voltar e nos aterrorizar com "Anna Júlia". De vez em vez a banda se reúne para shows esporádicos. Mas seus integrantes nçao nos deixam em paz. Rodrigo Amarante decidiu formar o Little Joy com o baterista do intragável Strokes e uma cantora americana ruim.

Marcelo Camelo se travestiu de bardo e já lançou dois CDs solo misturando a melancolia chatíssima de seu pop insosso com o pior da MPB cafona. Parece que é impossível para os ex-integrantes da banda se livrarem da síndrome de Renato Russo.

Não bastasse o pop rock ruim,as letras pseudoromânticas de gosto duvidoso e os "cabecismos" quase indecifráveis de algumas músicas, ainda temos de aguentar a pose de intelectuais de tais músicos, como se pode perceber na inacreditável entrevista de Camelo à Rolling Stone Brasil de abril (com Ronaldinho Gaúcho na capa).

O cantor desfila uma série de citações cabeçudas para mostrar sapiência e intelectualidade, e posa de intelectual incompreendido e sensível, "em busca da arte perfeita e do som puro", seja lá o que isso for.

Apesar da qualidade sofrível do pop rock do Los Hermanos, tanto Camelo e Amarante eram músicos diferenciados quando davam entrevistas. Nem um pouco deslumbrados quando estouraram com a indefectível "Anna Júlia", falavam com segurança e desprendimento aos jornalistas, mostrando que tinham referências, que tinham algum conteúdo, fugindo da terra arrasada que era a seara intelctual do rock brasileiro no final dos anos 90 e começo dos anos 2000.

Enfim, mostravam-se artistas diferentes, com ideias e coisas interessantes para falar, mes mo que o primeiro CD não fosse lá essas coisas, para ser generoso. O sucesso fez mal aos garotos que queriam ser emos antes mesmo do surgimento destes.

As misturebas de pop rock com MPB e samba confundiram os fãs e não levaram a banda a lugar algum. Apesar disso, o tom das entrevistas mudou, com a complacência de parte expressiva da imprensa embasbacada. O pseudointelectualismo começou a dominar as conversas, e os integrantes da banda realmente acharam que estavam fazendo um trabalho musical revolucionário, quando na verdade era o contrário.

A implosão do grupo não foi suficiente para amenizar os discursos fora de contexto e de ordem, em um momento em que se valoriza cada vez mais a simplicidade.

Não escutei o último trabalho de Marcelo Camelo, "Toque Dela", e não pretendo escutar, pois não tenho interesse no gênero muscial praticado por ele. O que já escutei de Los Hermanos na vida foi o suficiente para me afastar de qualquer trabalho de seus integrantes.

Mas é chato constatar hoje que as entrevistas de artistas que ao menos tinham alguma coisa a dizer no passado hoje nada mais são do que reflexos diretos do pedantismo que dominou parte expressiva dos trabalhos dos Los Hermanos.

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