Insanidade tributária
De tempos em tempos emergem na imprensa alternativa expoentes da extrema esquerda resgatando conceitos há muito em desuso, esquecidas das páginas dos principais veículos.
Nada contra o ressurgimento desses personagens, até porque quanto mais debate, melhor. O que me espanta e me preocupa é a disseminação de conceitos equivocados e erros cometidos em excesso ao longo da história, mas que, para alguns desavisados, acabam se tornando “verdade histórica”. São conceitos, em sua maioria, fora de moda e enterrados pela história.
Na atual edição impressa do ABCD Maior temos na página 2 um artigo assinado pelo jornalista Altamiro Borges, que é filiado ao PCdoB e editor de vários veículos de esquerda.
Não o conheço pessoalmente, mas sei que é um profissional capaz e inteligente, mas é evidente que a ideologia e a militância contaminam seus textos - o que não os invalida.
Ele defende em seu artigo que a carga tributária brasileira não é excessiva e defende com veemência a implantação imediata do Imposto sobre Grandes Fortunas, em especial nos termos observados no projeto da deputada federal Luciana Genro (PSOL-RS).
O texto é equivocado do começo ao fim, e custo a crer que Borges seja desinformado ao ponto de querer fazer o leitor crer que o brasileiro paga pouco imposto e que o esquema atual em vigor é injusto porque não taxa como deveria taxar parte da sociedade. Sim, por incrível que pareça, o jornalista do PCdoB escreveu isso.
Não há tese, texto, estudo ou numeralha com alguma credibilidade que sustente o que prega Altamiro Borges. E a realidade é a primeira a derrubá-lo.
É só fazer uma rápida consulta a qualquer dono de boteco que circunde a casa do jornalista, ou o seu trabalho, para saber o peso da carga tributária brasileira. Se ele preferir, olhe o próprio contracheque, se for assalariado, e observe a quantidade de descontos nos seus vencimentos.
Ignorar a carga tributária monstruosa que recai na cabeça da sociedade não só é insano, como irresponsável. E não adianta usar os adjetivos antiquados de sempre contra os supostos inimigos de sempre - a mídia, a poderosíssima entidade capaz de transformar a realidade no que quiser e de eleger quem quiser…
Carga tributária chegando a 40% e descontrole eterno das contas públicas, em todos os níveis - mais a criação de inúmeros gastos novos por parlamentares igualmente irresponsáveis - são uma receita infalível para o retorno da inflação alta e para jogar uma âncora no crescimento do país.
Ironias à parte, defender carga tributária na estratosfera é demonstrar praticamente nenhum conhecimento de economia e contas públicas. É fechar aos olhos para a arrecadação voraz de um Estado que não sabe, não se esforça e se recusa a controlar gastos - e que gasta pessimamente o que arrecada, seja comando pela esquerda ou pela direita.
E nem entro no mérito no imposto para as fortunas, sobre a sua conveniência atualmente. A questão não é essa. Mais imposto numa carga tributária indecente como a brasileira, é ruim para ricos e péssimo para pobres.
Em vez de discutir uma reforma tributária adequada ao século XXI e que não esfole pobres, ricos, classe média, trabalhadores e empresários, parte do pensamento político brasileiro atual defende o indefensável. Continuamos perdendo cada vez mais tempo com isso.
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