A Segunda Guerra Mundial redescoberta
Fazia tempo que a Segunda Guerra Mundial não recebia tanta atenção da literatura como na atualidade. As livrarias brasileiras exibem cinco ótimos títulos recém-lançados e que mostram aspectos muito relevantes do maior conflito da história da humanidade. nenhum deles é genércio ou generalista. Abordam temas específicos, com focos diferentes, interessantes e até inéditos.
"Stalingrado, o Cerco Fatal", de Anthony Beevor, é o mais interessante. Mostra como era a vida cotidiana da cidade soviética arrasada naquela que foi uma das principais batalhas da guerra e uma das mais longas da história. Beevor resgata depoimento de soldados alemães, russos, ucranianos e poloneses que lutaram por oito meses nas ruínas de Stalingrado. A narrativa não mostra táticas nem movimento de tropas, assuntos que pouco interessam os leitores que não são familiarizados com a vida militar
Com riqueza de detalhes, às vezes assustadores, o livro fala das condições desumanas a que foram submetidas as tropas alemães e russas, numa batalha suicida com pífias possibilidades de vitória para ambos os lados. Quando os alemães finalmente capitularam, na primavera européia de 1943, mais de 2 milhões de pessoas haviam morrido na batalha ou em consequência dela. Apesar das baixas e da crueldade de ambos os comandos, Satlingrado representou praticamente o começo da virada dos Aliados contra os nazistas.
"Hiroshima", de John Hersey, sai pela primeira vez em português. O repórter norte-americano Hersey visitou a cidade japonesa vítima da primeira bomba atômica em 1946, quando a cidade ainda sofria os efeitos do ataque. Entrevistou moradores, autoridades japonesas e militares americanos sobre o cotidiano na cidade. Por um bom tempo hersey acompanhou a vida de nove pessoas e conseguiu humanizar a tragédia. O livro considerado um clássico da reportagem mundial.
"História Narrativa da Segunda Guerra Mundial, de John Ray, faz um balanço cronológico dos principais fatos da guerra sem dar muita ênfase aos aspectos militares. Seu mérito é retratar fielmente esses acontecimentos privilegiando o aspecto humano, ou seja, mostrando como a vida européia, principalmente, se transformou num inferno por conta do conflito.
"O Duelo entre Hitler e Churchill", do excelente historiador John Lukács, foi considerado um dos mais brilhantes relatos dos dois primeirtos anos da guerra, ou seja, 1939 e 1940. Misturando fatos militares com os bastidores políticos, o autor mostra um completo panorama de como se desenrolaram as primeiras batalhas navais entre alemães e ingleses, os detalhes de como a Luftwaffe, a força aérea alemã, se preparou e executou os ataques à Inglaterra e como essa resistiu bravamente aos ataques dos aviões. Mostra ainda informações precisas sobre a Operação Barba Roxa, a abortada invasão das ilhas britânicas.
"O Continente Sombrio", de Mark Mazower, relata em tom crítico como a Europa, o berço da civilização moderna e origem disseminadora da tecnologia, pôde, ao mesmo tempo, difundir e estimular a barbárie das guerras mundiais.
Finalmente, "O Segredo de Hitler", de Lothar Machtan, é uma biografia de Hitler que procura desmitificar o líder alemão, enfocando o ser humano, desvendendo a natureza de seus relacionamentos pessoais. O livro sugere, através de fartos indícios, a homossexualidade do líder nazista.